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É Sobre a Letra Escarlate

Por:   •  2/1/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.190 Palavras (9 Páginas)  •  197 Visualizações

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Questão 1:

Ao tratar da diferença entre vida e personagem, Antonio Candido (1969, p.58) diz o seguinte:

Na vida, a visão fragmentária é imanente à nossa própria experiência; é uma condição que não estabelecemos, mas a que nos submetemos. No Romance, ela é criada, é estabelecida e racionalmente dirigida pelo escritor, que delimita e encerra, numa estrutura elaborada, a aventura sem fim que é, na vida, o conhecimento do outro. Daí a necessária simplificação, que pode consistir numa escolha de gestos, de frases, de objetos significativos, marcando a personagem para a identificação do leitor, sem com isso diminuir a impressão de complexidade e riqueza”.

Estas últimas frases podem servir de cartilha de princípios para o leitor em formação. Aprende-se a estudar a personagem a partir da análise de material, isto é, do recolhimento para análise de gestos, de frase recorrentes, de objetos significativos, com os quais a personagem se caracteriza para o leitor.

Tendo em vista o que foi dito acima, analise os capítulos 14 e 15 do romance “The Scarlet letter”. Deve-se:

  1. Analisar os títulos dos capítulos;
  2. Analisar as personagens envolvidas, a partir da observação da escolha dos gestos, das frases e dos objetos significativos que marcam as personagens.

Ao se analisar um romance é necessário, inicialmente, ter em mente que uma obra de arte é uma edição, isto é, é uma maneira de organizar a vida e, mais do que isso, personagens podem ser descritas como seres de papel e palavra. Logo, não se deve acreditar que “uma vida dá um livro” justamente por causa disso, uma obra literária é cercada de edição, seleciona-se somente as melhores partes. O poeta inglês Samuel Taylor Coleridge possui uma expressão que se chama “Suspension of Disbelief”, em Português, “Suspensão da Descrença”. Isso significa uma permissão, uma aceitação dada pelo leitor às premissas de um trabalho de ficção em troca de entretenimento. A partir dessas informações destacadas, cabe ressaltar que é importante ao analisar uma obra prestar atenção nos gestos, frases e objetos significativos das personagens, uma vez que a ação se dá, a ação é, a personagem.

O capítulo 14 do romance The Scarlet letter/A Letra Escarlate ganha o título de “Hester e o médico”. Neste trecho do livro, Hester pede à sua filha, Pearl, que vá brincar na praia, no intuito de conversar com Roger Chillingworth, aproveitando o encontro proporcionado pelo acaso. Desde o último encontro com Dimmesdale, ela ansiava ter uma conversa com o médico sobre a promessa que fez, anos antes, no dia em que sofreu a terrível humilhação pública a qual fora submetida. A mulher, sentia-se culpada e traindo Dimmesdale, ao ocultar a informação de quem era verdadeiramente Chillingworth, pois ela acreditava que o médico, estava matando a cada dia o jovem pastor. Ela percebeu que o semblante do médico mudou e notou que ele tomou um ar “diabólico” e vingativo. Ele sabia do segredo que afligia o jovem e usava disso para atormentá-lo ainda mais sem que o mesmo percebesse. Após a conversa que tiveram, ele recomendou que Hester seguisse seu caminho e agisse da maneira que desejasse em relação à Dimmesdale.

O capítulo 15 é intitulado “Hester e Pearl”, nesta parte, Roger Chillingworth continua na sua atribuição de recolher ervas, como fazia antes de ser abordado por Hester. A mulher, fica um tempo refletindo sobre a figura daquele homem que considera asqueroso. Ela tem devaneios, como pensar se a terra é provocada para o mal, apenas com o estímulo do olhar dele ou se apenas o toque dele transformasse tudo em maligno. Ela chegou a conclusão de que odiava aquele homem e mesmo tentando repreender esse sentimento, não conseguia. Hester acreditava que Chillingworth teria a traído primeiro. Após “acordar” de seus devaneios, ela foi buscar sua filha, Pearl. A menina, durante o tempo em que a mãe conversava com o “velho”, utilizou o tempo se entretendo das mais diversas brincadeiras, que mostravam o espírito inquieto da criança, por vezes poderia parecer maldoso, quando ela jogava cascalho nos pássaros. Ao mesmo tempo, a criança lamentava ao perceber que havia machucado um bichinho tão selvagem quanto ela própria.

Uma das brincadeiras de Pearl foi fazer adornos para sua roupa até que ganhasse o aspecto de uma pequena sereia. A menina decorou em seu peito uma letra A e ficou imaginando se a mãe perguntaria o que significava aquilo.

Quando Hester encontrou a menina, logo percebeu a letra A em sua filha. Ela perguntou à criança se ela sabia o que significava aquela letra que ela carregava. A menina respondeu que era um A maiúsculo, mas a mãe insistiu na pergunta. Então Pearl respondeu que a mãe carregava aquela letra, pelo mesmo motivo que o pastor sempre colocava a mão no coração. Hester ficou desconcertada com essa declaração e agiu de forma como nunca tinha agido com a filha, ela pela primeira vez mentiu sobre o emblema que carregava. Pearl não ficou satisfeita com a resposta e perguntou inúmeras vezes o significado da letra e o motivo do pastor colocar a mão no coração. Parecia que a menina sabia do mistério que envolvia a mãe e o pastor, Pearl tinha fortes intuições que assustavam até sua mãe.

        Nos capítulos “Hester e o médico” e “Hester e Pearl” os títulos passam a ideia do que será encontrado nesses trechos. São momentos de grande importância para o enredo da história, pois nesses capítulos a personagem Hester tem conversas e momentos muito esclarecedores com Roger Chillingworth e com a sua filha Pearl. É como se fossem escancarados aspectos importantes da personalidade de cada personagem.

        Hester reflete sobre o seu presente, seu passado, sobre sua responsabilidade em esconder a real identidade de Roger do pastor e sobre sua responsabilidade de ter contribuído para o que se transformou o médico. Roger Chillingworth mostra sua face maligna, admite ser o pior inimigo do pastor, sem que o jovem perceba, mostrou seu aspecto moral falho com bastante clareza, mostra que não vê “bem possível” para ele, o pastor, Hester ou até mesmo Pearl. Entretanto, consegue ressaltar a bondade e grandes virtudes que Hester possui, declara que se ela tivesse encontrado um amor verdadeiro, não teria passado por esse mal que é carregar a marca da vergonha estampada no peito. Pearl mostra seu lado inquieto, imaginativo, de criança travessa. Suas travessuras beirando a maldade, mas seguidas de arrependimento. Sua dualidade em ser criança, mas provocar desconfianças de que possuía algo de um espírito ruim ou algo místico. Suas perguntas desconcertantes que pareciam mostrar que ela já sabia as respostas e depois seus risos irônicos.

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