O Antissemitismo e Propaganda Fascista

               UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA[pic 1]

               FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL

               DISCIPLINA: PSICOLOGIA SOCIAL

Resenha: Antissemitismo e Propaganda Fascista

ADORNO, T. W. Antissemitismo e Propaganda Fascista. In: ADORNO, T. W. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. São Paulo: Editora Unesp, 2015. p. (137) - (152).

Theodor Adorno, em seu artigo, realiza análises acerca de propagandas antidemocráticas e antissemitas, evidenciando o caráter psicológico destas publicações. Conforme elucidado pelo escritor, as propagandas atuam na manipulação de mecanismos inconscientes dos indivíduos, estes mecanismos são gerados por intermédio da oratória de líderes, produzindo estímulos psicológicos que permitem a difusão e absorção de discursos fascistas pela audiência. Dessa maneira, elucidam-se as predominantes condutas psicológicas da propaganda fascista norte-americana, as quais se destacam ao realizarem um discurso pautado na aproximação com o ouvinte através da demonstração de interesse e identificação com seus problemas; a substituição dos fins pelos meios, ao estimular a ação e organização de seus grupos, mas não apresentar seu propósito; e ainda, a produção de histórias bárbaras, atravessadas por exorbitante cunho sexual que denotam o prazer experimentado pelos ouvintes em possuírem acesso a estas narrativas frequentemente fictícias. Ademais, outro fenômeno observado é a hipnose de massa, a qual não possui conotação passiva, pelo contrário, é caracterizada por se tratar de uma manipulação consciente. Visto isso, o discurso fascista se encontra em uma dimensão não racional ao construir um imaginário, perseguindo inimigos invisíveis e exercendo explanações com informações desconexas. Logo, manifesta-se no discurso fascista uma irracionalidade proposital.

Conforme exposto pelo autor, a sociedade capitalista possui capacidade de transformar a neurose em mercadoria. Por conseguinte, o fetichismo em transformar aspectos subjetivos em objetivos é responsável por difundir a loucura a outros afins. Diante do exposto, faz-se notável a existência de uma relação entre líderes e seguidores, uma vez que a mercadoria somente dirige-se a indivíduos que compartilham dos mesmos sentimentos e ideais. Assim sendo, os líderes distinguem-se de seus ouvintes ao agirem e comunicarem o que seus seguidores não podem ou temem realizar, estas figuras infringem regras imputadas pela classe média acerca do comportamento normativo dos cidadãos. De acordo com a exposição de Adorno, a sentimentalidade dos indivíduos presentes no corpo social é carregada de falsas imitações, simulam-se sentimentos reais, assim, este componente fictício se faz presente nas performances da propaganda fascista. Destarte, a contradição presente entre a personalidade assumida pelo líder e seus argumentos caracterizam o papel cerimonial adotado por estes indivíduos; a figura que assumem nestes rituais caracteriza-se por empregar dispositivos psicológicos já amplamente utilizados, como o fato de serem lobos solitários e sujeitos perseguidos injustamente.

Segundo o filósofo, a existência de leis e convenções impossibilita a ampla manifestação de grupos nazistas e antissemitas, e por isso, são manuseados mecanismos indiretos, no qual a concordância entre líderes e seguidores se estabelece através da insinuação. Outrossim, é abordado no artigo o caráter destrutivo do espírito fascista, que possui a capacidade de transformar ensinamentos religiosos cristãos em instrumentos de violência política. À vista disso, evidencia-se que o processo de afirmação da iminência de tragédias e a necessidade do combate aos inimigos representa, consoante Theodor Adorno, o anseio psíquico inconsciente de auto aniquilação.