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O Fichamento Casa Grande e Senzala

Por:   •  19/8/2019  •  Artigo  •  2.425 Palavras (10 Páginas)  •  268 Visualizações

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A obra escrita pelo sociólogo Gilberto Freyre é um clássico, que trata da formação do povo brasileiro e sua sociedade, ressaltando seus defeitos e suas qualidades com detalhes e as peculiaridades da sua origem e formação. No primeiro capítulo de A Casa Grande&Senzala, somos apresentados as primeiras análises e características da colonização portuguesa, assim como os moldes para formação da sociedade agrária, escravocrata e híbrida. Gilberto Freye expõe, em detalhes, como se deu a fixação dos colonizadores portugueses no território, explorando a fácil adaptação na nova terra, apresentando o conceito de aclimatabilidade dos quais os portugueses gozavam. A miscigenação racial, que foi quase instantânea pela falta de mulheres brancas disponíveis na colônia, e com essa hibridização, explora também a herança cultural adquirida. Esboça, ainda sobre a mestiçagem das raças, o mito das das três raças aqui presentes, assim como a origem do mito da promiscuidade brasileira e a sexualidade exacerbada atribuída, principalmente, as mulheres negras e as “mulatas”. Apresentando-nos a primeira introdução e compreensão da formação da sociedade brasileira escravocrata e patriarcal, e seus mecanismos sociais.

Freye, no segundo capítulo, procura abordar as grandes influências indígenas na formação da sociedade familiar brasileira. Foca, principalmente, na importância da mulher indígena e sua colaboração na organização familiar nas casas-grandes, assim como seu trabalho de valor econômico e técnico no trabalho doméstico e agrícola. Explora também a variação sexual dos indígenas e como o intercurso sexual era naturalmente aceito e praticado entre os aborígenes. O autor esclarece que os povos indígenas desconheciam o preconceito, e que em vez de desprezo ou ridicularização, os efeminados eram respeitados por serem considerados dotados de poderes e virtudes extraordinárias, em grande maioria, ocupando postos de mando, como pajés e curandeiros. Na culinária, expõe a grande importância da culinária indígena, que exerceu grande influência nos hábito alimentares dos colonizadores, e principalmente, o grande impacto e importância da farinha de mandioca, descrevendo com detalhes o preparo de receitas tradicionais com vários ingredientes tradicionalmente indígenas. Resguarda também um espaço para a medicina indígena, com suas ervas e plantas medicinais, que, segundo o autor, poderiam ter sido melhor aproveitadas ao primeiro contato colonizador e indígena.

Expõe, também, características da infância de um menino na cultura primitiva, e desmistificando o olhar de polidez européia em cima disto, que enxergava o menino livre imaginado por J.-J. Rousseau: criado sem medo nem superstições. Detalha como era uma infância cheia de superstições da tribo, com a criação de mitos de animais monstruosos para amedrontar as crianças com objetivo de criar sentimentos de obediência e respeito aos mais velhos, assim como a explicação do porquê as crianças terem seus corpos pintados, orelhas e narizes perfurados e usarem colares de dentes ao redor do pescoço: para mutilar a criança e torná-lo repulsiva aos espíritos maus e guardá-los do mau olhado e das más influências segundo as superstições aborígenes. Aborda a inicialização da vida sexual do menino na puberdade em casas secretas dos homens, que visavam assegurar ao sexo masculino o domínio sobre o feminino, educando os adolescentes para exercer esse domínio. Para além disso, as provas de iniciação eram rudes, algumas tão brutas que o iniciado não suportava, como provas de arrancar dentes e limá-los. Tinham como objetivo aplicar uma educação moral de tradições da tribo, e técnicas de afazer masculino: como de construção, caça, pesca e guerra, preparando os jovens meninos para a responsabilidade e prestígios dos homens. Os aborígenes não puniam seus filhos com castigos corporais, como de costume europeu, mas havia severa disciplina a cargo dos mais velhos, que batiam e flagelavam seus  progênies com fins pedagógicos e de profilaxia de espíritos maus. Com essa tradição, tornou-se mais fácil a adaptação dos índios a penitência católica exercida pelos missionários, a qual os aborígenes, acostumados com os castigos dos mais velhos, cumpriam com gosto. No que diz respeito à intercomunicação entre a cultura indígena e européia, havia uma dualidade de línguas, o português e o tupi-guarani, que se misturavam e se diferenciavam, sendo a primeira a língua oficial e a segunda, a língua oral popular. Termina, por fim, dizendo sobre como o culuminis foram chave mestra para a adequação cultural dos indígenas à cultura européia. Através deles, eram implantado os dogmas cristãos, a língua, as idéias de moral e ética e assim os culuminim se tornava mestre dos próprios pais, aliados os missionários contra pajés na obra de cristianização de sua gente.

