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Trabalho apresentado à disciplina Filosofia da Educação II pela Faculdade de Agudos

Por:   •  25/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  6.707 Palavras (27 Páginas)  •  437 Visualizações

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DAIANE ANDRADE DE OLIVEIRA

RESENHA DO LIVRO: DISCURSO DO MÉTODO

Trabalho apresentado à disciplina Filosofia da Educação II pela Faculdade de Agudos

Professor: Wellington Martins

Agudos SP

2011

DISCURSO DO MÉTODO

(René Descartes)

PRIMEIRA PARTE

Todos acreditam estar completamente munidos do bom senso, é improvável que estejam enganados, pois o domínio de distinguir o verdadeiro e o falso é exatamente chamado de bom senso ou razão, e que a diversidade de opiniões não quer dizer que umas são mais racionais que outras, mas sim que não consideramos sempre as mesmas coisas. Quanto a mim, nunca julguei ser melhor do que o outro, apenas desejei ser tão rápido, o pensamento diferente, com maiores conhecimentos assim como muitos, quanto à razão u senso, acredito que existe em cada um, sendo a única forma de diferenciação entre nos homens dos animais.

Valorizo muito ter encontrado determinados caminhos que me levaram a altos conceitos, onde desenvolvi meu método, dele colhi tais frutos e apesar do juízo que faço de mim mesmo, procuro sempre me apegar para o lado da desconfiança do que para a suposição, e observando com um olhar filosófico para as diversas ações dos seres humanos, não exista quase nenhuma que me pareça fútil ou inútil, não deixo de obter satisfação no progresso que acredito ter feito na procura da verdade e que se entre as preocupações do homem puramente exista alguma que seja realmente boa e importante, acredito ser a que eu mesmo escolhi, posso estar enganado ao ponto de não ser mais do que um pouco de cobre e vidro, acreditando valer mais do ouro e diamantes, afinal estamos sujeitos a nos enganar no que nos diz respeito, assim como também devem ser suspeitos as opiniões de pessoas próximas quando é a nosso favor. Portanto meu propósito não é ensinar o método que cada um deve dominar sua razão, apenas quero mostrar de que modo me esforcei para conduzir a minha.

Estudei as letras desde a infância, e como fui convencido de que através delas poderia adquirir conhecimento, sentia enorme desejo em aprendê-las, mas após o término desses estudos, acostumado a estudar nas classes dos doutores, mudei totalmente de opinião, pois me encontrava indeciso, insatisfeito com tantas duvidas e erros que não me parecia possuir outra utilidade, não me contentado com as ciências que me ensinavam. Ninguém fazia mal juízo de mim, afinal aprendia tudo o que os demais aprendiam, mas acreditava-me ter gasto muito tempo com as línguas e também com a leitura dos livros antigos, com suas historias e fabulas, pois essas leituras podem fazer imaginar como possíveis, muitos acontecimentos que de fato não são. Eu estimava muito a eloqüência e era apaixonado pela poesia, mas acreditava que seriam dons da alma, mais do que frutos do estudo. Tinha muito respeito a nossa teologia, mas não me atrevia a julgá-la sob meus raciocínios, pensava que para compreendê-la seria necessário receber ajuda sobrenatural. Quanto à filosofia, falarei que nela ainda não se encontra algo da qual não se tenha duvidas, opiniões distintas defendidas por homens sábios, podendo mais de uma ser verdadeira, eu apenas considerava como falso aquilo que era apenas provável. Com relação às outras ciências, acreditava que nada de concreto poderia ser edificar fundamentos pouco firmes. Por isso decidi me afastar totalmente do estudo das letras e aproveitei o resto de minha juventude viajando em busca de variadas experiências, fazendo uma reflexão daquilo que o próprio destino me apresentava, de modo a tirar algum proveito delas, encontrando muito mais verdades nos raciocínios cada um, forma de acordo com seus interesses, suas diversidades, sempre com o desejo de diferenciar o verdadeiro do falso, observando minhas ações oferecendo mais segurança nesta vida, com isso aprendi a não acreditar com tanta certeza naquilo me que havia sido recomendado só, por exemplo, ou hábito, me livrando aos poucos de muitos enganos não me deixavam ser capaz de ouvir a razão.

SEGUNDA PARTE

Naquela época situava-me na Alemanha, as guerras ainda continuavam, o inverno fez com que continuasse num quartel. A falta do convívio social que pudesse me distrair me fazia permanecer em um quarto aquecido entretendo apenas com meus pensamentos, dentre eles o de considerar que uma obra não possui tanta perfeição quando sua construção é baseada ou formada de varias outras peças e por mãos de diversos mestres, ou seja, é reformada, diferentemente daqueles em que um só arquiteto o faz, aplicando nela todo um calculo para que a mesma seja bem realizada. A exemplo disso acreditei com firmeza que poderia conduzir minha vida muito melhor sem me apoiar em velhos alicerces, sobre os princípios que me persuadiram na juventude, sem nunca ter analisado se eram verdadeiros. Ainda sim, aprendi desde a escola, que não podemos imaginar algo tão estranho ou pouco acreditável que algum dos filósofos pudesse ter dito, e depois de viajar e reconhecer que todos os que possuem sentimentos contrários aos nossos não são necessariamente bárbaros ou selvagens, mas sim que podem utilizar a razão igual ou muito mais do que nós mesmos, e que um mesmo homem com o mesmo espírito sendo criado com um tipo de cultura, ainda sim ele será diferente se for criado em outra, de forma que são bem mais os costumes e os exemplos vivenciados que nos convencem do que qualquer conhecimento correto, isso não quer dizer que a pluralidade de vozes é prova de que valha algo para as verdades mais difíceis de serem descobertas, por ser mais provável que um único homem as tenha encontrado do que toda uma multidão. Portanto eu decidi ir lentamente, e usar de ponderação, não quis de maneira alguma rejeitar qualquer uma das demais opiniões, que por acaso havia me convencido antigamente.

Na juventude, eu estudara um pouco de filosofia, de lógica e, das matemáticas, a analise dos geômetras e a álgebra, três artes ou ciências que pareciam poder contribuir com algo para o meu propósito. Analisando-as, percebi que a lógica, seus silogismos e a maior parte de seus outros preceitos servem mais para explicar aos outros as coisas já conhecidas, e no que diz respeito à análise dos antigos e à álgebra dos modernos, além de se estenderem apenas a assuntos muito abstratos, e de não parecerem de utilidade alguma, a primeira permanece sempre tão ligada à consideração das figuras que não pode propiciar a compreensão sem cansar muito a imaginação; e, na segunda, esteve-se de tal maneira sujeito a determinadas regras e cifras que se fez dela uma arte confusa e obscura que atrapalha o espírito, em vez de uma ciência que o cultiva. Por esse motivo considerei ser melhor buscar algum outro método que contendo as vantagens destes três, estivesse desembaraçado de seus defeitos, achei que me seriam suficientes os quatro seguintes.

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