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Simbolismo O Seu Significado E Efeito

Por:   •  31/3/2019  •  Bibliografia  •  17.821 Palavras (72 Páginas)  •  179 Visualizações

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Simbolismo - o seu Significado e Efeito

Alfred North Witehead

Textos Filosóficos

Director da Colecção:

ARTUR MORÃO Licenciado em Filosofia; professor da Secção de Lisboa da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa

SIMBOLISMO

O SEU SIGNIFICADO

E EFEITO


Título original: Simbolisn, its meaning and effeci (@) 1927, by the Macmillan Company Copyright renewed, 1955, by Evelyn Whitehead Published under agreement with the Syndicate

of the Cambridge University Press

Tradução de Artur Morão

Capa de Jorge Machado Dias

Todos os direitos reservados para a língua portuguesa

por Edições 70, Lda., Lisboa - PORTUGAL

EDIÇÕES 70 LDA., Av. Elias Garcia, 81, r/c - 1000 LISBOA

Telef. 76 27 20 / 76 27 92 / 76 28 54

Telegramas: SETENTA Telex: 64489 TEXTOS P

Alfred North WHITEHEAD

O SIMBOLISMO, O SEU SIGNIFICADO E EFEITO

edições 70


DEDICATÓRIA

Estes capítulos foram escritos antes de eu ter visto o monumento de Washington, em frente ao Capitólio na Cidade Washington, e antes de ter saboreado a experiência de atravessar as fronteiras do Estado de Virgínia - uma grande experiência para um inglês.

Virgínia, símbolo do idílio e da aventura em todo o mundo de língua inglesa: Virgínia, conquistada para esse mundo no período romântico da história inglesa por Sir Walter Raleigh, a sua mais romântica figura; Virgínia, que se manteve fiel à sua origem e impregnou de romanesco a sua história.

0 romanesco não trouxe uma felicidade ininterrupta: Sir Walter Raleigh sofreu por causa dele. 0 idílio e a aventura não rastejam pelo chão; como o monumento em memória de Washington, elevam-se ao alto - um fio de prata que une a terra ao azul dos céus.

18 de Abril de 1927


PREFÁCIO

De acordo com as condições da Barbour-Page Foundation, estas conferências são publicadas pela Universidade da Virgínia. 0 autor agradece às autoridades da universidade a cortesia que tiveram em aceder aos seus desejos em relação a alguns pormenores importantes da publicação. Com excepção de umas quantas alterações irrelevantes, as conferências imprimem-se como

foram pronunciadas.

Compreender-se-ão melhor pela referência a algumas partes do Essay Concerning Human Understandíng de Locke. 0 autor sente-se também em dívida com Locke's Theory of Knowledge and Its Historical Relations de Prof. James Gibson, Prolegomena to an Idealista Theory of Knowledge do Prof. Norman Kemp Smith, e Scepticism and Animal Faítb de George Santayana.

Universidade de Harvard, junho de 1927

A.N.W.

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CAPíTULO 1

1. Tipos de Simbolismo

A mais superficial inspecção das diferentes épocas da civilização revela grandes diferenças na sua atitude relativamente ao simbolismo. Por exemplo, durante o período medieval europeu, o simbolismo parecia dominar as imaginações dos homens. A arquitectura era

simbólica, o cerimonial era simbólico, e simbólica era também a heráldica. Com a reforma, surgiu uma

reacção. Os homens tentaram dispensar os símbolos como «coisas sem base, inutilmente inventadas», e concentraram-se na sua apreensão directa dos últimos factos.

Mas semelhante simbolismo encontra-se na franja da vida. Tem um elemento inessencial na sua constituição. 0 facto real de ele se poder adquirir numa época e de se pôr de lado noutra dá testemunho da sua natureza superficial.

Há tipos mais profundos de simbolismo, artificiais em certo sentido e, no entanto, tais que não os podemos dispensar. A linguagem escrita ou falada é um desses simbolismos. 0 simples som de uma palavra, ou a

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sua configuração no papel, é indiferente. A palavra é um símbolo e o seu significado é constituído pelas ideias, imagens e emoções que suscitam na mente do ouvinte.

Há urna outra espécie de linguagem, apenas uma linguagem escrita, que é constituída pelos símbolos matemáticos da ciência da álgebra. De certo modo, estes símbolos são diferentes dos da linguagem comum porque a manipulação dos símbolos algébricos faz o raciocínio em nossa vez, contanto que observemos as regras algébricas. Uma coisa assim não acontece com a linguagem comum. Nunca podemos esquecer o significado da linguagem e confiar na mera sintaxe para nos ajudarmos. De qualquer modo, a linguagem e a álgebra parecem exemplificar tipos de simbolismo mais fundamentais do que as catedrais da Europa medieval,

2. Simbolismo e Percepção

Há ainda um outro simbolismo mais básico do que o dos tipos precedentes. Levantamos o olhar e vemos unia forma colorida à nossa frente e dizemos - está aí uma cadeira. Mas o que vimos foi a simples forma colorida. Talvez um artista não tivesse saltado logo para a noção de uma cadeira. Podia ter-se detido na simples contemplação de uma bela cor e de uma bela forma. Mas, os que dentre nós não são artistas sentem-se muito inclinados, sobretudo se estão cansados, a passar imediatamente da percepção da forma colorida para a fruição da cadeira em alguma forma de uso, ou da emoção, ou do pensamento. Facilmente podemos explicar esta passagem pela referência a um encadeamento de difíceis diferenças lógicas, mediante as quais, tendo em consideração as nossas experiências prévias de formas várias e de cores diversas, tiramos a conclusão provável de que estamos na presença de uma cadeira. Sou muito céptico quanto ao carácter qualitativamente superior da mentalidade requerida para ir da forma colorida para

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