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EDUCANDO A GERAÇÃO IMEDIATISTA DAS TELAS DIGITAIS

Por:   •  10/8/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.636 Palavras (7 Páginas)  •  82 Visualizações

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EDUCANDO A GERAÇÃO IMEDIATISTA  DAS TELAS DIGITAIS

Aluna: Márcia Regina Weiler

Módulo 15  turma EAD20 (CETEP)

        . Em seu texto  “Moral e educação” Winnicott afirma que há em cada ser humano uma moralidade inata, ou seja, uma tendência a tornar-se responsável por suas ações e que a raiz da moralidade está no favorecimento do ambiente que garanta um amadurecimento onde as ideias devem ser desenvolvidas pela criança e não impostas e nem vindas de fora do indivíduo. Segundo Winnicott a relação com o objeto e as frustrações são fundamentais para que a criança desenvolva seu  Self verdadeiro e esse processo é extremamente importante para uma vida adulta saudável.

        Winnicott nos deixou o conceito da “mãe suficientemente boa”, que é a mãe que sabe suprir as necessidades do bebê, porém também sabe frustrá-lo quando se torna necessário ao lhe mostrar que os seus desejos não serão atendidos imediatamente e que ele nem sempre terá tudo aquilo que deseja, que existe um tempo de espera e um limite para as coisas, que ele não é a sua extensão.  A mãe suficientemente boa sabe que pode sim falhar, mas busca corrigir essas falhas criando nesse conjunto de cuidados, acertos e erros a “comunicação do amor, assentada pelo fato de haver ali um ser humano que se preocupa.” (Winnicott). O bebê saudável alcança um senso de Self e um senso de “continuidade do ser” em um ambiente apropriado de preocupação materna primária, a mãe nesse estágio, é “boa o suficiente” para oferecer ao bebê um meio-ambiente no qual ela seja capaz de se desenvolver como sujeito e crescer.

A “mãe suficientemente boa” estimula a autonomia e a independência do seu filho de outras formas, além da escuta empática, ela deixa o filho fazer as suas tarefas sem apressá-lo. Ela pode até estar com pressa, mas consegue demonstrar respeito pelo grande esforço dele em realizar essa uma pequena tarefa. Ela deixa o filho fazer escolhas (adequadas a sua idade) e a arcar com as consequências dessas decisões. Talvez ele não faça a melhor escolha ou talvez nem seja a escolha que ela faria, mas ela confia que seu filho será capaz de decidir. E ao perceber que pode confiar nessa mãe, e no pai também, o filho se sente seguro para desenvolver o seu potencial sem que haja a necessidade de uma superproteção dos pais.

        Além do conceito da “mãe suficientemente boa”, Winnicott foi um dos primeiros psicanalistas a considerar a importância do meio como um fator crucial para o desenvolvimento do sujeito e possibilitando à ele alcançar a sua autonomia. Infelizmente o que vemos na atualidade é uma geração que está sendo educada na contramão dos conceitos do autor, ou seja, o ambiente no qual a criança  está inserida não é provedor de recursos para que ela adquira capacidade de desenvolver suas próprias ideias e a partir dessas ideias encontrar soluções para seus “problemas”, pelo contrário, os pais oferecem tudo pronto para a criança sem que ela tenha necessidade de fazer o mínimo esforço, tudo passa a ter que ser imediato.

        Existe um perigo eminente na superproteção dos pais em relação aos filhos.  A superproteção se caracteriza pela insegurança dos pais manifestada em relação à independência dos filhos. Os pais superprotetores acreditam que devem fazer tudo por seus filhos, pois pensam que as crianças são incapazes e dessa forma subestimam as capacidades e a independência dos mesmos. Com a superproteção os pequenos deixam de vivenciar experiências importantes para seu desenvolvimento, não desenvolvem autoestima e nem conseguem lidar com suas emoções, elas deixam de confiar em si mesmas e acreditam que são totalmente incapazes pois não desenvolvem o próprio potencial. Os principais benefícios da autonomia são o aumento da autoestima das crianças, que assim se percebem como capazes de enfrentar situações e isto por sua vez, ajuda o menor a administrar com eficácia emoções como a ansiedade, o medo e a frustração, pois cada vez vai adquirindo mais experiência em situações difíceis (sempre procurando que sejam adequadas à sua idade).

Pode até parecer contraditório, porém a superproteção  não cria um ambiente seguro para o desenvolvimento dos filhos e também não está em nada relacionado ao afeto e amparo emocional. A maioria das famílias superprotetoras tem comportamentos pouco amorosos em relação aos seus filhos, o controle e hipervigilância contrastam com uma frieza emocional que invalida a autonomia das crianças.  Os adultos que impedem uma criança de brincar, arriscar e escolher criam um dependente emocional. Como a criança se sente incapaz de resolver um problema, ela sempre dependerá dos outros. Crianças superprotegidas se tornam adultos dependentes e com baixa tolerância à frustração, incapazes de entender um “não”, ou seja, não formam um superego adequado e poderão até mesmo desenvolver psicopatia. A criança deve aprender a ter responsabilidade consigo mesmo e com os outros.

Nesse universo do imediatismo, no qual estão inseridas as crianças e os adolescentes da geração atual,  uma grande quantidade de informação é processada em um curto período de tempo sem que haja um discernimento e uma oportunidade de se cansar, de se frustrar, , de pensar e de criar, resultando num processamento psíquico e cognitivo extremamente prejudicado. A alta velocidade e a facilidade de acesso à uma enorme quantidade de  informação dá uma falsa ideia de mundo e gera a não tolerância à frustração, pois sugere que “o mundo é como eu quero, na hora que eu quero, com tudo o que eu quero”, como resultado desse processo surgem as doenças psíquicas como os transtornos de ansiedade, as fobias, bordelines, as falhas na socialização,  etc.

 Na tentativa de diminuir o tédio dos filhos ou mesmo para mantê-los ocupados ou então criando a ilusão de que irão acalmá-los, os pais costumam oferecer celulares, tablets, televisão (telas digitais de distração) porém o tédio faz parte do processo de desenvolvimento da criança e é um espaço mental para a criação. Deve-se ofertar coisas menos prontas com as quais as crianças desenvolvam a capacidade da imaginação, do brincar criativo, pois sem base criativa a criança se submete ao que está fora de si e já estabelecido. A criança que fica muito tempo com aparelhos eletrônicos cria uma ruptura com a realidade e  isso acarreta em inúmeros prejuízos como dificuldades nos relacionamentos sociais.. Ela fica hipnotizada e abduzida pela tela, o que cria nos pais uma falsa ideia de que a criança está calma, porém não é silenciando-a que ela que irá se acalmar, ao contrário isso só gera mais angústia.

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