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Interação oral em aulas de leitura

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Por:   •  15/5/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.372 Palavras (6 Páginas)  •  258 Visualizações

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INTERAÇÃO ORAL EM AULAS DE LEITURA

Na Lingüística Aplicada, área que lida com Linguagem e Educação, a interação se apresenta como processo de cooperação entre professor e aluno para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma adequada. Interagir, conforme explica Marchuschi (1991), é uma atividade de cooperação, discursiva, onde os interlocutores estão sempre empenhados na produção e interpretação dos sentidos no curso da interação.

O direcionamento deste processo dialógico de cooperação dependerá das intenções e atitudes dos participantes envolvidos e de como eles interpretam estas intenções (Tavares, 2007). Concordando com esta definição, para Levinson (2007), a interação é uma atividade ou trabalho compartilhado entre no mínimo dois participantes em que entram em cena os fatores contextuais, as implicaturas provenientes das intenções, as inferências, as regras sociais de uso da língua. Assim como Levinson (2007), Goffman (2002) sustenta que todo evento internacional se sustenta no contexto situacional e que são estes fatores contextuais que norteiam toda ação dos interlocutores na interação.

O aspecto extralingüístico delimita o estilo, as regras sociais de uso da fala e os valores atribuídos pelos interlocutores quando expressam as suas intenções comunicativas.

O aspecto paralinguístico diz respeito aos gestos funcionais utilizados no momento de interação. Como afirma Goffman (2002), “Muitas das propriedades da fala terão de ser vistas como alternativas a atos extralingüísticos, ou equivalentes funcionais deles” (p.19).

Os sinestésicos, por sua vez, lidam com o movimento corporal nos momentos de interação.

Estes três fatores, segundo Levinson e Goffman, caminham juntos com a expressividade oral do interlocutor e das intenções por eles estabelecidas no curso da interação.

Na sala de aula, a interação oral é uma via de mão dupla. Tanto pode ocorrer cooperação ou conflito de vozes entre os interlocutores. Segundo Bakthin (2004), a cooperação se efetua no conflito de vozes, uma vez que o produto da interação “é uma ponte lançada entre mim e os outros” (p.113), tudo isto resultando na construção de sentidos. É na utilização dos signos lingüísticos, na formulação do enunciado que o interlocutor emite a sua razão, o seu consciente delimitando o seu mundo cultural, suas crenças, e suas experiências de vida. A troca de idéias com o outro interlocutor, marcado cultural e ideologicamente também, permite que cada um possa compreender as experiências sócio-culturais de cada um e de como elas são fundamentais na construção de conhecimento como um todo. É neste cruzamento de vozes que os interlocutores podem perceber que elas (as vozes) se completam e dependem umas das outras tanto para a produção e interpretação dos significados na interação oral.

A partir do entendimento que é no contexto e dos fatores provenientes dele que os interlocutores estabelecem papéis sociais determinados.

A proposta fundamental desta dissertação é a de compreender o desenvolvimento dos meios de comunicação; a complexa reorganização de padrões de interação através do espaço e do tempo e refletir acerca da interação humana face a face, os significados ocultos na comunicação cotidiana associada à presença física – o olhar, as expressões faciais, os sentidos do corpo, o silêncio, sobre a multiplicidade de deixas simbólicas, os muitos não-ditos nas transmissões de mensagens e analisar o surgimento das indústrias da mídia como novas bases de poder simbólico; o impacto social da crescente difusão dos produtos midiáticos – a mídia se caracterizando como um campo social central nas formações sociais modernas, cultura do cyberspace – constructo tecnológico que absorve em si cada vez mais o conjunto das práticas cotidianas, dos desejos de interação humana ilimitada. Interessante observar que a linguagem, seja ela escrita, verbal, gestual ou do corpo como um todo, desempenha um papel de fundamental importância na vida dos seres humanos. O sociólogo Luiz Ernani Torres da Costa e Silva define-a como o “Elemento mais eficaz da comunicação social. Através dela são transmitidos todos os padrões culturais da sociedade, é iniciado o processo de socialização e a sociedade perpetua-se através dos tempos”.

As linguagens institucionais escolares acompanham os ritmos didáticos e pedagógicos conforme tradicionalmente exercitados nas salas de aula; as linguagens institucionalmente não escolares são aquelas que, conquanto não integrem grades curriculares e planejamentos de ensino fazem parte da vida dos alunos e dos professores. Tais linguagens, objetivamente, já estão colocadas no mundo da escola, mesmo aquela de feitio formal, e circulam sem pedir licença ou se inscreverem nos programas oficiais: é o telejornal, a telenovela, a revista em quadrinhos, o videogame etc. Para uma discussão mais detida acerca deste assunto, ler Citelli, Adilson (Org.). Aprender e ensinar com textos não escolares. São Paulo, Cortez, 1997.

Linguagens que cruzam diferentes modalidades de signos verbais e não verbais, incluindo-se, portanto, a palavra, a imagem, os gestos, os sons etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escrita, como ferramenta, é (em termos) manejada mais adequadamente pelos membros de uma sociedade letrada. Assim, para que o ensino de português favoreça o uso da escrita (escrita pragmática) pelos membros da comunidade brasileira, diminuindo a exclusão, é necessário não apenas refletir sobre os pontos levantados, mas também que haja mudança na prática escolar, i.e., se a escola não é capaz de (ou a ela não compete) mudar a conjuntura social, que pelo menos mude a conjuntura do trabalho pedagógico, o qual vende a ilusão de que, para o aluno ter acesso à escrita no nível culto da língua, o mais produtivo é priorizar o estudo da gramática normativa (prescritiva), cujo exercício contínuo, acredita alguns, levaria o aprendiz a um maior desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, redundando isso em sucesso sócio-econômico, independente da conjuntura política, econômica e social em que o aluno está imerso.

Esse é um dos indicativos do quanto o mito do letramento (autônomo) corrobora para as contradições latentes no ensino de português, já que pouco se cogita ou pouco se trabalha o letramento característico do modelo ideológico, o qual implica desenvolver a capacidade de o aluno (ou do indivíduo que se letra fora da escola) processar os diversos textos que circulam na sociedade, dando-se preferência àqueles com os quais mais se defronta, quer na modalidade oral, quer na modalidade escrita, seja quanto à recepção, seja quanto à produção dos mesmos. Daí a sugestão de estudiosos do assunto em se levar para a sala de aula, e de se trabalhar, textos de diferentes tipo e gênero, confrontando-os, diferenciando os níveis de língua empregados em cada especificidade, fazendo, como exercício, a transposição de um nível para outro, de um gênero para o outro, atentando-se para os efeitos de sentido que a pertinência, ou não, do nível de língua usado pode provocar, observando que é o contexto que convoca este ou aquele tipo e gênero de texto, bem como o nível de língua mais apropriado.

REFERÊNCIAS:

BAKHTIN, M. A Interação Verbal. In Marxismo e Filosofia da Linguagem. 11º

edição. São Paulo: Editora Hucitec, pp.110-136, 2004.

João Figueiredo

Montes Claros/MG - Brasil

Fonte: http://www.usp.br/educomradio

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa: 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental. MEC/SEF, 1998.

BUDIN, J. e ELIA, Sílvio. Compêndio de Língua e de Literatura. 2 ed. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1954.

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