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Aborgens Em Psicologia Social E Seu Ensino

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Por:   •  13/5/2014  •  6.471 Palavras (26 Páginas)  •  341 Visualizações

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O ensino de Psicologia Social, nos cursos de graduação em Psicologia de todo país, nem sempre segue uma mesma diretriz. Ao compartilharmos opiniões com estudantes de diferentes universidades, seja em eventos científicos ou de cunho político, deparamo-nos com um mosaico de teorias e de práticas inspiradas na Psicologia Social. Muitas vezes, encontrar pontos em comum entre as distintas abordagens torna-se um trabalho intelectual árduo, digno de fervorosas horas de discussões político-acadêmicas – regado pelo mais alto grau de comprometimento afetivo com a transformação social em nossa pátria.

Ávidos por transformar a realidade, muitos estudantes esperam de seus mestres uma atitude crítica em relação à sociedade. Querem mudá-la para melhor, trazendo o bem-estar, igualdade e justiça social em diferentes níveis: individual, familiar, grupal, comunitário, institucional e até mesmo nacional ou internacional.

O aspecto comum a essas calorosas discussões estudantis parece ser o cunho prioritariamente social da futura prática profissional, mais do que um ponto de vista teórico específico. Em outras palavras, o desejo de atuação com compromisso social leva à busca de teorias e métodos de intervenção social, muitas vezes esperados no ensino de disciplinas de Psicologia Social. Destrinchando essa inquietação dos estudantes, percebemos que o “social” da Psicologia é o que parece definir a Psicologia Social, e não o status como disciplina científica e como campo profissional desta última.

Diante desse panorama, encontramos um lapso na formação em Psicologia Social dentro dos cursos de graduação em Psicologia no Brasil. Como argumenta Stralen (2005), a maioria dos cursos de Psicologia está marcada por uma estrutura curricular tradicional, em que a “Psicologia Social aparece apenas como uma disciplina básica que permite compreender os aspectos sociais do comportamento psicológico” (p. 94). Isso significa que o lapso contido na formação é o de que se ensina Psicologia Social como uma abordagem em Psicologia, ao invés de considerá-las como disciplinas que possuem interfaces entre si.

Como explicam Ávaro e Garrido (2006, p. 06), tende-se a confundir abordagens sociais em Psicologia com a disciplina científica Psicologia Social pela sua própria rotulação. Stralen (2005, p. 94) complementa que, no Brasil, tal confusão ocorre também: a) pela formação de psicólogos sociais dar-se em cursos de graduação em Psicologia; b) pela diminuição cada vez maior do número de disciplinas de Psicologia Social em cursos de ciências humanas e ciências sociais aplicadas; c) pela ação do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que regulamenta supervisão de estágio supervisionada por psicólogos inscritos nos Conselhos de Psicologia, o que dificulta a contratação universitária de psicólogos sociais não graduados como psicólogos.

Segundo defendemos neste artigo, compartilhamos com as posturas teóricas de Ávaro e Garrido (2006), Corga (1998), Farr (1998), Mailhiot (1976) e Stralen (2005) de que a Psicologia Social é uma disciplina diferente da Psicologia, apesar das estreitas ligações que resguarda com esta, como veremos mais adiante. Ao longo do texto traremos argumentos que reforçam este nosso ponto de vista, parcial e refutável como qualquer outro viés científico.

Nos EUA, é possível graduar-se em Sociologia com ênfase em Psicologia Social, ou graduar-se em Psicologia com ênfase em Psicologia Social, dependendo da universidade cursada. Na Argentina, existem cursos superiores específicos de Psicologia Social. Também há casos de graduação específica em Psicologia Social em países europeus. Por que, então, no Brasil ensina-se Psicologia Social como uma das vertentes em Psicologia? Essa é uma pergunta que remete à criação dos cursos de Psicologia no Brasil e à regulamentação da profissão de psicólogo, como lembra Krüger (1986), mas que ainda merece maior aprofundamento por parte dos pesquisadores. Por outro lado, remete-nos também a outro debate de cunho teórico: examinarmos quais foram as distintas influências das diferentes abordagens da Psicologia, ainda em emergência, decisivas na constituição dos também distintos vieses teóricos da Psicologia Social, com lembra Rey (2004).

Segundo escrevem Stralen (2005, p. 93) e Álvaro e Garrido (2006), a Psicologia Social é uma disciplina que se constitui no espaço de interseção entre a Psicologia e Sociologia. Rose (2008) e Mailhiot (1976) entendem que a Psicologia Social pode ser considerada uma disciplina de ciências sociais. Por outro lado, Krüger (1986, p. 08) argumenta que situá-la entre as ciências humanas e sociais esbarra na dificuldade de estabelecerem-se limites rigorosos entre tais ciências. Nessa linha, Rodrigues (1978) expõe aspectos comuns entre a Psicologia Social e a Sociologia, Antropologia Cultural, Filosofia Social e outros setores da Psicologia, descrevendo que cada disciplina possui objeto formal distinto de estudo, que delimita o campo de cada uma delas, mas que por se tratar de áreas afins, possuem interseção bastante nítida em seu objeto material. Um exemplo dado por Rodrigues é o da delinquência juvenil: este objeto material pode ser estudado segundo distintas abordagens disciplinares, variando a ênfase, a unidade de análise e os métodos empregados, mas “a diferença é, para todos os efeitos práticos, inexistente” (Rodrigues, 1978, p. 09-10).

Essa dificuldade de inscrição da Psicologia Social dentro das ciências humanas e/ou sociais se dá, em grande parte, por conta do momento em que surgiram não apenas ela, mas também a Psicologia, Sociologia e Antropologia. Trata-se do contexto do destacamento das ciências sociais das ciências naturais no final do século XIX, em que antigos temas de especulação passaram a ser estudados segundo o paradigma científico moderno: teoria, levantamento de hipóteses, teste empírico das hipóteses levantadas, análise dos dados colhidos, confirmação ou rejeição das hipóteses, generalização. Por outro lado, nos primórdios da Psicologia Social moderna, nos Estados Unidos do final do século XIX e começo do século XX, os primeiros pesquisadores dessa área encontraram respaldo em centros tanto de Psicologia quanto de Sociologia (Farr, 1998). Isso resultou em origens plurais da disciplina, em disputas pelo seu status como ciência social ou ciência humana e até mesmo em sua negação como área de investigação autônoma.

Diante de tais questões, este artigo visa localizar a emergência da Psicologia Social em suas diferentes abordagens, contextualizando-a dentro dos paradigmas das ciências sociais e sua posterior

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