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A Construção Social Do Sujeito

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Por:   •  21/9/2014  •  1.088 Palavras (5 Páginas)  •  2.848 Visualizações

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A construção social do sujeito

Livro: Psicologia da Educação - Cláudia Davis e Zilma de Moraes Ramos de Oliveira.

"Na Índia, onde os casos de meninos-lobos foram relativamente numerosos, descobriram-se, em 1920, duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Não tinham nada de humano, e o seu comportamento era exata¬mente semelhante àquele dos seus irmãos lobos. 1

"Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joelhos e coto-velos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápidos.

"Eram incapazes de permanecer em pé. S6 se alimentavam de carne crua ou podre, comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde foram recolhi¬das, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra; eram ati¬vas e ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca choravam ou riam. Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. Ela necessitou de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer só tinha um vocabulário de 50 palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos.

"Ela chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela e às outras com as quais conviveu.

"A sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se com outros por ges¬tos, inicialmente, e depois por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar ordens simples."'

O relato acima descreve um fato verídico e permite entender em que medida as características humanas dependem do convívio social. Amala e Kamala, as meninas-lobas da Índia, por terem sido privadas do conta¬to com outras pessoas, não conseguiram se humanizar: não aprenderam a se comunicar através da fala, não foram ensinadas a usar determinados utensílios o Instrumento* ataviais, não desenvolveram processos de pen-samento lógico.

O caso de Amala e Kamala representa, no entanto, uma exceção. Em geral, o bebê nasce, cresce, vive e atua em um mundo social. É na intera¬ção com outras pessoas que as necessidades do ser humano tendem a ser satisfeitas. Estas necessidades implicam sua própria sobrevivência físi¬ca — alimentação, abrigo, proteção ao frio etc. — e sua sobrevivência psicológica — carícias, incentivos, amparo, proteção, segurança e co-nhecimento. É por intermédio do contato humano que a criança adquire a linguagem e passa, por meio dela, a se comunicar com outros seres humanos e a organizar seu pensamento.

Vivendo em sociedade, a criança aprende a planejar, direcionar e avaliar a sua ação. Ao longo desse processo, ela comete alguns erros, reflete sobre eles e enfrenta a possibilidade de corrigi-los. Experimenta alegrias, tristezas, períodos de ansiedade e de calma. Trata de buscar consolo em seus semelhantes. Não concebe a vida em isolamento.

É também no convívio social, através das atividades práticas reali¬zadas, que se criam as condições para o aparecimento da consciência, que é a capacidade de distinguir entre as propriedades objetivas e está¬veis da realidade e aquilo que é vivido subjetivamente. Através do traba¬lho, os homens se organizam para alcançar determinados fins, respon¬dendo aos impasses que a natureza coloca à sobrevivência. Para tanto, usam do conhecimento acumulado por gerações e criam, a partir do tra¬balho, outros conhecimentos.

Ao transformar a natureza, os homens criam cultura, refinam, cada vez mais, técnicas, instrumentos — saber, enfim — e transformam a si mesmos: desenvolvem as suas funções mentais (percepção, atenção, memória, raciocínio) e a sua personalidade (sua maneira de sentir e atu¬ar no mundo).

O papel da Psicologia é investigar as modificações que ocorrem_nos processos envolvidos na relação do indivíduo com o mundo (cognitivos, emocionais, afetivos etc.), analisando os seus mecanismos básicos. Para realizar sua proposta, a Psicologia interage com outras ciências _tais como a Medicina, a Biologia, a Filosofia, a Genética, a Antropologia, a Sociologia, além da Pedagogia. Estes ramos do conhecimento estão imbricados uns nos outros, de tal forma que, muitas vezes, é difícil saber em que domínio se está atuando.

Tanto o médico como o psicólogo têm, como se sabe, interesse em entender

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