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Análise crítica - Estruturas clínicas no conto O solitário

Por:   •  9/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  863 Palavras (4 Páginas)  •  598 Visualizações

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Análise crítica - Estruturas clínicas no conto “O solitário”

O conto “o solitário” tem como personagens Kassim, um joalheiro de 35 anos, cuja especialidade é a montagem de pedras preciosas para grandes lojas de joias (não tinha joalheria própria), e Maria, sua esposa.

Kassim era um homem calado, desprovido de talento para enriquecer. Embora muito habilidoso, não tinha ousadia ou habilidade comercial e trabalhava numa oficina montada em seu quarto. Maria era uma moça de origem humilde, muito bela, que sempre teve por objetivo um casamento que elevasse sua posição social. Aos 20 anos, como nenhuma outra proposta de casamento apareceu, aceitou casar-se com Kassim. Ela se ressentia da falta de habilidade do marido para ganhar mais dinheiro com a profissão, para lhe proporcionar a vida luxuosa com a qual sempre havia sonhado.

Kassim era um marido devotado e o pouco que ganhava, era todo para Maria. Chegava a trabalhar durante as noites e aos domingos – mesmo comprometendo sua saúde – para lhe oferecer mais, inclusive as joias que ela sempre desejava.

Maria era apaixonada por joias, mas as que o marido podia fazer para ela eram apenas faíscas de brilhantes – nunca as joias suntuosas com as quais sonhava. Ela acompanhava o ofício do marido e quando as joias ficavam prontas, gostava de experimentá-las e olhar-se no espelho. Todavia, quando tinha de entregar as joias para que fossem para o seu destino, caia em profunda tristeza e decepção com seu casamento, chorando e soluçando.

Kassim reconhecia que Maria não era feliz com ele e ela confirmava esse fato, alegando que ele era um pobre-coitado, e não era capaz de fazer nenhuma mulher feliz.

Ainda assim ele trabalhava até de madrugada para dar a ela as joias que podia, como um diadema com faíscas de brilhantes. Mas o objeto de desejo de Maria eram as pedras volumosas que Kassim montava para as grandes lojas e ela continuava insatisfeita.

Até que Kassim notou a falta de um broche, de 5 mil pesos em dois solitários e encontrou Maria com ele no peito, que decidiu ir ao teatro usando a peça para devolvê-la apenas no dia seguinte. Kassim foi contra a ideia, por medo de alguém vê-la com a joia e ele perder a credibilidade de seu trabalho. Ela não lhe deu ouvidos e foi mesmo assim. Quando ela voltou e tirou a joia, Kassim a guardou trancada.

Foi então que Kassim recebeu um solitário para montar, com o brilhante mais extraordinário que ele já havia visto e se tornara um alfinete de gravata. Ela o interrompia várias vezes ao dia para experimentar a joia em frente ao espelho, o que o preocupava, pois tinha urgência no trabalho. Num dessa vezes, devolveu a pedra jogando-a no chão. Ela teve uma crise de nervos, com os olhos saindo da órbita. Ela o chamou para que fugissem com o brilhante, ideia que ele rejeitou. Ela então passou a acusá-lo de ladrão, pois teria roubado sua vida e indicou que poderia ter se vingado, chamando-o de “cornudo” e tentando roubar-lhe o brilhante das mãos. Ele retornou ao trabalho.

Passada a crise, Maria foi jurar a Kassim que não o havia traído, ao que ele assentiu, tranquilizando-a. Maria foi dormir e acordava durante a noite, em pesadelos, atrás do brilhante. Kassim continuou trabalhando para então terminá-lo, às duas da manhã. Foi ao dormitório, acendeu o abajur e olhou Maria. Foi à oficina e retornou trazendo a joia. Ergueu-a sobre Maria e cravou o alfinete sobre o coração dela, matando-a.

Na análise das estruturas clínicas observadas nos personagens do conto, desde o início já é possível ver que Maria se enquadra na estrutura da Neurose - Histeria. O mecanismo de defesa do neurótico é o recalque ou repressão. Ela guardava dentro de si a insatisfação por não ter as joias que desejava. Na histeria, o indivíduo permanece em torno de um mesmo tema, no caso de Maria, eram as joias. Ela sempre reclamava da frustração de não ter as joias e a riqueza que desejava. Permanecia em uma busca constante por um objeto idealizado, no qual depositava sua frustração recalcada.  Por mais que o marido fizesse por ela, ela sempre estava insatisfeita e demandava mais, sendo seu objeto de desejo as joias que ele criava com os brilhantes. Seu conflito interno se mostrava de maneira dramática, teatral, com arroubos de raiva, choros, exibição das joias em eventos sociais, depois jogando-as no chão.

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