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O Reconhecimento de Gêneros - Fábula

Por:   •  7/12/2017  •  Resenha  •  2.149 Palavras (9 Páginas)  •  339 Visualizações

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1 Introdução

É de conhecimento geral que a variação linguística é o modo como os falantes de um mesmo país, com uma língua oficial, se manifestam verbalmente. Essas variações podem ocorrer de acordo com a posição social do falante, nível de escolaridade, ou contextos geográficos e históricos. Partindo desse ponto, essa pesquisa tem como objetivo principal conhecer e analisar essas variações, apresentando exemplos, juntamente com a transcrição de áudios gravados com pessoas reais, em situações reais de uso da linguagem, mostrando como essas pessoas que vivem em um mesmo país, com uma mesma cultura, que falam a mesma língua, mas por serem de regiões distintas, ou de faixa etária diferentes, ou sexos diferentes, ou por não pertencerem ao mesmo grupo social, ou não frequentarem o mesmo ambiente, ou até mesmo usarem a língua de uma maneira diferente em diferentes ocasiões, se comunicam uns com os outros de maneiras tão diferentes, nos mostrando como uma língua, através de seus falantes, pode sofrer varias mudanças.

2 Conceito e história da Sociolinguística

Para estudar as variações linguísticas, é importante conhecer e compreender a sociolinguística.

A linguística é o estudo científico da linguagem. Foi através dos estudos de Ferdinand de Saussure que a linguística firmou-se como ciência. Em seus estudos, Saussure define que a língua é vista sob um ângulo social e que a mesma compõe um sistema de regras e é coletiva. Já a fala, segundo ele, é variável e individual. Assim, a fala foi retirada de seu campo de estudo e somente a língua passou a ser analisada. A partir daí, o falante e os diversos modos como a língua se apresenta passaram a ser ignorados.  

Após o reconhecimento da importância da fala, surgiu a sociolinguística. Houve uma necessidade de encontrar respostas para entender a relação da sociedade e da língua. A sociolinguística observa os fatores que influenciam nas mudanças linguísticas, sejam eles fatores externos ou psicológicos. Uma das principais figuras dos estudos da sociolinguística foi William Labov. Ele foi o representante da Teoria da Variação Linguística. Labov descreve a heterogeneidade da linguística, pois, segundo ele, a língua sofre implicações de ordem psicológica e fisiológica.

Assim, a sociolinguística é o estudo da relação entre a língua e a sociedade e o seu objeto de estudo é a linguagem falada, em contexto social, em situações reais de uso.

A sociolinguística divide-se em Sociolinguística Interacional e Sociolinguística Variacionista. A primeira busca analisar o falante e o seu modo de agir no momento da interação e é dependente de vários fatores, como sobre o que se fala, ou com quem se fala. A segunda leva em consideração, contextos sociais, como idade, nível social, etnia, etc.

Pode se afirmar, assim, que a sociolinguística estuda a língua e leva em consideração seu caráter social e individual, pois cada um de nós possuímos uma maneira única ao usar a língua e que melhor nos expressa no momento da comunicação.

3 Variações Linguísticas

3.1 O que é variação linguística

Como já mencionado anteriormente, a variação linguística é o modo como os falantes de um mesmo país, com uma língua oficial, se manifestam verbalmente. Diversos são os fatores responsáveis por essas variações, tais como sociais, psicológicos, etc. Essas diferentes variações de uma mesma língua ocorrem pelo fato de um determinado sistema linguístico possuir núcleos de diferenciação, sejam eles etário, ocupacional, regional ou sociocultural. Em uma língua, há vários subsistemas constitutivos, são eles: semântico, fonético, morfológico, fonológico, léxico e sintático. A variação e a mudança podem ocorrer em um ou em vários desses subsistemas.

3.2 Tipos de variedades linguísticas

  • Variedades geográficas: são as variações devidas a distancia e localização geográfica do falante. Essas mudanças regionais são conhecidas como dialetos. Os dialetos são uma forma particular que uma determinada comunidade adota para se comunicarem. Esse tipo de variedade diz respeito à variação diatópica. Ex.: No Brasil chamamos a mistura de água, areia e cimento de “concreto”, já em Portugal é chamado de “betão”.

  • Variedades históricas: são as variações relacionadas à mudança de uma língua. Ex.: Ao comparar textos antigos e textos atuais escritos em uma mesma língua notamos as mudanças gramaticais e na ortografia.

  • Variedades sociais: são as variações causadas pelo ambiente onde o falante vive. Fatores como classe social, idade, profissão e educação influenciam nessas variações. Ex.: Em ralação à educação: “bicicreta”, “probrema”.

 

  • Variedades situacionais: são as variações que correm na fala de acordo com a situação na qual o falante se encontra. Ex.: Em situações formais o falante usa a forma padrão da língua, enquanto em situações informais ele utiliza da linguagem informal.

