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RESUMO ANALÍTICO SOBRE O TEXTO A IDEIA DE INFÂNCIA.

Por:   •  14/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.321 Palavras (6 Páginas)  •  1.401 Visualizações

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MÁYRA LUÍSA NOGUEIRA CORREIA

RESUMO ANALÍTICO SOBRE O TEXTO A IDEIA DE INFÂNCIA.

Resumo analítico apresentado como avaliação parcial da disciplina Sociologia da Infância do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Campus XVII da Universidade do Estado da Bahia. Sob a orientação do Prof. Me Josevandro Chagas Soares.

BOM JESUS DA LAPA

2017


CHARLOT, Bernard. A ideia de infância. In:___ A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação; tradução Maria José do Amaral Ferreira – Ed. rev. e ampl. – São Paulo: Cortez, 2013.

Bernard Charlot aborda sobre a ideia de infância que não é encontrada nos conceitos-chave da ideologia pedagógica, e a criança que só foi aparecer no século XIII na iconografia religiosa para representar o anjo e o menino Jesus. Percebe que na mente das pessoas, a imagem da criança é contraditória pelo fato da atribuição de características opostas umas às outras, não tomando consciência dessas discordâncias que a visão de infância limita, por vezes, têm-se a ideia da criança inocente e má, perfeita e imperfeita, dependente e independente, herdeira e inovadora e por fim, a criança é vista como prolongação do adulto. É perceptível que a criança apresenta duas faces perante a sociedade, ao modo que é atribuída essa dualidade à própria natureza infantil. O texto objetiva examinar os significados ideológicos, com ligação nas ideias de tempo, origem e ambiguidade de natureza, estudando a reinterpretação dos conceitos pedagógicos fundamentais em uma problemática da infância. Partindo da imagem da criança da maneira que é veiculada pelo pensamento pedagógico comum, até chegar à ideia de infância conceituada pelos sistemas filosóficos e pedagógicos. A criança é marginalizada econômica, social e politicamente nas sociedades, por conta da autoridade que os pais têm sobre elas, tanto na alimentação quanto na supervisão das relações com o restante da sociedade. Para Platão, a infância é vista como um momento individual da alma, e as contradições do comportamento infantil se explicam pelas características de sua alma, porém, a infância não se define somente pelo estado inicial da alma, pois como a alma é parente do inteligível, é mais fácil possuir ordem, ritmo e harmonia. Por causa da natureza contraditória, a criança se torna particularmente educável e eminentemente corruptível, sendo de todos os animais selvagens o mais difícil de manipular, assim, para Platão e todos os sistemas pedagógicos clássicos, a teoria da infância se articula a uma teoria da natureza humana e a cultura. A criança para a filosofia é um ser educável e corruptível, pelo fato de ser uma presa muito fácil para o mal, pelo fato de que a natureza humana se anuncia na criança, esta se dispõe de meios eficazes para fazer o mal. Já na filosofia clássica e a pedagogia em que nela se apoia, a infância é a idade do erro e do vício, e acontece o engano, porque se é criança antes de ser homem, o conceito de infância para a pedagogia é o da idade da corrupção, que provém da natureza da criança submetida aos sentidos e desejos, cuja razão ainda não está suficientemente desenvolvida e há falta de experiência, cabendo à educação, lutar contra a corrupção da criança. Partindo dessa definição de infância como corrupção, descobrem-se duas grandes concepções pedagógicas: pedagogia tradicional e pedagogia nova, ambas entendem a corrupção de modo diferente. A pedagogia tradicional acredita que a natureza da criança é corrompida e o papel da educação é mudar isso, já a pedagogia nova, entende a natureza da criança como uma inocência original, buscando proteger esse natural infantil, acreditando na natureza infantil corruptível, mas não naturalmente e sim socialmente. A diferença entre esses dois tipos de pedagogia é que ambas possuem interpretação oposta sobre corrupção infantil, sendo a natureza da criança corruptível, mas, para a tradicional é algo original e para a nova é social. Nos significados ideológicos veiculados pela ideia de infância, a criança é