No terceiro capítulo, o autor se aprofunda em novos parecer sobre os colonizadores portugueses, adentrando com mais detalhes e descrevendo o perfil do colonizador português, usando de parâmetro as figuras dos espanhóis e ingleses, se debruçando mais profundamente no que havia começado no primeiro capítulo. Freyre nos mostra as relações antagônicas (tanto a respeito da raça quanto da religião e das terras) que os portugueses tinham com os mouros e outros povos islâmicos que se fixaram no Norte de Portugal, e que mesmo com essa inimizade, as relações entre mouras e portugueses ocorreram, causando uma miscigenação que é uma das características dos lusitanos. Explica a situação econômica de Portugal antes da colonização, e mostra Portugal com grande esforço para aparecer entre as grandes potências europeias, pois nunca foi grandiosa e vive parasitariamente em seu passado cujo esplendor exagera. Mostra a dualidade das relações, pois os mesmos portugueses, que quase transportavam toda a África para a América em navios podres e mal cheirosos, tinham a relação mais tranquila com os indígenas ao contrário das colônias espanholas. Esclarece que não faziam guerra de brancos contra peles-vermelhas, e sim de cristãos contra bugres, pois a partir da conversão, em primeiro momento, a cor da pele se tornava praticamente insignificante, pois os portugueses eram mais sem consciência de raça que os espanhóis. A igreja que agiu sobre a formação brasileira, articulando-a, não foi a catedral, ou a igreja isolada, e sim, a capela de engenho, não havendo clericalismo no Brasil, sendo os padres da companhia vencidos pelo nepotismo dos grande e senhores de terra e escravos.

Gilberto Freyre explica o desenvolvimento de comércio marítimo e rotas comerciais em Portugal, e descreve que a descoberta do Brasil foi uma carta de paus puxada num jogo de trunfo em ouros. Um desapontamento assim que descoberto e recebido sem vontade e sem interesse, porém que mais tarde, o Brasil teria força para se tornar um trunfo à Portugal, quando o açúcar se torna artigo de luxo e vendido a preços elevadíssimos. Insiste no fato de que a etnia e raça não eram impedimentos para pessoas serem admitidas na sociedade colonial portuguesa. O que era preciso era ser católico-romano ou que se batizasse, sendo isto a princil exigência para adquirir sesmaria no Brasil. Destaca a presença, não esporádica, mas farta, de descendentes de moçárabe entre os povoadores e primeiros colonizadores do Brasil, e através desse elemento, muitos traços de cultura Moura se transmitiram no Brasil, de cultura moral e material, como por exemplo, a doçura no tratamento dos escravos e o ideal de mulher gorda e bonita. Assim como o conhecimento de quitutes e culinária Moura e os azulejos, a arquitetura, a arte da decoração, que dominou Portugal e floresceu na decoração das casa-grande do Brasil no século XIX. Pela aversão pelo trabalho manual decorre a pobreza percebida em Portugal, não vinda da natureza do país, mas da índole dos seus habitantes, que contrastava entre a atividade dos mouriscos e os desmazelos e ócio dos hispânicos que não possuíam amor pela terra, cujos interesses manifestos eram por guerras e aventuras comerciais nas Índias. Desta forma, assim como os espanhóis, os portugueses ostentavam mais do que possuíam em casa, também observado no Brasil, onde eles de preocupavam em mostrar para a sociedade riqueza de bens que muitas vezes não tinham, onde o excesso de escravos mostrava poder e que eram mantidos mesmo custando fortunas, e os senhores, em casa, jejuando e passando necessidades e na rua, ostentando grandeza. Freyre aponta Portugal como sendo mero explorador ou transmissor de riquezas, pois se tornou uma nação improdutiva e comercial. Coloca o entusiasmo religioso como primeiro plano, para logo após se sobrepor os interesses econômicos por parte dos colonizadores, que ao perceberem a escassez de riquezas mercantilistas, compreenderam uma tendência para a estabilização agrícola num sistema latifundiário, desta forma, justificando a mão-de-obra africana, onde esboça que a escravidão foi o único meio possível para a colonização portuguesa. Só a colonização latifundiário e escravocrata teria sido capaz de sobreviver aos enormes obstáculos que levantaram a civilização do Brasil pelo europeu. O senhor de engenho rico e o negro capaz de esforço agrícola. Finaliza esboçando críticas elaboradas frente à dissolução moral e a devassidão experimentadas pelos portugueses, onde Freyre justifica e compete a influência do clima tropical na superexcitação de meninos e adolescentes.

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