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O FLUXO DE CONSCIÊNCIA COMO ESTRUTURA NARRATIVA: ENSAIO SOBRE O CONTO “EVELINE”, DE JAMES JOYCE

Por:   •  16/4/2022  •  Ensaio  •  1.713 Palavras (7 Páginas)  •  172 Visualizações

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO – ICSC

CURSO DE LETRAS

Alycia Fernanda da Silva

O FLUXO DE CONSCIÊNCIA COMO ESTRUTURA NARRATIVA: ENSAIO SOBRE O CONTO “EVELINE”, DE JAMES JOYCE

Literatura Inglesa

BRASÍLIA/DF

2019/6°SEMESTRE

INTRODUÇÃO

O presente ensaio tem por objetivo estabelecer uma análise do conto Eveline, de James Joyce, sob a perspectiva do fluxo de consciência, uma vertente da psicologia que foi aplicada em algumas das obras de James Joyce.

O FLUXO DE CONSCIÊNCIA COMO ESTRUTURA NARRATIVA: ENSAIO SOBRE O CONTO “EVELINE”, DE JAMES JOYCE

Eveline, conto escrito por James Joyce, foi publicado em 1904 através do jornal Irish Homestead. Posterior à publicação do conto, Joyce incorporou Eveline em sua coletânea de contos Dublinenses, no ano de 1914.

Por ser um autor que fez parte da geração modernista na Inglaterra, o grande diferencial da obra de James Joyce foram as características literárias que trouxeram uma série de inovações para as obras de cunho narrativo. Dentre as características mais marcantes na literatura Joyceana há inovações linguísticas e estéticas que influenciaram muitos autores no futuro.

Dentre o estilo literário de Joyce há o chamado “fluxo de consciência”, título este dado pelo filósofo e psicólogo William James. Para James, o fluxo de consciência estaria relacionado aos estados mentais, ao turbilhão de pensamentos e aos monólogos interiores realizados em um plano subjetivo do imaginário.

William James ao tentar criar uma definição concreta para o novo termo, listou-o da seguinte maneira:

“1. Todo pensamento tende a ser parte de uma consciência pessoal.

2. Dentro de cada consciência pessoal, o pensamento está sempre mudando.

3. Dentro de cada consciência pessoal, o pensamento é sensivelmente contínuo.

4. Ele sempre parece lidar com objetos independentes de si próprio.

5. Ele está interessado em algumas partes desses objetos com exclusão de outras partes, e acolhe ou rejeita – „escolhe' dentre elas, em uma palavra – o tempo todo.” (JAMES, 1979, p.121)

Ainda que a definição dada por James tenha sido criada baseada na realidade, pode-se inferir que na obra de Joyce há, de fato, traços de fluxo de consciência. Especialmente neste ensaio será abordado o caso de fluxo de consciência presente no conto Eveline.

Em Eveline pode-se notar uma trama essencialmente psicológica, na qual a personagem principal divaga sobre seus pensamentos difusos. O conto de James Joyce é descrito como um “fluxo de consciência” graças às reflexões de Eveline, que tornam o enredo em uma narrativa não linear. Os personagens da história são basicamente Eveline e Frank. Os outros personagens (pai e irmãos) somente aparecem nas lembranças de Eveline.

O espaço onde o conto se passa é em Dublin. Eveline, uma moça de 19 anos, reflete, enquanto observa a cidade pela janela, sobre a decisão tomada de fugir para Buenos Aires com o namorado Frank. Enquanto pensa sobre isso, Eveline começa a pensar sobre sua vida e as situações que a fizeram tomar a decisão de fugir.

Eveline é uma personagem redonda, bastante complexa. A princípio, na primeira parte da história, Eveline parece tentar justificar sua vontade de fugir. Ela passa a lembrar da mãe falecida e do irmão Ernest, também falecido, e como seu pai havia mudado depois desses acontecimento. Diante das mudanças ocorridas no lar, Eveline aparenta sentir medo do pai, e esse medo poderia ser considerado uma justificativa palpável para a sua fuga.

“Em seu novo lar, num país distante e desconhecido, tudo seria diferente. Estaria casada — ela, Eveline. As pessoas a tratariam com respeito. Não seria tratada como a mãe o fora. Mesmo agora, que estava com mais de dezenove anos, sentia-se às vezes ameaçada pela violência do pai.” (JOYCE, 1904)

Eveline chega a sugerir que o pai poderia ser violento com ela. Além de estabelecer um relacionamento complicado com o pai, Eveline ainda tinha que trabalhar para sustentar a casa e cumprir com suas “tarefas do lar”. Fugir com Frank representaria para Eveline uma fuga da sua cansativa realidade.

Com as descrições feitas por Joyce, percebe-se que Frank é uma personagem plana. Um marinheiro aventureiro que vivia em Buenos Aires, apesar de Dublin ser sua terra natal. Frank prometera à Eveline uma vida totalmente diferente daquela que ela levava.

Eveline não chega a declarar seus sentimentos por Frank, o que nos faz acreditar que o sentimento, talvez, não fosse recíproco. É por isso que, na última parte do conto, não somos tão surpreendidos pela escolha de Eveline de desistir da fuga nos instantes finais.

Apesar da protagonista do conto estar em um intenso turbilhão de pensamentos, e apesar de citar Frank como uma possível salvação para o seu tormento, Eveline, em nenhum momento, chega a declarar sentir-se, de fato, apaixonada por Frank.

O mais próximo de demonstrar que gosta de Frank é quando Eveline relata em seus monólogos interiores: “A princípio a ideia de ter um namorado não passara de uma empolgação, mas logo começou a gostar dele de verdade” (Joyce, 1904).

Com este relato, é possível notar que estabelecer um relacionamento com Frank nunca fora uma necessidade para Eveline, ela apenas havia se empolgado com a ideia e com as promessa de Frank, no entanto, aparentemente, após certo tempo, ela passou a desenvolver um sentimento real por ele, ainda que, talvez, não fosse nenhum sentimento amoroso, propriamente dito.

Apesar de não declarar explicitamente sentir-se apaixonada por Frank, Eveline chega a considerar que, com o tempo, Frank poderia lhe dar amor: “Daria uma vida a ela, talvez, quem sabe, até amor. E ela queria viver. Por que haveria de ser infeliz? Tinha direito à felicidade. Frank a tomaria nos braços, a abraçaria. Ele a salvaria.”(Joyce, 1904)

Vale a pena

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