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A Evolução da Ciência Psicologia

Por:   •  5/1/2016  •  Resenha  •  4.184 Palavras (17 Páginas)  •  906 Visualizações

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Capítulo 2: A evolução da ciência psicologia

        A produção do conhecimento científico sempre se baseou em contínuo estudo, testamento de hipóteses, contraposição e contribuição de estudiosos da mesma área. Importantes descobertas feitas pelo homem não foram instantâneas: existia toda uma linha de pensamento sendo desenvolvida naquela área por muitos homens que seguiram o percurso da história analisando o objeto de estudo antes que ele fosse definido e assim desenvolvido finalmente como o que conhecemos hoje. Newton dizia que havia se "apoiado nos ombros de gigantes" pelo fato de que antes de ele sequer habitar o planeta já existia uma extensa e complexa linha do tempo com muito conhecimento já produzido.  Newton viu a maçã cair e instantaneamente criou uma lei fundamental, Arquimedes tomou banho e descobriu um dos princípios que rege grande parte de nossos avanços tecnológicos. Será mesmo? A verdade é que esses homens trabalhavam duro dia após dia em teorias a fim de contribuir para a finalização de um todo que seria o objeto de estudo, esse é o fator que alavancou suas descobertas, não o acaso ou a magnificência. Ignorar toda uma linha do tempo é ignorar todo o desenvolvimento e a história da ciência desde os pilares da antiguidade até a construção da ciência moderna. Newton se debruçou nos estudos de Galileu Galilei para desenvolver então a lei da gravitação universal como conhecemos hoje.

        Para a psicologia, a história tem por volta de dois milênios, remetindo à psicologia no Ocidente, iniciada pelos gregos, no período de 700 a.C. Sua construção está intrinsecamente relacionada ao contexto histórico e suas demandas sociais, culturais e econômicas, aliada a necessidade incessável do homem de tentar compreender a si mesmo. Os gregos eram o povo mais evoluído daquele momento histórico com cidades-estados (pólis) já estabelecidas. Para a manutenção dessas cidades se fazia necessária a obtenção de mais riquezas. Com isso, a conquista de novos territórios (Mediterrâneo, Ásia Menor, chegando quase até a China) geraram riquezas em forma de mão-de-obra escrava geradora de lucros. Riquezas também foram acumuladas através da tributação paga pelos territórios conquistados. Isso possibilitou o crescimento e esse crescimento, por sua vez, exigia soluções e aprimoramentos práticos na organização social e na agricultura. Com esse impulso, vieram os avanços na Física, na Geometria, na Política e na criação do conceito de democracia. Com esses avanços o homem pôde se ocupar com questões do espírito, como a Filosofia e a Arte. Platão e Aristóteles, por exemplo, já começavam a especular sobre o interior do homem, assim como suas ideias empreendedoras e conquistadoras.

        A primeira tentativa de sistematização da psicologia surge entre os filósofos gregos. Etimologicamente, psicologia significa “estudo da alma”. A parte imaterial do homem que abarcaria seu pensamento e sentimentos. Os filósofos que vieram antes de Sócrates tentavam definir a relação do homem com o mundo através da percepção. As discussões se baseavam na indagação de se o mundo existe porque o homem o vê ou se o homem vê um mundo já existente. Com isso, havia oposição de grupos: idealistas (a ideia forma o mundo) e materialistas (a matéria que forma o mundo já é dada para percepção). É só com Sócrates que a psicologia na Antiguidade ganha certa consistência, pois passou a se preocupar com o limite que separa o homem dos animais. Assim, a principal característica humana era constituída como a razão. A razão, a racionalidade, possibilita o homem a habilidade de sobrepor-se os instintos, base da irracionalidade. Isso abriu um caminho muito amplo para ser explorado pela psicologia. Em sequência, vieram os estudos de um seguidor de Sócrates chamado Platão. Ele procurou definir o "lugar" no qual  a razão habita no corpo humano. Seria então a cabeça o lugar onde se encontra a alma do homem. A medula, então, seria a ligação da alma (imaterial) com o corpo (material). Seguidor de Platão, Aristóteles contribuiu de forma muito inovadora e incidente ao dizer que a alma e o corpo são elementos intrínsecos e que não podem ser dissociados. Para ele, a psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma. Os vegetais teriam a alma vegetativa, que se define pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem a função pensante. Aristóteles chegou a estudar as diferenças entre a razão, a percepção e as sensações. Isso ficou registrado em Da anima pode ser considerado o primeiro tratado em Psicologia. Ao longo de 2.300 anos os gregos haviam formulado duas teorias: a platônica (imortalidade da alma e concepção da mesma separada do corpo) e a aristotélica (mortalidade da alma e sua codependência direta com o corpo).

        Com o advento do Império Romano, deu-se o surgimento e desenvolvimento do cristianismo, que passaria de religião para força política dominante. A psicologia nessa época refletirá seu contexto histórico, sócio-cultural e político e com isso será possível notar o monopólio do saber que foi estabelecido pela Igreja Católica. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino são filósofos representantes desse período. Santo Agostinho era inspirado por Platão mas, para ele, a alma não era somente a fonte da razão, mas também a manifestação divina no homem. A alma era imortal (concordando com Platão), mas por ser o elemento que liga o homem a Deus. São Tomás de Aquino já presenciava a ruptura da Igreja Católica e o aparecimento do protestantismo — a transição para o capitalismo com a revolução francesa e a revolução industrial na Inglaterra. Novamente, o contexto histórico reflete na produção de saber do homem: com tal crise econômica e social, o homem passa a questionar a Igreja e dos conhecimentos estabelecidos por ela. São Tomás de Aquino buscou em Aristóteles a distinção entre essência e existência. Como o filósofo grego, Aquino acreditava que o homem buscava a perfeição através de sua existência. Entretanto, introduzindo um novo ponto religioso na teoria, ele afirma que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência de equilibrada. Isso leva ao pensamento de que a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus. São Tomás de Aquino busca argumentos racionais para justificar dogmas religiosos e continua monopolizando o estudo do psiquismo por algum tempo.

        Quando o mundo europeu começa a passar por transformações radicais por volta de 200 anos após a morte de São Tomás de Aquino, o Renascimento se estabelece. Um processo de valorização do homem é iniciado. O antropocentrismo se torna base do movimento renascentista, em contraposição ao teocentrismo da Idade Média. O mercantilismo levou à descoberta de novas terras e com isso o acúmulo de riquezas por nações em formação (França, Itália, Espanha, Inglaterra). Ao transitar para o capitalismo, uma nova forma de organização social e econômica começou a ser formada. Nesse período, René Descartes, um dos filósofos que mais contribuiu para o avanço da ciência, postula a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o homem possui uma substância material e uma substância pensante, e que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina. Essa dualidade contribui para o estudo do corpo humano morto, o que era proibido nos séculos anteriores (o corpo era considerado sagrado pela Igreja, por ser a sede da alma). A dessacralização do corpo possibilitou o avanço da Anatomia e da Fisiologia, que iria contribuir em muito para o progresso da própria Psicologia.

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