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A Musica Na Relação mãe - Bebé

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Por:   •  11/4/2014  •  3.833 Palavras (16 Páginas)  •  148 Visualizações

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Relações Amorosas – Memorial do Convento

Relação entre D. João V e D. Maria Ana de Áustria

D. João V, O Magnânimo

Rei de Portugal de 1706 a 1750. É símbolo do monarca absoluto, vaidoso, egocêntrico e megalómano (daí o seu cognome). Pretende deixar como marca do seu reinado uma obra ímpar – O Convento de Mafra, construído sob o cumprimento da promessa de que se tal obra fosse edificada, nasceria o tão desejado infante à coroa portuguesa.

D. Maria Ana de Áustria

Esposa de D. João V tem como única missão dar herdeiros ao rei e satisfazer os seus desejos e caprichos. Simboliza, por isso, a mulher submissa ao homem, sem vontade própria nem autoridade.

 Através desta breve caracterização de D. João V e de D. Maria Ana Josefa verifica-se a ausência de afecto e amor entre o casal real.

D. João V casa-se, em 1708, com D. Maria Ana “que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou.” Perante tal facto, murmura-se na corte que “ a rainha, provavelmente, tem a madre seca”, pois, com certeza que a culpa não é do rei, “primeiro porque a esterilidade não é mal dos homens, das mulheres sim” e também “porque abundam no reino bastardos da real semente e ainda a procissão vai na praça.” (Cap. I)

Sobrevalorização do homem em relação à mulher; casamento por procuração; relações adúlteras por parte do rei (infidelidade).

“Mas nem a persistência do rei, que, salvo dificultação canónica ou impedimento fisiológico, duas vezes por semana cumpre vigorosamente o seu dever real e conjugal, nem paciência e humildade da rainha que, a mais das preces, se sacrifica a uma imobilidade total depois de retirar-se de si e da cama o esposo, para que não perturbem os líquidos comuns, escassos os seus por falta de estímulo e tempo, e cristianíssima retenção moral, pródigos os do soberano, como se espera de um homem que ainda não fez vinte e dois anos, nem isto nem aquilo fizeram inchar até hoje a barriga de D. Maria Ana. Mas Deus é grande.” (Cap. I)

 Cumprimento do dever real – D. João V e D. Maria Ana não se amam; A rainha limita-se a obedecer e a respeitar as suas regras e deveres. Relações obrigatórias para procriar.

“Vestem a rainha e o rei camisas compridas, que pelo chão arrastam, a do rei somente a fímbria bordada, a da rainha bom meio palmo a mais, para que nem a ponta dos pés se veja…”,”D. João V conduz D. Maria Ana ao leito, leva-a pela mão como no baile o cavaleiro à dama, e antes de subirem os degrauzinhos, cada um de seu lado, ajoelham-se e dizem as orações acautelantes necessárias, para que não morram no momento do acto carnal, sem confissão, para que desta nova tentativa venha a resultar fruto… ”, “Quanto a D. Maria Ana, é de crer que esteja rogando os mesmos favores, se porventura não tem motivos particulares que os dispensem e sejam segredo do confessionário.” (Cap. I)

 Formalidade entre o casal; a religião comanda as acções/ actos do casal real; receio das consequências do acto sexual, que é visto como um pecado; suspeita de infidelidade por parte da rainha.

“…sempre cuida a rainha que seria sua obrigação levantar-se para as últimas orações, mas, tendo de guardar o choco por conselho dos médicos, contenta-se com murmurá-las infinitamente, passando cada vez mais devagar as contas do rosário, até que adormece…”.(Cap. I)

 De maneira a garantir que, finalmente, D. Maria Ana dará ao Reino um herdeiro, esta terá de “guardar choco”, não levantando-se para as obrigatórias orações.

“… Aqueles outros sonhos que sempre D. Maria Ana tem, vá lá explicá-los, quando el-rei vem ao seu quarto, que é ver-se atravessando o Terreiro do Paço para o lado dos açougues, levantando a saia à frente… enquanto o infante D. Francisco, seu cunhado, … dança em redor dela…”, “Também deste sonho nunca deu contas ao confessionário…”.(Cap. I)

 D. Maria Ana não ama o seu marido. A rainha tem uma atracção pelo seu cunhado – o infante D. Francisco, portanto, neste excerto está comprovada a infidelidade da rainha para com o seu marido e para com a religião, pois nunca confessou tal sonho no confessionário.

“Também D. João V sonhará esta noite. Verá erguer-se do seu sexo uma árvore de Jessé, frondosa e toda povoada dos ascendentes de Cristo… e depois dissipar-se a árvore e em seu lugar levantar-se, poderosamente, com altas colunas, torres sineiras, cúpulas e torreões, um convento de franciscanos…”. (Cap. I)

 D. João V sonhará, nessa noite, com o filho que poderá advir da promessa da construção do Convento de Mafra.

“Agora não se vá dizer que, por segredos de confissão divulgados, souberam os arrábidos que a rainha estava grávida antes mesmo que ela o participasse ao rei.”, “Agora não se vá dizer que el-rei contará as luas que decorrerem desde a noite do voto ao dia em que nascer o infante, e as achará completas. Não se diga mais do que ficou dito.”,”Saiam então absolvidos os franciscanos desta suspeita, se nunca se acharam noutras igualmente duvidosas.” (Cap . II)

 Profunda ironia de Saramago que remete para a desconfiança de que D. Nuno da Cunha (bispo inquisidor-mor), através do confessor de D. Maria Ana (frei António de S. José), terá sabido da gravidez da rainha muito antes do rei, pelo que terá dado com todas as garantias de que se fosse construído um Convento em Mafra, o desejado herdeiro nasceria; retira-se a ilação de que o frade poderá ser o pai do infante; verifica-se, também, a violação do segredo da confissão.

“De tais desafogamentos se vêem privadas as rainhas, principalmente se já estão grávidas, e do seu legítimo senhor, que por nove meses não voltará a aproximar-se delas…”. (Cap. III)

 Segundo a tradição, a Quaresma era a única época do ano em que as mulheres podiam percorrer as igrejas sozinhas. Porém, frequentemente, desviavam-se do seu trajecto de fé para ir ao encontro dos seus amantes. De tal sorte não gozava D. Maria Ana, pois para além de ser rainha, estava grávida. Como tal, tinha de “guardar choco” e esperar pelo nascimento do tão desejado rebento.

“Para este dia baixou el-rei da sua grandeza e majestade e assistiu, não por trás das rótulas, mas público, e não na sua tribuna, mas na da rainha, em mostra do muito respeito que lhe merecia, assim posta a feliz mãe ao lado do

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