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AS PRÁTICAS EM PSICOLOGIA SOCIAL – ATUAÇÃO NA SAÚDE

Por:   •  9/11/2022  •  Trabalho acadêmico  •  3.322 Palavras (14 Páginas)  •  71 Visualizações

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UNIVERSIDADE PAULISTA

JOYCE LIMA DE SANTANA

(R.A. G3000J6)

PRÁTICAS EM PSICOLOGIA SOCIAL – ATUAÇÃO NA SAÚDE

CURSO: PSICOLOGIA

CLASSE: PS4Q06

PERÍODO: NOTURNO

CAMPUS: ALPHAVILLE

SÃO PAULO

2022

DESENVOLVIMENTO

A prática do psicólogo na área da saúde é um tema que vem sendo discutido com mais ênfase nos últimos anos, de forma social e acadêmica, especialmente pelos momentos de crise econômica e pandêmica vividos por todos, o que se aplica também ao movimento necessário de cuidados à saúde mental dos trabalhadores. Pensar e agir sobre a saúde mental de trabalhadores é uma ação que apresenta diversos desafios e dificuldades, especialmente por sua construção histórica onde as aplicações eram pautadas nos interesses dos líderes gestores e não dos trabalhadores, assim o fazer crítico social visando uma transformação do meio diante das diferenças de perfil dos trabalhadores se faz necessário.

Quando um trabalhador adoece, diversos são os efeitos em cadeia deste evento, a incapacidade de trabalho e ausências provocadas por essa incapacidade, os afastamentos e aposentadorias por invalidez, que geram efeitos na produção e serviços realizados, ou sejam nos gastos com a saúde clínica dos colaboradores. Quando se trata dos transtornos mentais, um dado é que os trabalhadores geralmente demoram a admitir sua condição e a procurar atendimento especializado, demora essa que pode gerar problemas pessoais, familiares e profissionais, outros ainda, infelizmente não o procuram. (GUIMARÃES, NETO, JUNIOR, 2022)

Os estudos relacionados à saúde mental e trabalho permeiam diversas linhas teóricas e metodológicas, oriundas de diversas áreas, entre elas a médico-fisiológica, as sociológicas e compreensivas, as psicológicas comportamentais, entre outras, mas o ponto comum entre essas áreas é o desejo de entender e intervir na gênese do sofrer dos trabalhadores. Existem então, diversas abordagens apresentadas na literatura científica que abrem uma gama de fenômenos em saúde mental que abrangem as relações dos sujeitos com o trabalho, o ambiente, com os demais trabalhadores, com a equipe gestora e situações de desgaste mental, depreciação da identidade violência psicológica e organizacional, estresse e sofrimento com relação ao trabalho. Sobre as abordagens, são elas:

(...) (a) enfoques de estresse e burnout, (b) linhagens da psicopatologia do trabalho, incluindo a vertente do desgaste mental (Saúde Mental Relacionada ao Trabalho), (c) abordagens organizacionais, (d) estudos de assédios e violências psicológicas, (e) psicossociologia e análises institucionais, (f) perspectivas da ergonomia e (g) as clínicas do trabalho, particularmente a Psicodinâmica do trabalho, a Clínica da Atividade e a Ergologia. (CASTRO; LEÂO, 2020, p. 3616)

Os problemas de saúde mental, tem especificidades nem sempre tão fáceis de visualizar: quando trancado em seu quarto, os familiares não conseguem ver o que se passa, ali o indivíduo se fecha como as portas que o cercam, porém no ambiente de trabalho, por mais que se deseje, esse distanciamento nem sempre é possível. Estudos que falam sobre a exposição de trabalhadores diante do controle de seus superiores, são recorrentes quando se fala da saúde mental dos trabalhadores, a pressão sofrida e a constante vigilância por parte dos chefes podem configurar assédio moral e causar doenças entre os trabalhadores, muitas vezes incapacitando os mesmos de sequer sair de sua cama para dirigir-se ao local de trabalho, sentindo-se fraco, desumanizado. (CASTRO; LEÃO, 2020)

Quando a mente adoece, o trabalhador tenta superar seus limites, confrontando seu sofrimento com as necessidades vitais de ter um emprego, o medo da demissão, e acaba escondendo seus medos e problemas, que com o passar do tempo passam a ser muito mais intensos. Em um mundo profissional tão competitivo, as exigências para ser um modelo de funcionário são enormes, e é neste pressuposto que as doenças se escondem, o ritmo de trabalho não pode ser quebrado, a condição humana fica aquém da condição de trabalhador e o ser se torna invisível diante de seus sentimentos e angústias, sendo manipulado pelos interesses da gestão.

O trabalhador é controlado e se torna vulnerável. A repressão se torna mais sutil e perversa, pois não é mais a empresa que reclama dizendo que o indivíduo trabalha pouco, mas o controle informatizado e estatístico de processos é quem comprova o fato. (...) A invisibilidade do sofrimento decorre também da própria invisibilidade da atividade, pois esta jamais pode ser apreendida com a observação externa das execuções das tarefas. A atividade no essencial não se vê. (CASTRO; LEÃO, 2020, p. 3622)

        Esse contraponto, entre a invisibilidade do sofrimento do trabalhador e a visível queda de rendimento do mesmo evidencia uma organização de trabalho pouco coletiva, em detrimento das relações sociais, de amizades e do apoio social, tornando o espaço de trabalho um ambiente hostil e nada favorável ao bem-estar dos trabalhadores. Castro e Leão apresentam uma dialogicidade entre a saúde do trabalhador e as situações publicitadas em “A metamorfose”, escritas e muitas, vividas por Kafka em seu personagem, que ao trabalhar em uma Companhia de Seguros se via entremeio à salários irrisórios, turno de trabalho intermináveis, além de horas-extras não remuneradas que despertavam no mesmo um desejo decadente de auto realização e um sofrido sentimento de estafa, irritação, aborrecimento e preocupação, sentimentos esses que são facilmente associados à vagabundagem, onde o indivíduo é envergonhado pelo entendimento de que está simulando enfermidades. (CASTO; LEÃO, 2020, p. 3622, grifo do autor).

Essa ideologia da vergonha é propagada pelos patrões que se valem da culpabilização do trabalhador por estar enfermo, este passa então, a tentar superar sua situação de enfermidade sem nenhum cuidado clínico, ou com cuidados próprios e errados, não procurando um especialista e assumindo que tenha culpa diante da doença, ou de algum acidente ou imprevisto. Este fato retira o foco da realidade de abuso e precarização por parte das empresas que se garantem assim de seus erros.

Diante das necessidades de pensar essa saúde coletiva do trabalhador, é válido transitar por pesquisas que já discutiram tal ação. Silva e Bernardo apresentam em 2018, um artigo que trata de uma prática de saúde no ambiente de trabalho. O referido texto apresenta e discute uma proposta de intervenção com um grupo de trabalhadores de uma indústria automobilística que apresentava intenso sofrimento psíquico. O método utilizado foi a prática participativa com 14 trabalhadores de determinada empresa com queixas de recorrentes quadros de doenças físicas e mentais relacionadas a ação laboral. Durante a pesquisa os participantes compartilharam vivências cotidianas do trabalho em um grupo de reflexão, aberto de construção coletiva, realizado em 11 encontros, pelo período de seis meses.

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