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Emoção E Sentimento Com Relação A Condição Psicossocial Do Trabalhador

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Por:   •  25/9/2014  •  2.876 Palavras (12 Páginas)  •  592 Visualizações

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Razão e emoção no contexto das organizações formais de trabalho

Antigamente, considerava-se que as emoções e os sentimentos atrapalhavam o pensamento e as ações planejadas no contexto das organizações de trabalho. Hoje se admite, com mais clareza, que as emoções são adaptações bem projetadas, ou seja, passíveis de auto e heterogerenciamento, que atuam em harmonia com o intelecto, sendo indispensáveis ao funcionamento da mente.

Há uma relação de interdependência entre emoção e razão, e não de exclusão. A importância dada aos relacionamentos parte do pressuposto de que as necessidades e interesses das organizações são as necessidades e interesses dos indivíduos, de forma coletiva. Suas necessidades se originam no ser complexo que somos e que, necessariamente, passam pela emocionalidade das relações sociais e suas trocas intersubjetivas. (LEITÃO et al, 2006)

O foco apenas nos resultados e objetivos finais da organização denuncia a preocupação racional com a eficiência e eficácia, mas são as emoções e os afetos que contribuem para a efetividade organizacional, visto que são estes fatores que dão qualidade às relações humanas no trabalho.

Fineman (2001) separa as inter-relações entre emoções e razão no contexto organizacional em três perspectivas:

Emoções que perturbam a racionalidade, em que as pessoas agem com base naquilo que percebem e, uma vez que essas percepções sofrem interferências externas, as ações daí decorrentes sempre serão enviesadas e passíveis de distorções.

Emoções que podem ser úteis à racionalidade, em que reconhece que o ser humano não tem condições de equacionar e processar um grande volume de informações que o façam vislumbrar todas as alternativas possíveis de solução e avaliar, inclusive, suas conseqüências. As suas decisões são otimizadas pelo uso de alternativas como intuição e heurística.

Emoções e razões concebidas como duas faces da mesma moeda, que defende que as emoções e razões se entrelaçam, numa posição extremada, afirmando que a distância entre cognição e afeto não são sustentáveis, e que a racionalidade é um mito. Assim, as decisões organizacionais são muito pouco racionais e estão fortemente ancoradas em afetos.

Não se pode negar a busca pela racionalidade no contexto organizacional, bem como não se deve negar a importância que as emoções alcançam nesse contexto. São os obstáculos em conciliar os níveis da emoção e da razão que fazem com que se privilegie uma em detrimento da outra. A racionalidade tão almejada pelas organizações pode ser mais bem sucedida ao se buscar incluir os aspectos afetivos.

Somos seres de relações, pois elas estão na formação de nossa identidade. E qualquer forma de associação humana que atente contra nossa identidade, dificultando a convivência, é fonte de mal-estar. A questão dos relacionamentos interpessoais e de sua inerente dimensão emocional é crucial para a vida associada, pois são esses processos interativos que formam o conjunto de sistemas que a organizam. As condições em que ocorrem tais relacionamentos definem a forma de convivência entre os seres humanos. Fazem a diferença entre sofrimento e bem-estar e definem como a vida social é construída em seu cotidiano. Deteriorações nas relações interpessoais resultam em deterioração das relações sociais, das relações inter e intra-organizacionais. (LEITÃO et al, 2006)

Emoções e manifestações afetivas discretas no trabalho

Emoções discretas no trabalho são definidas como manifestações afetivas de qualidades distintas. Entre elas estão, por exemplo, o medo, a raiva, a surpresa, a alegria, a tristeza e o asco. No Brasil, pouco se tem dado atenção aos estudos que são voltados para as emoções discretas no trabalho.

Uma pesquisa de Mendonça (2003), porém, vem avaliar uma outra manifestação afetiva discreta, a retaliação. Ele avaliou se a orientação dos valores individuais, a percepção de justiça organizacional e a percepção e o julgamento da retaliação influenciam a atitude de retaliação, dentro da organização. A atitude de retaliação seria formada por dois componentes, o afetivo e o conativo. O componente afetivo da atitude de retaliação se apoia na crença de que a injustiça provoca ressentimento e também no próprio sentimento de indignação para com a organização. Já o componente conativo inclui a tendência consciente para retaliar, sendo que, para a pessoa, esta é a maneira mais adequada para reparar uma injustiça.

Dentre as conclusões da pesquisa, contatou-se que a percepção e o julgamento da retaliação favorecem a atitude de retaliação. Porem, nesse aspecto, nem sempre os trabalhadores irão reagir com a mesma intensidade emocional às injustiças, pois nem todos a perceberão da mesma forma. Constatou-se também que pessoas com mais tempo na organização tendem a ter atitudes de retaliação.

A escolaridade pareceu não influenciar nessas atitudes, porém pessoas com maior grau de instrução percebem injustiças na empresa com mais rapidez e de forma mais aguçada. No entanto, mesmo as percebendo com mais clareza, elas não avaliam a retaliação como a melhor forma de reparação.

Outro aspecto constatado foi o de que cargos de chefia não aprovam a retaliação e tendem a perceber poucas injustiças, devido ao grau de comprometimento com a empresa e seus valores. Em relação aos aspectos individuais, pessoas que visam alcançar objetivos apenas pessoais, dentro da empresa, estão mais propensas às atitudes de retaliação.

Uma das limitações dessa pesquisa está no fato de que ela avalia a retaliação apenas no plano cognitivo e não a atitude propriamente dita, ou seja, ela analisa a propensão à retaliação, o que não é o mesmo que analisar a retaliação na prática das empresas. Isso ocorre porque, mesmo agindo de forma coerente com nossos sentimentos, nem sempre essa relação se estabelece de modo concreto, ainda mais em organizações, onde não se permite quaisquer atitudes de agressão ou violência.

A violência é também outra demonstração de afetividade que tanto pode ser discreta como pode ser aberta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) "a violência é o uso intencional da força física ou do poder real ou por ameaça, contra a própria pessoa, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade que pode resultar, ou tem alta probabilidade de resultar, em morte, lesão, dano psicológico, alterações do desenvolvimento ou de privação". Ela está constituída por incidentes nos

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