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Estruturalismo

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Por:   •  27/8/2014  •  Tese  •  1.058 Palavras (5 Páginas)  •  168 Visualizações

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Quarenta e seis anos de estruturalismo, expressiva documentação fotográfica, 150 entrevistas com antropólogos, economistas, psicanalistas, sociólogos, lingüistas, filósofos, historiadores, geógrafos, escritores - este é o pano de fundo da empreitada de François Dosse, professor da Universidade de Nanterre, nos dois volumes de sua História do estruturalismo.

O volume 1, O campo do signo, 1945/1966, divide-se em três blocos. No primeiro, intitulado "A época clássica", Dosse trabalha com os anos 50 e com as fundações do estruturalismo. Tomando a lingüística como modelo de cientificidade que permitirá analisar os fenômenos culturais em sentido amplo, o paradigma estruturalista toma de assalto a vida intelectual francesa, derrocando a suposta hegemonia do existencialismo sartreano, valorizador do sujeito, da existência e da liberdade. A partir de Estruturas elementares do parentesco, em 1949, passou-se a entender a totalidade dos fenômenos sociais como linguagens, de fundo inconsciente, que propiciam a comunicação de mulheres, bens e mensagens.

Daí foi um passo para que a psicanálise com Jacques Lacan, a teoria literária com Roland Barthes e o Michel Foucault de As palavras e as coisas vissem no novo paradigma uma forma de consciência renovada para o saber moderno, que destronava as arrogâncias da razão, através de um processo de descentramento do homem sem precedentes em toda a história do pensamento ocidental.

Se o inconsciente era mesmo trans-histórico e transpessoal, a distinção entre- primitivos/civilizados, nós/outros, que tanto sentido deu ao funcionalismo e à posição relativista, não apresentava mais nenhum sentido epistêmico, pois o pensamento selvagem passava a possuir o mesmo estatuto do pensamento domesticado, apresentando inclusive um caráter mais totalizador, porque inscrito na lógica do sensível. Com isso, passou-se a postular um humanismo universalista, que reintegrava o outro no mesmo e não será por acaso que o período abundará em referências a Montaigne e Rousseau, este último o "verdadeiro fundador das ciências do homem", para Lévi-Strauss pelo menos.

Para Dosse, a helle époque do paradigma, que constitui o bloco dois, situa-se entre 63 e 66, quando o furacão estruturalista transpôs as fronteiras francesas, inundando o Ocidente - o Brasil inclusive - com suas linguagens binárias, cadeias significantes, mitemas, parentemas e tudo aquilo que pensava as expressões empíricas como um mero pretexto para se acessar as verdadeiras estruturas, que jaziam nos pianos mais profundos da mente humana.

Mas essa hegemonia não passou inconteste pelos umbrais da vida intelectual. Resistências de várias áreas, principalmente da história e da filosofia, se fizeram ouvir e a polêmica de Lévi-Strauss com Sartre, em 1962, é exemplar a esse respeito. Anti-historicista e anti-humanista foram alguns dos qualificativos atribuídos a esse paradigma que propunha a morte do homem e que jogava a história num grau zero condenado à inércia.

A belle-époque foi o momento desse debate salutar que fez com que lingüistas, antropólogos, psicanalistas e marxistas de todos os matizes exibissem suas convicções em simpósios, debates e, principalmente, em revistas especializadas como Critique, Communications, L'Homme, Tel Quel, Cahiers pour l' Analyse, La Pensée e Les Temps Modernes, dentre outras, nas quais a defesa da história ou da estrutura se apresentava como as pedras angulares de qualquer prática teórica.

Como resultado disso houve a instalação de um debate interdisciplinar, no qual os domínios de competências foram questionados, obrigando os intelectuais a viajar por outros territórios do conhecimento. Embora Dosse qualifique toda essa fecundidade como mais ideológica do que científica, o que é discutível, ela acabou por se refletir na conquista de posições de poder acadêmico, principalmente nas sempre tumultuadas eleições para o Collège de France, abundantes em articulações político-ideológicas.

Mesmo que o autor não respeite integralmente a cronologia que ele mesmo se impôs, o primeiro volume dedica algumas páginas à tetralogia levi-straussiana que se inicia em 1964 com O cru e o cozido e finaliza em 1971 com O homem nu. Máquinas de supressão do tempo, os mitos pretendem demonstrar que as dicotomias necessidade/contingência,

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