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O Amor Numa Perspectiva Evolutiva Cesar Ades

Por:   •  16/8/2016  •  Resenha  •  2.036 Palavras (9 Páginas)  •  496 Visualizações

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O AMOR NUMA PERSPECTIVA EVOLUTIVA

“Será possível defender a existência de um roteiro básico, típico-da-espécie, próprio do ser humano (como é próprio do sapo dedo-azul macho coaxar e cuidar da ninhada e do sapo dedo-azul fêmea abandonar o ninho logo depois da fertilização dos ovos)? ”

 

  • Sapos dedo-azul: Na época de acasalamento, os dedos dos pés ficam azul brilhante. Se outro macho entrar no território, é identificado e atacado. As fêmeas são cortejadas com canto quando se aproximam do ninho, e seguem o macho até lá; realizam rituais que podem durar até um dia e por fim acontece a desova; a fêmea vai embora e o macho cuida dos ovos até que eclodam, e depois leva os girinos para a água; volta para cuidar dos restantes e procurar novas fêmeas para se reproduzir.
  • O amor, na perspectiva humana, apesar de produzir consequências biológicas semelhantes, diferencia-se em construção histórica, cultural e estilos individuais. Não é apenas uma urgência instintiva, possui na raiz do desejo e das preferências a marca do costume ou do tempo.
  • Segundo Renato Mezan, “Nossa sexualidade deixou de ser um instinto e se misturou com o psíquico. [...] No processo evolutivo, isso ocorreu quando começamos a produzir cultura. A partir daí, passamos a escolher o parceiro não mais pela programação biológica. O sexo deixou de servir só para a procriação e cada vez mais é fonte de prazer”.
  • Segundo Márcio Souza Gonçalves, “Os comportamentos amorosos humanos, as representações ligadas a eles e as sensibilidades que os sustentam são extremamente variados, sendo impossível encontrar ‘universais’ amorosos”. (O amor assumiu diversas formas durante a história: Homossexual, espiritual e casto, cortês, familiar e burguês).
  • Pensar em uma abordagem evolutiva sobre o comportamento amoroso não necessariamente significa desconsiderar a abordagem cultural.

 

UNIVERSALIDADE DO COMPORTAMENTO AMOROSO

  • Há registros explícitos do amor entre um homem e uma mulher em todas as civilizações letradas (Egito, China, Grécia e Roma), além de civilizações indígenas (Américas, Austrália, Índia, Indonésia e Ilhas do Pacífico).
  • Não se conhece grupo humano em que não vigorem laços duradouros de casamento. Pequenos grupos promíscuos surgem ocasionalmente, mas em nenhum deles a promiscuidade é assumida como norma.
  • Casar por amor não é regra, mas isso não significa ausência de amor. Ele pode se desenvolver após o casamento, ou existir fora dele.
  • Pode-se afirmar que a grande maioria dos homens e das mulheres nascem com a capacidade e a necessidade de formar apegos duradouros.

 

FUNÇÃO ADAPTATIVA DO COMPORTAMENTO AMOROSO

  • O laço afetivo teria surgido com a necessidade de desenvolver condições apropriadas para a reprodução, proteção e cuidados por um longo período de indivíduos jovens e muito indefesos.
  • O amor não teria como função promover prazer (apesar de isso ocorrer), mas sim auxiliar na execução da reprodução.
  • Na perspectiva evolutiva, o amor envolve ações e atua (não se trata apenas de sentimentos e motivações). Portanto, pode ser submetido à seleção, tendo como causa final a reprodução e garantia de sobrevivência dos imaturos, tendo sido eficiente para o surgimento e desenvolvimento dos indivíduos.
  • Para Buss, as tarefas imediatas do comportamento amoroso são: (1) atrair um parceiro, (2) manter o parceiro envolvido no relacionamento, (3) reproduzir-se com ele, (4) prover cuidado aos filhos resultantes dessa união.
  • Na perspectiva evolucionista, a variabilidade individual, histórica e cultural se relaciona com as condições biológicas necessárias para a existência da espécie humana.  As pessoas tendem a se comportar em função de vantagens reprodutivas.
  • Os indivíduos não percebem comumente a questão evolutiva em que estão envolvidos, mas somente a atração, apego e afeto que desenvolvem por uma pessoa e por seus filhos.

