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A Psicologia Do Amor

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Por:   •  13/10/2013  •  2.264 Palavras (10 Páginas)  •  272 Visualizações

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A psicologia do amor

No mundo em que vivemos é moeda corrente as pessoas só quererem fazer o que lhes agrada. Que seja por prazer do corpo, ou pelo prazer de ter dinheiro, ou pelo prazer de se sentir influente, livre e independente, somos formados, à nossa revelia, a detestar as coisas árduas, maçantes, rotineiras, obrigatórias. Que elas tenham um quê de dificuldade ninguém discute. Que a nossa tendência seja a de diminuir a dureza das suas realizações, é compreensível. O que não pode ser é a revolta tomar conta do nosso coração sempre que temos alguma coisa obrigatória a fazer. No fim das contas, tudo o que é de nosso dever é feito com pressa, de qualquer maneira, sem a atenção necessária ou pelo dinheiro que vamos receber. A revolta a que me refiro não é necessariamente uma revolta barulhenta e explosiva. Pode ser apenas o sentimento surdo e escondido de um ódio acumulado.

Se examinarmos com atenção o ambiente cultural em que vivemos, constatamos, por exemplo, que os homens do nosso tempo passam a semana em função da sexta-feira, aguardando o fim do serviço do último dia útil para, enfim, voltar a ser "normal". O que significa ser "normal"? Para uns, passar o tempo numa festa, numa discoteca, na porta de um botequim assando uma carninha na brasa e tocando um som com os amigos. Para outros, o sofá e a televisão, umas latinhas de cerveja. Muitos preferem passar duas horas num engarrafamento para ir à praia. Tudo isso, é claro, regado com algum sexo, muita alegria, e a sensação de que não há entrave para nada, que somos poderosos para fazer tudo, ao menos durante algumas horas, até que o monstro da segunda-feira volte a rosnar nos obrigando a retomar a vida maçante do trabalho. Vejam que não trato aqui do descanso merecido e legítimo, mas da busca de uma liberdade total que é mais um posicionamento cultural – melhor seria dizer espiritual: não enquanto coisa religiosa propriamente, mas enquanto coisa do espírito humano.

Quando se trata das crianças, já de há muito que é assim. Não se pode mais imaginar um adolescente que ame o seu estudo, como aquela obrigação amorosa que o eleva e o forma no saber. Nem se pode dizer que é culpa deles, pois há décadas que o estudo é sinônimo de dinheiro. Eles se arrastam até uma faculdade e são precipitados no liquidificador do que se chama "mercado de trabalho" onde brilha a purpurina de um futuro paradisíaco do dinheiro que tudo compra. Eles também, pobres crianças, só pensam na sexta-feira e nas férias. Depois, é a praia, as festinhas, a liberdade. Daí a grande revolta típica do nosso mundo "evoluido" quando os pais procuram orientar seus filhos em alguma atividade formadora, cultural ou religiosa. Eles encaram esta tentativa como o grande obstáculo à sua liberdade e já não temem mais enfrentar os pais e lhes jogar em rosto uma série de insultos.

Amor ou amor

No entanto, ainda hoje, sabemos que certos fatos ocorrem, na vida das pessoas, que contrariam essa cruel orientação subliminar que recebemos da sociedade moderna. Falo, por exemplo, da mãe que passa a noite cuidando do filho doente ou do bebê que chora. Igualmente, o soldado. Antigamente os soldados eram formados para dar a vida pela Pátria. Hoje, movidos pelo espírito do "funcionário público", nossos soldados são requisitados para combater a dengue, enquanto os marginais assassinos nos devoram e riem-se das autoridades. Mas antigamente havia soldados que davam suas vidas pela Pátria. Os próprios governantes, quando não são movidos pela propina fácil ou por um sonho ideológico, se abstêm de muitas coisas para trabalhar pelo bem-comum.

E eu pergunto: o que os move a renunciar a tudo por uma obra que lhes é imposta de fora, que não corresponde ao que eles gostariam de estar fazendo, mas que fazem assim mesmo? O que pode ser tão forte a ponto de tornar o homem infeliz caso não fizesse aquilo? A resposta é simples: eles são movidos pelo Amor. Já sabia disso Camões:

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

Mas se é o Amor que os move, então o que move os homens na busca desenfreada pelos prazeres e pela liberdade, como constatamos no início? E eu respondo: o que move os homens a fazer somente o que lhes agrada é o amor sentimental. Chamo assim a esta paixão da alma que nos move em busca do bem deleitável, do bem que nos agrada. Nem sempre ele é mau, pois alguns objetos são dignos do nosso amor sentimental. O que vai determinar a retidão desse amor é justamente a sua afinidade com o Amor espiritual, de modo a não contrariá-lo. Esse amor sentimental, que escrevo com letra minúscula, distingue-se, por outro lado, do Amor maiúsculo porque este último é espiritual, ato da nossa vontade espiritual e livre, que nos move segundo a razão, mesmo quando vai contra aquilo que nossas paixões nos mostram como agradável e prazeiroso.

É assim que nossas obrigações são obras de um Amor mais profundo e verdadeiro. Mesmo se não quiséramos fazer aquilo, temos uma determinação total e certeira de que devemos fazer, e esta determinação é que caracteriza o verdadeiro querer, o verdadeiro Amor. E este Amor é tão determinante que deixa longe para trás todos os prazeres que gostaríamos de ter: a mãe esquece o seu sono, o pai esquece o seu cansaço, o soldado esquece a sua vida, porque a Pátria o chama, conta com ele, para que ele realize o seu Amor total, como um dia, ainda moço, ele sonhou poder realizar. O fato é que o Amor de obrigação nos determina até a morte.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

Virtudes e vícios

Uma vez estabelecida a existência dos dois amores em nós, um baixo e sentimental, outro elevado e espiritual, procuremos estabelecer suas características próprias: Enquanto o amor sentimental é todo centralizado em si mesmo, sendo fonte de egoísmo, já o Amor espiritual projeta-se para fora de si, em busca de um objeto mais elevado. Deus e o próximo. É amor de Caridade.

Enquanto o amor sentimental tem a tendência de nos inclinar à irritação diante dos impecilhos para a nossa liberdade, já o Amor espiritual nos inclina

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