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O Romantismo e Ascensão do Realismo/Naturalismo

Por:   •  6/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.258 Palavras (6 Páginas)  •  309 Visualizações

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1) Com o declínio do Romantismo e ascenção do Realismo/Naturalismo, os autores tentam explanar o que torna uma literatura como sendo brasileira ou não, suscitando suas ideias a partir das correntes teóricas da época ou apenas por uma observação da realidade que os cercam.

Mergulhados nas grandes correntes teóricas do final do século XIX, Silvio Romero se insere, assim como Araripe Júnior (com excessão de Machado de Assis), dentro daquilo que tanto caracterizou sua geração, o chamado cientificismo.Esta teoria se monta em três importantes pensamentos da época, sendo estes: o positivismo, tendo a frente o teórico francês Auguste Comte, com uma forte influência durante o século XIX, do qual se baseia na ideia do “ver para prever”, consistindo em se apreender da realidade para certificar o que poderá vir a acontecer com objetividade; o evolucionismo social, uma tentativa de adaptação do pensamento de Charles Darwin para o campo das ciências humanas, do qual alegavam que existiam raças superiores e raças inferiores;  e o determinismo, teoria criada pelo historiador Henry Buckle, onde afirma que o meio é o que determina uma raça ser superior ou inferior. Todos esses pontos darão base para a literatura da segunda metade do século XIX e são ferramentas utilizadas para explicar o que é ou não literatura legitimamente brasileira, bem como são por meio desses que os pensamentos de Silvio Romero e Araripe Júnior se constituíram, diferentemente de Machado de Assis que não segue nenhuma das correntes citadas, baseando-se apenas em suas observações .

Silvio Romero se posicionou frente a esse debate privilegiando a questão das raças no que diz respeito à população brasileira, defendendo a existência de uma hierarquia de raças divididas em superiores e inferiores, apontando para a raça branca como sendo superior em detrimento da raça negra e a mestiça. Ele ainda afirma que, como resultado da estadia do português no Brasil, a vinda dos negros africanos forçados pela escravidão e os indígenas que já se encontravam no país, deu-se origem ao mestiço, definido como alguém que encerrava o pior das raças. Apesar do enfoque nas raças, ele traz alguns outros argumentos para explicar o porquê  de não termos uma grande literatura. A seca brasileira é mais um ponto defendido por Silvio, pois esta não permite a produção de bons alimentos, afetando diretamente, assim, a alimentação dos brasileiros. Logo, isso leva a outro problema, a falta de uma boa alimentação que, aliado ao clima tropical que não também não colaborava, os autores acabavam por morrer mais cedo sem deixar obras de grande importância. A solução encontrada por ele é, portanto, de haver uma mudança de melhor qualidade na organização do regime alimentar, visto que, dessa forma, os autores poderiam viver um pouco mais.

Quanto a Araripe Júnior, tenta nos mostrar como deveríamos escrever a literatura brasileira. Privilegia a questão do meio, partindo da teoria da obnubilação, que seria sofrer com a influência do meio e modificar seu caráter, uma vez que, ao mudar de localidade, sofremos uma quimificação e, assim, nos moldamos ao novo ambiente. A tese do autor compreende que não é tanto o momento nem tanto a raça (pois já é fruto do meio), porém é o meio que molda as raças. Para ele, as condições de arte nem é a forma, nem a estética, nem os pressupostos literários, mas com aquilo que é externo a obra de arte, enaltecendo o meio, raça e o momento histórico como principais instrumentos para melhor compreensão da realidade. A obra literária, na verdade, é apenas um meio para ilustrar as teses do campo da sociologia, filosofia, antrologia etc. Ele ainda destaca que, o que seria o nosso “Vírgilio nacional”, ou seja, aquilo que deve guiar um autor na prática da literatura, seria a história do Brasil, devendo-se reunir materiais históricos para situar as obras literárias e escrever a respeito do nosso país.

Contrário aos autores citados, Machado de Assis não segue nenhum tipo de corrente teórica da época, tão menos procura explicar a nossa literatura a partir de artifícios externos. Primeiramente, Machado critica o fato da literatura brasileira ser uma diluidora da literatura europeia e não necessariamente nacional. Ele salienta que deveríamos partir de um instinto nacional, ou seja, daquilo que há de mais profundo do indivíduo, neste caso, os traços de caráter que todos carregavam e os tornavam brasileiros. A nacionalidade profunda seria falar a partir de sua localidade e de seus valores mais intrínseco, logo, a nacionalidade não está naquilo que é externo, mas no interior do sujeito. O que se regia nas obras era o que ele chamava de “nacionalidade vocabular”, sendo apenas uma nacionalidade aparente e não profunda. Sua crítica também aponta para a naturalização da forma como se faz a literatura, isto é, a forma como se fazia já se tornava repetitiva ao ponto de ninguém mais questionar, como é o caso da predominância de literaturas de costume, enquanto os romances psicológicos eram precários. Destacou o fato de fazerem uso da retórica, mas no sentido negativo, daquilo que não segue uma lógica bem construída nas obras, sendo para ele, então, um recurso utilizado para encobrir uma falta de capacidade de dizer algo.

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