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Jorge de Sena O Fantasma de Camões

Por:   •  2/1/2019  •  Trabalho acadêmico  •  897 Palavras (4 Páginas)  •  173 Visualizações

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Ensaio Crítico acerca do texto “O Fantasma de Camões. Uma entrevista sensacional” de Jorge de Sena

Discente: Bruna Alexandra Martins

Número: 52516

Licenciatura: Estudos Portugueses (3ºano)

        

O presente ensaio que irei desenvolver tem como base o texto “O Fantasma de Camões. Uma entrevista sensacional” que está englobado na antologia de textos O Reino da Estupidez, de Jorge de Sena.

Nesse conjunto de textos, o escritor português dá-nos a conhecer artigos “sobretudo de, digamos, moralidade ou moralismo literário e cultural, com bastante política nas entrelinhas, ou nas linhas”[1], como é o caso “d’O Fantasma de Camões”. Este emprega um tom bastante irónico e, por vezes, iconoclasta pois Jorge de Sena critica sarcasticamente os chamados “profissionais de Camões” e, também, aqueles que julgam deter o monopólio do intelectualismo. Para além disto, o autor cria um encontro fictício com o poeta Luís Vaz de Camões com o intuito de reforçar a crítica implícita e de denunciar uma série de situações.

A primeira parte do texto consiste em evocar, por parte do autor, uma “conferência proferida no Porto (Portugal), em 1948”[2], cujo tema teria sido a Dialética Camoniana. Esta conferência acabou por desencadear uma série de comentários poucos lisonjeiros de uma elite intelectual que acreditava possuir o monopólio interpretativo de Camões, isto sem esquecer os que, de uma maneira ou de outra, interpretaram mal o uso da palavra dialética. Como tal, Jorge de Sena afirma que a própria dialética encontra-se extremamente resumida, não existindo novos pontos de vista diferentes, nem novas abordagens e, os intelectuais, basicamente, estudam o que já foi estudado, não se atrevem a explorar novas perspetivas nem a questionar o que é tido como certo.

Após feitas estas críticas e ironizando os intelectuais por fazerem interpretações superficiais e pouco aprofundadas acerca dos textos do poeta, Sena concebe a sua relação com os textos camonianos como se esta se tratasse de um diálogo na segunda pessoa, no qual interroga Luís de Camões com uma atitude de familiaridade, cuja sua primeira observação recai sobre a estrutura d’Os Lusíadas. É referido, pelo  próprio Jorge de Sena, “que havia, nesta atitude, alguma reacção, meramente instintiva, contra os gramáticos, os programas de ensino secundário, a mania das «influências», os patriotas da língua e da civilização”,  entidades estas, que tinham por hábito tentar desmistificar a escrita e os pensamentos de Camões. Como por exemplo a desmitificação do tema da “mulher amada”, bastante debatido pelos letrados, que não é quem todos pensam ser. Segundo o próprio poeta: “Mas eu nunca pintei mulher nenhuma. Ou só pintei as que não amei...”[3]; De certo modo, simboliza a veracidade dos argumentos que foram estudados ao longo de tantos anos. Por isso, existe a arte “bicéfala” que tem duas vertentes: “a verdade do que o poeta escreve e a verdade do que ele vive”[4], querendo dizer que tamanhas afirmações revelam que nem tudo o que está escrito ou representado pode fazer parte da realidade. Muitas das vezes pode simplesmente representar um engano ou até uma “mentira” planeada por parte do próprio artista, como Jorge de Sena indica: “Ele (Luís de Camões) escreve numa época em que as pessoas escreviam nas entrelinhas. É preciso ler as entrelinhas tanto da poesia épica como da poesia lírica”.

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