socialmente antes de tudo um ser dependente do adulto, submetida à autoridade deste, sempre considerada como inferior ao adulto, econômica, social e politicamente, independente da classe social. Essa realidade leva à criança sofrer influência dos modelos adultos, mas é impossível negar que essa influência interfere no desenvolvimento social da criança que irá enfrentar um contexto social em que ela não se insere na riqueza potencial da natureza infantil. Tudo isso se trata de um fato social e não natural, em que a criança é um parceiro social na concepção do adulto, para que isso não ocorra, a pedagogia transforma essas relações fundadas na inferioridade e na superioridade natural a criança e do adulto. Há uma relação do tipo econômico entre as duas categorias, pois o adulto vê a criança como um ser improdutivo que pesa no orçamento familiar e que necessita de cuidados que geram gastos econômicos, mas essa realidade varia de acordo as classes sociais em que a criança da família rica representa pouca coisa em relação às possibilidades financeiras da família, enquanto na classe inferior há uma desvalorização da criança em relação ao adulto, por causa dessa dependência financeira e ausência de atividade profissional. Diferenciar a criança do adulto é não esquecer que ora se trata do ser que grita e corre por toda parte, enquanto quem trabalha, a noite dorme, ora aquele ser cuja ingenuidade o descansa de uma concorrência financeira e comercial empreendedora, é dessa criança que trata a pedagogia tradicional e nova. A pedagogia mascara o significado social da educação na cultura, concebida como elevação para o absolutismo, dissimula o significado social da infância, pensa a transformação da criança como passagem de um estado natural para outro também natural, reduzindo o fato social da infância a uma problemática da natureza humana, de sua corrupção e de sua cultura. As desigualdades sociais entre as crianças não são levadas em conta pelo pensamento pedagógico, ao privilegiar todas as formas livres de expressão, não modifica nem a situação social atual da criança, nem seu destino social, muito menos seu papel na reprodução de estruturas sociais desiguais. Partindo do ponto de vista sociopolítico, a pedagogia tradicional e a nova são assimiláveis, porque a ideia de natureza humana exprime um ideal social dessocializado, uma vez que, a ideia de corrupção nasce de uma sociedade em que o lugar do indivíduo está marcado desde o nascimento, em que a origem social da criança desempenha um papel fundamental, pois ainda existe a ideia de que a criança é herdeira das gerações procedentes. A necessidade de lutar contra essa corrupção remete a uma educação que desvalorize e combata os desejos da criança e que faz da resignação uma virtude essencial. A pedagogia tradicional responde a certas necessidades da burguesia, que busca transmitir um patrimônio familiar que toma a forma de um capital, mantendo as desigualdades e as hierarquias sociais. Nesse sentido, a classe operária sofre influências da pedagogia tradicional, tendo-a como dominante, porém só a adota por conta dessa pedagogia exprimir as condições objetivas de existência do proletariado. a pedagogia nova recusa os modelos do adulto, só que a criança não pode dispensar esses modelos, tal ilusão tem sentido ideológico, pois o sentido social é ocultado pela rotulagem desses modelos como adulto. É preciso efetivamente questionar os modelos da sociedade adulta atual. O autor explicita que é importante sempre proteger e esclarecer a infância, porque as ideias do bem que se tem, sempre é apagada pela intenção de fazer o mal, desse modo, a educação deve transmitir ideias morais semelhantes para todas as crianças, não se esquecendo da necessidade da desigualdade social, uma vez que, o problema não é a relação entre a criança e o adulto, mas a relação entre a criança e o mundo social adulto, com suas estruturas e lutas, porque devemos transformar a sociedade e não os modelos éticos propostos à criança. A pedagogia considera que o problema-chave da educação não é o da infância, muito menos da natureza humana e da cultura, mas o problema essencial da educação é o da sociedade, sua organização, suas estruturas e transformação.

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