3.3 Tipos de variações linguísticas

  • Variações diafásicas: nessa variação o modo de como vamos falar com o interlocutor é determinada pela ocasião, podendo a mesma se formal ou informal. Ex.: Uma redação de um texto escrito e uma conversa com um amigo no dia a dia.

 

  • Variações diatópicas: essas variações ocorrem devido às diferenças regionais. Ex.: Em algumas regiões do Brasil a “mandioca” é chamada de “macaxeira” ou “aipim”.

  • Variações diastráticas: essas variações ocorrem no convívio de grupos sociais. É uma linguagem especifica de um determinado grupo social. Ex.: Linguagem de médicos, advogados, policiais, etc.

  • Variações diacrônicas: são as variações que ocorrem com o passar do tempo. Ex.: Palavras, expressões ou gírias usadas no tempo dos seus avós, hoje em dia não são mais utilizadas pelos os jovens.
  • Variações diamesicas: esse tipo de variação estuda as diferenças existentes entre a língua falada e a escrita. Ex.: técnico” e “téquinico”.

4. Transcrição dos áudios coletados para a pesquisa

4.1 Transcrição 1

Nome: D.L

Idade: 16 anos

Profissão: Estudante

Cidade natal: São Paulo

Cidade onde os dados foram coletados: Teresina

“Oi, bom.. é .. eu tenho dizesseis anos, sô..é..filha única e eu vô dizê como é um pôco da minha vida, como são.. é.. a vida em geral em São Paulo e tal. É.. meus pais, eles trabalham dia di semana, e eles saem bem cedo e só voltam quando eu tô perto de í pra iscola, ou seja, a noite, porque eu estudo a noite..i..assim..eu praticamente não vejo eles..é..dia de semana, é mais fácil eu vê eles fim de semana e tal, intão eu tenho qui me virá sozinha dia de semana, intão é..é  como se eu morasse sozinha fim de semana, morasse sozinha por 5 dias e tal, intão eu tenho qui arrumar as coisas, eu tenho qui me programá pra fazê lição e tal. Quando eu não tenho nada pra fazê, dessas coisas assim, obrigações e tal, eu fico na internet a maió parte do tempo, ou vendo série ou assistindo vídios ou simplismente conversano com meus amigos que na maioria das vezes moram longe e tal. Eu só tenhu duas amigas qui moram perto, qui uma mora a quatro ruas da minha casa e ôtra mora num, praticamente num bairro vizinho, digamos assim, vizinho entre aspas, porque não é muito perto mas também não é muito longe comparados aos meus ôtros amigus..é..intão, eu acho que é isso. I..um..a maioria dos meus amigus eu falo virtualmente porque moram em estados diferentis do meu..é..tem um qui mora no Sú, tem ôtro qui mora em Minas, tem ôtro mora no interiô de São Paulo..eu converso com bastante gente mesmo. ..é .. bom..sei lá..á lembrei..eu ia falá da minha iscola, é..quando eu to perto de í pra iscola, qui meu pai  geralmente chega, tipo uns cinco dez minutos antes..é.. de eu í pra iscola e tal, porque é..porque é o orario qui ele chega, porque ele mudou de orario e tal, infim isso não vem ao caso. Antes de eu í pra iscola, eu não vô..assim..a pé ou com meu pai ou com minha mãe, eu vô de “pêrua” porque como eu sô caderânte..é..eu não..eu tenho..é..a..a.. “pêrua” au meu dispor pra í pra iscola e tal, porque é..o estado, acho que é o estado, dispõe pros caderântes e tal. Além de mim, vai eu e ôtros três meninus, dois caderântes e um autista, mais nenhum dos caderântes são deficientes mentais são só físicos mesmo. Aí a gente conversa, bate maior papo e tal. Infim...chegando lá na iscola tem os nossus cuidadores, qui tipo..é..eu tenho uma cuidadora só pra mim qui ela é mulhé porque..é..é..só CU-I-DA-DO-RA que pode cuidá de menina e CU-I-DA-DOR tem qui cuidá de meninu, porque é assim, vai que a gente precise í no banhêro, num pode í um homem me vê tipo..intendeu? E também por ôtros vários mutivos qui eu num to lembranu agora no momento. Intão, se eu quiser bebê água..é.. a pessoa vai lá e..sei la..ela pega água, compra coisa, vê se ta tudo bem, vê se eu quero tipo..é..se eu preciso í no banhêro, essas coisas, o que eu acho meio desnecessário  pra mim porque eu sô totalmente independente e eu num preciso disso, e as vezes chega um poço a incomodá, mais são coisas qui a gente tem qui relevá porque não é cupa minha nem de ninguém, é o trabalho dela..infim..e é a mesma coisa com os meninos. E sobre a iscola, eu não tenho nenhum amigu lá, tipo amígu amígu, daqueles que tip..nossa ele é meu amigu, meu broder, sabe..não tenho,  mais eu converso com todo mundo no geral, dependeno do dia se eu to legau, intão..sei lá..

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