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A Ética da Reciprocidade: dialogo com Martin Buber

Por:   •  8/4/2022  •  Ensaio  •  920 Palavras (4 Páginas)  •  69 Visualizações

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Ética da Reciprocidade: dialogo com Martin Buber ()

O modo Eu – Isso e o encontro Eu e Tu

VERÍSSIMO, L. J. A ética da reciprocidade: diálogo com Martin Buber. Rio de Janeiro: UapÊ, 2010, 201p.

          “Martin Buber (s.d) apresenta uma concepção do ser humano e sua relação com os demais seres humanos, com o mundo e com Deus a partir de dois modo básicos de relação: Eu e Tu e Eu – Isso”. (p.87)

         Veríssimo (2010) aponta uma forma de conceber “relação” que se insere na mentalidade de algumas pessoas como se tratando da mentalidade que identifica “relação” como uma composição de pares de opostos na forma da contraposição de dois elementos distintos: o sujeito e o objeto, a alma e o corpo […]. Sendo considerado, nesta composição, que cada elemento sustenta uma identidade inflexível, que não se altera nas interações, conservando-se em sua “pureza original”.  A partir dessas distinções, são idealizadas escalas valorativas: o homem se reconhece superior à natureza, a atividade intelectual prepondera sobre a afetividade e sobre a expressão corporal […]. (p.88)

         No plano da relação intersubjetiva, observamos a exaltação de uma subjetividade independente e autônoma, ou entendida por “autenticidade” (p.88)

         Para o autor, “observar algumas formas cotidianas de as pessoas se relacionarem nos ajuda a visualizar uma fenomenologia do eixo Eu – Isso”.  (p.89)

         “Um indivíduo estabelece contato com outro. Por vezes, ambos se desejam fraternal, e até apaixonadamente. Frequentemente observamos que, apesar disso, cada um deseja afirmar na relação a sua “personalidade”, não abrir mão nas suas relações da centralidade dessa “personalidade”, de tal modo que o que mais importa é “ser autêntico”, exercitar e desenvolver unicamente a afirmação do “eu” através da relação. Não poucas vezes, constatamos como resultado de tal quadro mais uma tentativa de se defender do outro do que um encontro propriamente dito entre as pessoas”.  (p.89)

           “Surge à nossa mente, nesse instante, o pensamento do filósofo Martin Heidegger. O que define o ser humano para Heidegger é justamente a condição originária de ele se revelar como um ser que vai ao encontro do mundo nas suas relações. Nessa interação, ele faz a si e constrói o mundo. Não é, pura e simplesmente, um ser localizado num mundo. O ser humano lança-se no mundo em um modo de ser relacionado indissociavelmente com o mundo. Donde o significado do “tocar” quanto ao mundo da relação é bem distinto do tocar das coisas “porque, em princípio, a cadeira não pode tocar a parede mesmo que o espaço entre ambas fosse igual a zero. Para tanto, seria necessário pressupor que a parede viesse ao encontro “da” cadeira”.  Quem oferece a possibilidade de ir ao encontro são os seres humanos (e há quem admita os animais), e não as coisas”.  (p.90)

            “Ao ler Heidegger, Sartre e Buber é possível observar que as pessoas volta e meia se apresentam umas perante as outras como se pudessem tornar-se coisas. Dessa forma, estabelecem-se relações não pessoa-pessoa, mas objetais. Assim, nessa condição, tal como o que ocorre com a cadeira e a parede imaginadas por Heidegger, os indivíduos se tocam, mas não se encontram, ou melhor, eles se esbarram, não se encontram efetivamente, mesmo que o espaço entre eles seja igual a zero.” (p.90)

          “O ‘Tu’ e o ‘Isso’ são denominações para designar a alteridade e a nossa forma de intencioná-la.” (p. 93) sendo ambos constitutivos da experiência humana. No modo Eu-Isso humanos agem e pensam como coisas (objeto-objeto), suportados por uma cultura narcisista. Veríssimo evoca que isso ocorre quando se fala ‘para’ ou ‘sobre’ alguém.  O modo de relação Eu e Tu implica no falar ‘com’, sob a perspectiva dialogal, não comportando dualismos (eu/mundo, dentro/fora, etc.) e sim, a comunicação entre as diferenças, “na medida que não permanecem fechados em su mesmos”.  (p.93).  Ao promover uma lógica do ‘entre’, o Tu acontece diante do Eu sem que seja preciso procurá-lo, uma vez que “o centro dessa relação não reside mais em um eu, nem no outro” (p.93).  

         

          Por fim, “para rematar de forma mais bem acabada o nosso pensamento, concluímos que o ser humano deixa de ser uma “coisa”, um conceito, um dado experimental ou estatístico quando vislumbra no horizonte de sua existência um Tu, e ele próprio se apresenta como um Tu. Dessa forma, ambos afirmam plenamente a sua pessoa. Essa constatação nos remete a evocar um elemento fundamental na composição do modo Eu e Tu, a reciprocidade: “Relação é reciprocidade. Meu Tu atua sobre mim assim como eu atuo sobre ele. Nossos alunos nos formam, nossas obras nos edificam. (...) Nós vivemos no fluxo torrencial da reciprocidade universal, irremediavelmente encerrados nela.” (p.99)

           Assim, a relação com o Tu é imediata, integradora e mística, apesar de ser fugaz como “um breve lampejo”. Veríssimo (2010) define mística como ‘ir-ao-encontro’, e daí parte para afirmar que na perspectiva relacional plenifica-se a pessoa, pois é como se dá a reciprocidade. (p.110)

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