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A Masculinidade Hegmônica

Por:   •  2/4/2017  •  Resenha  •  2.498 Palavras (10 Páginas)  •  368 Visualizações

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Fichamento 2

Masculinidade Hegemônica

Caio Augusto R.M.Januário

Prof. Wiliam – Gênero, Raça e Sexualidade

3° ano de psicologia – Vespertino/Noturno

Unesp Assis

Introdução

O conceito de masculinidade hegemônica  desenvolvido em meados dos anos 80, proporcionou o desenvolvimento de ligações do estudo do homem, em outras áreas.Encontrou uso em campos aplicados que variam desde a educação ao trabalho antiviolência até a saúde e o aconselhamento. O conceito gerou certo tom critica de vários campos de estudos: sociologia, psicologia, antropologia. No entanto, mesmo sendo um conceito contestado, trata de assuntos corriqueiros nas lutas contemporâneas sobre poder, liderança, transformações na família e na sexualidade.

Origem, Formulação e Aplicação

O conceito de masculinidade hegemônica foi citado à primeira vez em relatórios de estudos de campo sobre desigualdade social em escolas da Austrália. Os estudos que geraram a pesquisa são do artigo “ Towards a New Sociology of Masculinity” , que criticou o papel sexual masculino. Por outro lado o artigo Gender and Power, sobre “masculinidade e feminilidade enfatizada” se tornaram a fonte mais utilizada para o uso do termo masculinidade hegemônica. Esse conceito formulado por pesquisadores australianos mostrou uma síntese de idéias consideravelmente divergentes. No entanto pesquisas em outros países, mostraram  uma idéia madura para uma futura síntese de idéias. As fontes mais básicas de pesquisa foram as teorias do feminismo contra o patriarcado. Ativistas feministas também citaram não apenas ao preconceito pelo fato de ser mulher, mas também o de raça, aumentando ainda mais o campo de crítica. A psicologia social em conjunto com a sociologia reconheceu a natureza social do papel da masculinidade e suas formas de transformação no comportamento do homem. Ao longo da década de 1970 ocorreu uma excessiva produção de material criticando os papéis do comportamento opressivo  do homem. Essa produção gerou base de conteúdo para os movimentos antissexistas. A masculinidade hegemônica não é igual a outras masculinidades. Ela se difere no fato de ser normativa, de possuir um caráter de subordinador. Homens que desde sempre foram imersos no antro do patriarcado, mas não adotaram suas práticas, normalmente adotaram uma cumplicidade masculina. Hegemonia nesse caso não representava violência, poder pela força, mas sim um domínio pavimentado pela ascendência cultural e instituições. Esses conceitos eram abstratos em vez de descritivos, definidos em termos da lógica do sistema patriarcal de gênero.O conceito de masculinidade hegemônica, formulado nesses termos, encontrou uso imediato. No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, pesquisas sobre homens e masculinidade estavam se consolidando como um campo acadêmico, apoiado por uma série de conferências, pela publicação de livros e revistas acadêmicas, e rapidamente expandiu a agenda de pesquisas nas ciências sociais e humanidades. Esse novo conceito foi utilizado em estudos voltados para dinâmicas em salas de aula, padrões de bullying entre meninos. O conceito também influenciou a o estudo da criminologia, demonstrando que certos tipos de crime eram monopolizados por homens. Nas mídias o conceito também teve seu peso ao notar propagandas de esporte.

Críticas

Cinco principais críticas têm sido avançadas desde que o debate sobre o conceito começou no início dos anos 1990.

