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LITERATURA AFRICANA DE LINGUA PORTUGUESA II

Por:   •  2/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.378 Palavras (6 Páginas)  •  406 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

POLO OURICURI

CURSO LICENCIATURA EM LETRAS – VI PERIODO

DISCIPLINA: LITERATURA AFRICANA DE LINGUA PORTUGUESA II

PROF. JOSE ALDO RIBEIRO DA SILVA

ACADÊMICOS

FRANCISCA NAELIA NOBRE DE SOUZA

IVONETE GOMES DE MACEDO AQUINO

MARCILENE ALENCAR DE LIMA MARQUES

TEMATIZAÇÕES DO EXÍLIO EM ORLANDA AMARÍLIS

                        

                

OURICURI-PE

2017

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

FRANCISCA NAELIA NOBRE DE SOUZA

IVONETE GOMES DE MACEDO AQUINO

MARCILENE ALENCAR DE LIMA MARQUES

TEMATIZAÇÕES DO EXÍLIO EM ORLANDA AMARÍLIS

Trabalho apresentado ao Curso de Letras, modalidade à distância da disciplina, Literatura Africana de Língua Portuguesa ll, ministrado pelo professor: José Aldo Ribeiro da Silva, em cumprimento às exigências do curso, para obtenção parcial de nota

OURICURI-PE

2017

I WEBQUEST 

Tematizações do exílio em Orlanda Amarílis

        No conto “Thonon-Les-Bains, de Orlanda Amarílis, analisaremos a maneira como se desenvolve na narrativa a condição do migrante e o exílio.

        Pareando a visão de dois mundos distintos – Cabo Verde e França, onde a autora denuncia a opressão vivida principalmente pela mulher. Piedade, a qual deixa sua terra natal, Ilha de Cabo Verde, a convite do meio- irmão, Gabriel, e parte para terras longínquas, Thonon-Les-Bains, localizada na França, divisa com a Suíça, com  esperança de se estruturar financeiramente e futuramente poder levar sua mãe e seus irmãos.

“(...) Gabriel explicou tudo muito bem explicado. Piedade vai agora, depois, daqui a uns dois anos vai o Juquinha, depois Maria Antonieta e depois vou eu mais Chiquinho.” (AMARILIS, 1983)

        A protagonista foi criada em um meio onde a mulher não tem uma posição própria definida, ela está sempre a depender do homem. O meio que Piedade habita, é próprio de famílias alargadase situação financeira muito difícil.

 Ao partir para França ela viverá uma nova realidade, a começar pelo trabalho fora de casa, ou seja, ela terá sua própria renda. Além disso, sua mãe Ana enche-se de sonhos, sabe que além de contar com o dinheiro que Gabriel lhe manda, agora sua ajuda aumentará com a ida da filha e sonha em abrir um pequeno negócio.

Sabe, comadre, se nha fidja me mandar algum dinheirinho, posso começar um negócio de comidas, assim uma caldeira de catchupa com mandioca e toucinho para vender à boca-da-noite, um groguinho ou um pontche para emborcar em cima, e pronto. (IBIDEM)

        Envolvidas em sonhos elas não se dão conta da dura realidade que se submete o exilado em outras terras.

        Para a autora a mãe não tem a visão dos dois mundos, totalmente opostos, assim, Amarílis retrata uma realidade típica de Cabo Verde – um processo migratório extenso por parte do gênero masculino, o que faz com a maioria dos lares tenham como chefes de família, mulheres, que cuidam de várias crianças, criadas como agregados, ou seja, não são criadas pelos pais biológicos, é o que ocorre com Gabriel meio-irmão de Piedade. “Gabriel é como se fosse meu filho... manda-me dinheiro, manda-me umas encomendinhas...” (IBIDEM, p. 13). Nesse caso, observa-se a diáspora, a família continua com vínculos fortes, mas não laços de sangue, pois nas famílias que ficam há várias gerações. Daí, vê-se na narrativa o hibridismo cultura dos europeus com cabo-verdianos. Os cabo-verdianos vão adquirindo novos costumes, admirados com a tecnologia da metrópole, Amarílis aproveita-se para mostrar o lado discriminatório de uma sociedade que exclui e marginaliza o exilado.Destaca espaços habitados, historicamente, como uma organização mundial que se amplia pela economia, política, e até no que se refere à produção cultural.

(...) mãe Ana, comprei anteontem uma televisão a cores. Sabe como é? As pessoas  se estão vestidas de encarnado ou azul, a gente vê tudo tal e qual de encarnado de azul ou verde. A minha televisão está em frente a minha cama e quando a quero apagar tenho uma maquininha onde carrego num botão e já está. É como uma pistola, mãe Ana. Aponto para televisão e carrego no botão e ela apaga-se. Não é uma coisa bonita, mãe Ana? (IBIDEM, p. 20)

Nesse contexto, a autora estabelece um elo do lugar de onde o discurso do personagem provém e o lugar próprio de sua condição de diáspora, na ficção.

A escritora cabo-verdiana nos faria ver então o desencanto do cabo-verdiano exilado frente ao mundo em modernização que ele só pode contemplar pela porta dos fundos, dele usufruindo somente as sobras. Ao mesmo tempo, desencantaria uma provável autoimagem vitimizada desses indivíduos, explicitando sua mente colonizada. De acordo com o supracitado Sartre: “Pobre colono: eis sua contradição posta a nu” (SARTRE apud FANON, 1979, p. 10)

        Na verdade, a narrativa de Amarílis está bastante focada na questão de gênero, no sentido de desconstruir a ligação entre homens e mulheres, simbolicamente a igualdade entre eles. Ela destaca que apesar de Piedade mostrar-se submissa ao noivo, Jean, bem como ao meio irmão Gabriel, toma a iniciativa de sair de Cabo Verde para o exterior em busca de trabalho, como o intuito de ajudar a mãe a abrir um botequim. Assim, Piedade não é uma mulher, caracterizada na narrativa como uma criatura sem destino, que vive dentro de limites impostos pela sociedade machista.

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