 

ATRAÇÃO

  • Para ocorrer atração, é necessário despertar a atenção do outro. O objetivo é alertar o parceiro para as vantagens na construção de um relacionamento entre ambos.
  • As mulheres sofrem restrições reprodutivas, enquanto o homem não. Portanto, possuindo um investimento parental maior, as mulheres investem em cuidado, buscando um parceiro que forneça proteção.
  • Critério de seleção feminino: homens que forneçam recursos econômicos e de outros tipos que garantam o desenvolvimento do indivíduo.
  • Homens valorizariam o aspecto de protetor, como vigor físico, sucesso social, profissional e econômico.
  • Os homens sofrem limitação de acesso às mulheres aptas para procriação, gerando competição e busca por mulheres com capacidade reprodutiva.
  • Critério de seleção masculino: Mulheres jovens e com aspecto saudável, que poderiam estar em fase reprodutiva.
  • Mulheres valorizariam o aspecto da beleza para atrair, como pele lisa, RCQ baixa e lábios cheios. Usariam também os recursos culturais para isso, como maquiagens e cirurgias plásticas.
  • As preferências masculinas não negariam a existência de padrões estéticos culturais variáveis, mas os aspectos de cada cultura ainda estariam ligados à percepção de juventude e fertilidade.

 

SINAIS DE ATRAÇÃO: A SIMETRIA E A RAZÃO CINTURA/QUADRIL

  • Simetria do rosto e relação cintura-quadril poderiam ser sinais universais de beleza e juventude  Rosto simétrico mais jovem e atrativo do que um rosto não simétrico.
  • Hipótese dos “bons genes”: Na escolha de um parceiro, buscam-se sinais que indiquem saúde e bons genes (que dariam um maior fitness ao descendente). “A análise perceptual da simetria pode, no passado evolutivo, ter beneficiado os indivíduos facilitando sua seleção de parceiros saudáveis, e dando-lhes benefícios diretos e indiretos do ponto de vista reprodutivo”.
  • RCQ se torna menor na época fértil da mulher. Isso é causado pelo estrogênio, que deposita a gordura na região glúteo-femoral ao invés da região abdominal (como a testosterona).
  • Baixa RCQ como indicadora de fertilidade e saúde, sendo mais atrativa do que uma alta RCQ.

 

UMA PESQUISA CLÁSSICA SOBRE A SELEÇÃO DE PARCEIROS

  • Valor reprodutivo: Expectativa de filhos que uma mulher pode ter. É máximo quando inicia a puberdade, e diminui com o passar dos anos.  
  • Fertilidade: Probabilidade de reprodução no momento presente. Atinge seu máximo pouco após dos 20 anos.
  • Valor Reprodutivo vs. Fertilidade: Se houvesse tendência para relacionamentos curtos no passado evolutivo, teriam vantagem na seleção as mulheres com pouco mais de 20 anos (expectativa de ter filho imediatamente). Se houvesse tendência para relacionamentos longos, teriam vantagem as mulheres em início de puberdade (expectativa de mais filhos ao longo do tempo).
  • Pesquisa (Buss) mostrou a existência de padrões comuns à maioria das culturas. Mas, “a existência de uma base evolutiva não implica em estereotipia ou em absoluta constância do comportamento.
  • Diferenças de idade: Homens preferem mulheres mais novas, com idade ideal para o casamento em torno de 25 anos (apoio à hipótese da fertilidade – parece interessar mais ter filhos no momento do que ao longo do tempo). Mulheres preferem homens mais velhos (hipótese da provisão de segurança).
  • Boas perspectivas financeiras: Mais valorizada por mulheres do que por homens.
  • Ambição e capacidade de trabalho: Mais valorizada por mulheres do que por homens.
  • Beleza, aparência física: Homens mais interessados do que mulheres.
  • Castidade prévia: Não houve transculturalidade nesse quesito (grande divergência entre culturas modernas e tradicionais).  
  • Segundo Buss, “O que encontramos [em nossas pesquisas] contraria um pensamento bastante difundido entre cientistas sociais, segundo o qual o processo de escolha do parceiro depende de maneira muito forte dos fatores culturais. Nossos resultados, ao contrário, favorecem a ideia de que os seres humanos, como outros animais, manifestam desejos típicos-da-espécie quando se trata de escolher um parceiro”.
  • Crítica: O texto mostra em “o namorado ideal” que a pesquisa de Buss no Brasil indicou preferência por castidade, mas foi realizada somente no Rio Grande do Sul. Poderia a pesquisa também ter sido limitada a uma região em outros países, distorcendo a “realidade da maioria” no país.

 

O NAMORADO IDEAL

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