I) O conceito subjacente de masculinidade

O conceito falho de subjacente da masculinidade é de origem pós estruturalista e realista. O conceito de masculinidade é debatido, por ter sido inserido no meio de uma concepção heteronormativa binária entre macho/fêmea, ignorando as diferenças de gêneros. A idéia de masculinidade  e ligado ao fato, de essa causar um divisão do sexo biológico versus gênero cultural. A masculinidade não é uma entidade fixa encarnada no corpo ou nos traços da personalidade dos indivíduos. As masculinidades são configurações de práticas que são realizadas na ação social e, dessa forma, podem se diferenciar de acordo com as relações de gênero em um cenário social particular. A idéia de masculinidade influencia e altera o corpo é umas das críticas, mais alarmantes.  A masculinidade de atletas profissionais, que chega ao nível de usar corpos como armas, e a permanência de danos nos corpos dos homens foram examinados. Discussões teóricas exploraram a relevância de uma “nova sociologia do corpo”, Críticas ao conceito de masculinidade fazem mais sentido quando apontam uma tendência, tanto nas pesquisas como na literatura popular, de dicotomizar as diferenças entre homens e mulheres. Como Brod precisamente observa, há uma tendência no campo de estudos sobre homens de presumir “esferas separadas”, de proceder como se as mulheres não fossem uma parte relevante da análise e, dessa forma, estudar as  masculinidades através do olhar exclusivo sobre os homens e sobre as relações entre homens. Como Brod também argumenta isso não é inevitável. A cura reside em tomar uma abordagem consistentemente relacional do gênero, não em abandonar os conceitos de gênero ou masculinidade.

II) Ambigüidade e Sobreposição

As primeiras críticas de masculinidade hegemônica surgiram a partir da questão: quem representa a masculinidade hegemônica?  Geralmente é familiar, devido a representatividade do homem em prover o lar. Existe a dúvida de onde especificamente a masculinidade se objetiva na prática,no entanto. De forma corriqueira ela é demonstrada na forma de se embriagar, entrar numa briga para defender o ego, colocar a vida em risco,e diversas outras formas.  Estudiosos debatem a que o conceito falha na especificação de como a conformidade à masculinidade hegemônica realmente se objetiva na prática, sugere-se que há uma confusão sobre quem é realmente um homem hegemonicamente masculino será John Wayne ou Leonardo DiCaprio; Mike Tyson ou Pelé? ? Ou talvez, em diferentes momentos, todos eles? . É desejável eliminar qualquer uso da masculinidade hegemônica como fixa, como um modelo trans-histórico. Esse uso viola a historicidade do gênero e ignora a evidência massiva das transformações nas definições sociais da masculinidade

III) O Sujeito Masculino

Autores da área argumentam que a ideia de masculinidade hegemônica, se conceitua em uma teoria não satisfatória do sujeito. Desenvolveram essa crítica a partir do ponto de vista da psicologia discursiva, argumentando que a masculinidade hegemônica não pode ser entendida como uma estrutura estabelecida de caráter de qualquer grupo de homens. É sugerido que se devem compreender as regras hegemônicas, a partir das posições de sujeito e das situações propostas. Os homens podem se esquivar dentre múltiplos significados de acordo com suas necessidades situacionais. Os homens podem adotar a masculinidade hegemônica quando é desejável, mas os mesmos homens podem se distanciar estrategicamente da masculinidade hegemônica em outros momentos. Consequentemente, a “masculinidade” representa não um tipo determinado de homem, mas, em vez disso, uma forma como os homens se posicionam através de práticas discursivas. O conceito de masculinidade hegemônica foi originalmente formulado com uma forte consciência de argumentos psicanalíticos acerca do caráter multifacetado e contraditório da personalidade, da contestação cotidiana como parte da vida social e da mescla de estratégias necessárias a qualquer tentativa de sustentar a hegemonia.  É um tanto quanto irônico que o conceito seja criticado por simplificar por demais o sujeito, mas com certeza é verdadeiro o fato de que muitas vezes foi empregado de formas simplificadas. O conceito padroniza o sujeito apenas se ele é reduzido a uma dimensão única das relações de gênero (usualmente o simbólico) e se ele é tratado como uma especificação da norma. A linguagem conceitual do pós-estruturalismo é apenas uma forma de fazê-lo; a psicanálise e o modelo da agência no seio de estruturas sociais contraditórias são outras.

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