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A Transexualidade e Psicologia Social

Por:   •  5/2/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.625 Palavras (11 Páginas)  •  294 Visualizações

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Transexualidade e Psicologia Social

Tairinne Gabriela Rocha dos Santos

RESUMO: Este artigo pretende discutir sobre o tema Transexualidade a luz da Psicologia Social. Busca-se discutir, a partir de tais conceitos, a vida social destes indivíduos, bem como, construir um breve olhar sobre as mais variadas formas de preconceito e exclusão sofrida por eles, na sociedade, bem como sua identidade. Para isso foi utilizada a reportagem “O Nascimento de Joyce” publicado no Jornal do Commercio, Recife, Pernambuco, onde narra a história de uma transexual para conseguir a realização da cirurgia e uma aceitação da sua nova identidade pela sociedade.

Palavras Chaves: Transexualidade, Preconceito, Exclusão, Identidade.

A transexualidade já foi classificada como transtorno mental, atualmente ela tem sido vista como Transtorno de Identidade de gênero, por ser menos preconceituoso, porém ainda encontra-se classificada como doença na Classificação Internacional de Doenças. Há várias explicações para a decorrência deste transtorno, da parte biológica e psicológica do sujeito. Alguns estudos apontam que estruturas neurológicas, e hormonais podem influenciar na identificação de gênero. Já do ponto de vista psicológico a interação dos pais com a criança, a interpretação que ela faz das atitudes paternas, e sua interação com outras crianças podem influenciam na gênese de sua identidade de gênero. Como afirma Quaglia:

Existe muita controvérsia acerca da etiologia do transexualismo. Entendemos que a transexualidade pode ser determinada por uma alteração genética no componente cerebral, combinando com alteração hormonal e o fator social (Quaglia 1980, citado por Vieira 2000).

O transexual apesar de ser anatomicamente de um sexo se identifica como do sexo oposto, isso vai ocasionar um sofrimento psíquico levando-o a procurar alternativas para modificar o seu corpo e torna-se assim mais próximo fisicamente do seu sexo psicológico. Alguns adotam comportamentos típicos do sexo oposto, utilizam vestimentas e utensílios. Com o intuito de modificar o físico muitos usam hormônios, aplicação de silicone e a cirurgia tanto a ortofaloplastia quanto a vaginoplastia.

A reportagem “O nascimento de Joicy”, publicado nos dias 10,11 e 12 de abril de 2011 no Jornal do Commercio, Recife, PE, que trata da trajetória de uma transexual para conseguir a realização de uma cirurgia de mudança de sexo onde podemos observar os conceitos da psicologia social de estereótipo, exclusão, violência, identidade, preconceito e discriminação. Sua história relata as dificuldades encontradas pelos transexuais no meio familiar, social e jurídico para a aceitação e realização do nascimento de uma nova mulher.

A Identidade é uma construção social formada através da alteridade, é a partir do objetivo de diferenciar-se do outro que se cria o eu.

“(...) a busca da identidade, isto é da representação e construção do eu como sujeito único e igual a si mesmo e o uso desta como referência de liberdade, felicidade e cidadania, tanto nas relações grupais como intergrupais e internacionais.” (Souza, Trindade 2004). 

É a partir do sentimento de semelhança que o indivíduo se sente parte de um grupo, essas semelhanças seriam: comportamentos, vestimentas, culturas, faixa etária, crenças entre outros fatores.  

Cada grupo identitário possui características singulares, porém não podemos rotular pessoas devido as mesmas. Quando atribuímos traços de personalidade, comportamentos e atributos físicos a grupos ou pessoas estamos estereotipando. O estereótipo é a base cognitiva do preconceito, é derivado do grego stereos e túpos que significam rígido e traço. Estereótipo “são as crenças sobre características pessoas que atribuímos aos indivíduos ou grupos” (Assamar, Jablonski, Rodrigues, p. 150, 1999).  

O preconceito está atrelado a atos e pensamentos hostis a cerca de um grupo.

“Assim o preconceito poderia ser definido como uma atitude hostil ou negativa em relação a um determinado grupo, não levando necessariamente, a atos hostis ou comportamentos persecutórios”. (Assamar et al., 1999).

A lógica da exclusão parte da identidade de um grupo que se afirma para negativar o outro. A identidade pode ter duas funções, a primeira seria distinguir os grupos de uma massa homogênea como já foi discutido, e o segundo seria criar argumentos de acordo com ela para respeitar a alteridade em uma sociedade democrática, porém pode criar mecanismos de defesa contra o estranho é através desse viés que se dá a exclusão.

Identidade é conceito político ligado ao processo de inserção social em sociedades complexas, hierarquizadas e excludentes, bem como ao processo de inserção social nas relações internacionais. O clamor pela identidade quer para negá-la reforça-la ou construí-la, é parte do confronto de poder na dialética da inclusão/exclusão e sua construção ocorre pela negação dos direitos e pela afirmação de privilégios. Ela exclui e inclui parcelas da população dos direitos de cidadania, sem prejuízo à ordem e harmonia social. (Souza, Trindade 2004).

O menino João Batista, filho de Irene e Eupídio Luiz, nasceu em uma área rural de Alagoinha, Campo de Magé. Viviam uma vida rural simples, todos os filhos ajudavam na plantação. João ajudava nos afazeres domésticos, apesar de ser um trabalho designado as mulheres da família. Os filhos do casal no total somavam 14 crianças, João fazia parte dos nascidos homens. A sua mãe pensava que ele era homem, pois se tinha nascido homem seria homem e ponto final. Apesar de a família declarar que ele era do sexo masculino, João não se sentia assim, ele já se identificava com o sexo feminino, quando o seu pai faleceu, João resolveu suicidar-se e dar à luz a Joicy. A família não aceitou sua nova identidade, “Luiz Carlos, que até hoje mora com a mãe, não admitia aquela inédita feminilidade do irmão (até hoje não se falam)”. Um dos indícios dessa não aceitação é a negação da família em aceitar o novo nome assumido por Joicy, e só se referirem a ela como João.

  A transição de Joicy a identidade de mulher foi começando aos poucos. Suas primeiras atuações profissionais foram em áreas tidas como masculinas como agricultura e eletricista, logo ele começou a desempenhar funções mais femininas como vendedora, cozinheira e por fim sua atual profissão de cabelereira, que é muito estereotipada como profissão do grupo feminino e LGBTT*. Como a própria afirma “Adotei essa profissão porque era mais fácil para pessoas do meu tipo.”

Joicy já tinha se firmado como mulher no gênero, mas ainda restava vestígios anatômicos do sexo masculino, o pênis. Ela então ouve no rádio que há uma cirurgia de retirada do pênis através do Sistema Único de Saúde (SUS), é a partir dessa notícia que começa a busca do seu ideal de tornar-se fisicamente mulher.

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