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TG UNIP LETRAS

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Por:   •  28/4/2014  •  1.285 Palavras (6 Páginas)  •  1.027 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O proposito do presente trabalho é analisar como a literatura contribui para o desenvolvimento humano, de acordo com a citação do estudioso Antônio Candido, que diz que a literatura deveria constar nos direitos humanos, pois é um bem incompressível e, como tal, se constitui em uma necessidade universal.

Desenvolvimento da Análise

Para o desenvolvimento da análise, precisamos considerar algumas características constitutivas da literatura das qual Antônio Candido lança mão para comprovar a sua tese de que a literatura não deve ser tratada como um bem supérfluo, mas sim reconhecida como um direito inalienável de todo ser humano. Em ‘’O Direito à Literatura’’ o autor atribui a função da literatura ao caráter humanizador de sua natureza complexa definida por ele em três categorias constitutivas:

A primeira dessas categorias é ‘’A literatura como sendo uma construção de objetos autônomos como estrutura e significado. ’’ Tratado por ele como crucial por definir se algo é literatura ou não. Toda literatura demanda de uma construção pela qual a disposição das palavras cria um efeito de sentido que garante o impacto da mensagem ao receptor. A organização do texto, quanto a sua construção, leva o leitor a ordenar sua própria mente e sentimentos, assim organizando melhor a sua visão de mundo. Essa ordenação é o que cria a possibilidade de impressionar ao receptor. Portanto, a forma por si já cria o efeito da mensagem sobre o indivíduo e por isso comunica-se diretamente ao espírito. ‘’A mensagem é inseparável do código, mas o código é a condição que assegura o seu efeito. ‘’ (CÂNDIDO – O Direito à Literatura, p. 177).

Para exemplificar esse aspecto da literatura consideremos o samba ‘’Corrente’’ de Chico Buarque, onde o compositor utilizou de uma genial metáfora para fazer a ligação de seus versos como se esses fossem os elos de uma corrente que constituiria a estrutura do poema.

Hoje é preciso refletir um pouco

E ver que o samba está tomando jeito

Só mesmo embriagado ou muito louco

Pra contestar e pra botar defeito

Precisa ser muito sincero e claro

Pra confessar que andei sambando errado

Talvez precise até tomar na cara

Pra ver que o samba está bem melhorado

Tem mais é que ser bem cara de tacho

Não ver a multidão sambar contente.

Na segunda estrofe da canção, aparentemente o cantor repete os mesmos versos acima, mas mudando a ligação dos elos ele transforma o significado da mensagem transmitida (mudando o rumo dessa corrente). Isso deixa visível uma tentativa do autor de escapar da censura do regime ditatorial, uma vez que seus censores estariam lendo a canção e perdendo a percepção sonora criada pela nova ligação dos versos.

Hoje é preciso refletir um pouco

E ver que o samba está tomando jeito

Só mesmo embriagado ou muito louco

Pra contestar e pra botar defeito

Precisa ser muito sincero e claro

Pra confessar que andei sambando errado

Talvez precise até tomar na cara

Pra ver que o samba está bem melhorado

Tem mais é que ser bem cara de tacho.

O código utilizado nesse caso transforma a letra que pareceria ser um ‘’elogio ao samba’’ em uma voraz crítica sobre o rumo que a música está tomando em função da censura que coíbe os autores de escreverem suas opiniões quando essas são controversas ao regime vigente. Tais exemplos são provas claras de como a construção do texto conduz ao entendimento da mensagem transmitida, ainda que indiretamente. No caso da canção ‘’Corrente’’ ela é utilizada para fazer uma crítica à falta de liberdade de expressão.

O segundo aspecto constitutivo do texto literário consta em ‘’A literatura como uma forma de expressão, isto é, ela manifesta emoções e a visão de mundo de indivíduos ou grupos’’. Uma obra literária por ser produto oriundo da mente de um autor estará sempre, de alguma forma, impregnada pela sua visão de mundo ou pela visão de mundo de um grupo. Sendo assim a literatura tem a capacidade de nos transmitir emoções, ideologias, opiniões e até posições a respeito de temas pertinentes a nossa realidade. Desse aspecto surge a literatura engajada, voltada à transmissão e promulgação de ideias morais, éticas, políticas ou religiosas.

É possível citar como exemplo o controverso autor carioca João do Rio, que em sua obra ficcional sempre contrasta de forma irônica o universo de dois grupos pertencentes ao cenário urbano carioca da chamada ‘’Belle Epoche Brasileira’’. Uma minoria extremamente esdrúxula e superficial que vive de excessos e vulgaridades (a classe economicamente privilegiada) e uma classe oprimida que vive às margens da sociedade muitas vezes sujeita ao crime ou à exploração pela parte privilegiada. Isso é trabalhado pelo autor com maestria em seu

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