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O Corpo Humano

Por:   •  4/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.599 Palavras (7 Páginas)  •  226 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Para José Carlos Rodrigues, o corpo humano é socialmente concebido, e, portanto, um objeto de estudo social. Estabelece para tanto uma distinção. No corpo, existem aspectos instrumentais, universais, que são as funções orgânicas estudadas pelos cientistas naturais. Mas existem também os aspectos expressivos, portanto simbólicos, ou seja, as codificações particulares de um grupo social, objeto do sociólogo. Diante disso, ele traz temática que envolve o que hoje podemos considerar como a “construção social do corpo” e foi considerado o primeiro trabalho em língua portuguesa a tratar de forma científica dos aspectos simbólicos do corpo humano. O autor demonstra como os princípios estruturais se reproduzem no corpo de maneira a adotá-lo de um sentido particular.

1.1 Tabus e mudanças

Ao decorrer dos séculos o corpo humano e suas formas foram mudando de acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade. Não medievo, o corpo feminino era destaque e caracterizava os padrões de beleza da época que tinha como ápice da beleza, corpos robustos e quadris largos, pois essas características era essenciais para a fertilidade. Hoje o cenário não é mais o mesmo, obviamente, mas a mudança radical desses padrões foi algo no mínimo intrigante. De robustos e largos, os corpos que as pessoas procuram hoje são estreitos, musculosos e com o mínimo percentual de gordura possível, pois, de acordo com o que é veiculado nas grandes mídias, esse seria o corpo ideal, saudável e belo. Aqueles que não atingissem esses parâmetros seriam considerados anormais e seriam estigmatizados por uma maioria que seguisse esses padrões. Ao trabalhar suas ideias, o Goffman utiliza o termo “ambivalência”, que em seu sentido gramatical é aquilo que possui dois aspectos radicalmente diferentes, ou até opostos. No livro Estigma: Notas sobre a manipulação da Identidade Deteriorada (GOFFMAN, 1980), assim que “o indivíduo estigmatizado adquire modelos de identidade que aplica a si mesmo a despeito da impossibilidade de se conformar a eles, é inevitável que sinta alguma ambivalência” (p. 117). Ou seja, o próprio indivíduo acaba por se sentir diferente dos demais e opta por se afastar do convívio com os outros.

 Eco (2004, p.193) já se perguntou: “Que cânones, gostos e costumes sociais permitem considerar ‘belo’ um corpo?” A tentativa de encontrar uma definição universal para este vocábulo pode resultar em um interminável jogo de palavras que se limita a expressam valores. E valor é algo individualíssimo e subjetivo. Para Ferreira (2000), em léxico que carrega o seu prenome Aurélio como título e pelo qual é mais conhecido, beleza, entre outras definições, é a qualidade de algo que é agradável aos sentidos. Apesar da simplicidade, é uma definição adequada e abrangente. Com ela, evita-se a tendência de se definir algo, especialmente os substantivos abstratos, por meio da apresentação de exemplos, normalmente pela citação de fato, pessoa ou coisa que se enxergue como detentora da qualidade do algo a ser definido. Definir o belo citando algo ou alguém que se acha belo, mesmo que seja fato, coisa ou pessoa considerada bela em diferentes culturas, não é defini-lo, mas exemplificá-lo. 

Porém, não é nada estranho ou banal não cumprir essas “normas” do belo. Devido a nossa sociedade um tanto quanto caótica, não é algo tão simples prover de uma alimentação regrada de alimentos com pouca gordura e apetitosos que possam satisfazer o homem em seu dia a dia.

1.2 O culto ao caótico

De acordo com Berger e Luckmann (2014), só existe uma sociedade porque um animal, mais precisamente o homem, é dotado de consciência, e essa sociedade tem o homem como o topo de todo o reino animal. Mas para isso, é necessário que esse homem se adapte ao meio em que domina tomando como base o pensamento de que o “homem efetua-se na correlação com o ambiente. Esta afirmativa adquire significação se refletirmos no fato de que este ambiente é ao mesmo tempo um ambiente natural e humano.” (BERGER; LUCKMANN, 1966, p. 69). Mesmo não apresentando os melhores fatores fisiológicos desse reino, o homem não se limita apenas a manter sua sobrevivência, mas, sobretudo, garantir a hierarquia nesta cadeia da qual ele ainda exerce poder dominante tendo em vista sua consciência que o diferencia dos outros animais.

Para se manter nesse topo, o ser humano não depende apenas de sua natureza humana. Ele apresenta substratos biológicos distintos, devido às variações das formações socioculturais. Por exemplo, como entender essa relação da construção do corpo biológico do homem em contrapartida com o seu corpo social? Para isso, refletiremos quais as consequências da má alimentação para os padrões corporais de uma sociedade contemporânea, no caso a brasileira. É importante levar em consideração as definições que contemplem o aspecto social do corpo versus alimentação. Diante disso, uma primeira observação para contextualizar as diversas formas corporais adquiridas ao longo dos anos é entender o corpo como uma estrutura física e individualizada. Essa definição deixa claro como a adoção de um tipo de alimentação é perigoso, uma vez que cada pessoa possui uma interpretação e atribui um significado diferente (e mutável) ao seu próprio corpo. De acordo com alguns autores, o corpo é o ponto central da relação com o mundo real, o lugar e o tempo nos quais a existência do sujeito social se diferencia.

De acordo com a OMS, o número de crianças e adolescentes obesos aumentou mais de 10 vezes nas últimas quatro décadas. Em 2016 foi constatado esse aumento assombroso, sendo 8% dos meninos e 6% das meninas do mundo enquadrados como obesos, tendo em vista que na década de 70, esses valores não chegavam a mais de 1%, apresentando um salto de 11 milhões para 124 milhões de jovens. Como o ser humano se desenvolve em uma ordem cultural e social, a diferença notória pautada na forma como a sociedade contemporânea se alimenta em comparação há quatro décadas anteriores, deixa notório que as mudanças socioeconômicas influenciam diretamente na construção, tanto física e social, do corpo do individuo. Em termos econômicos, o período após 1945 caracterizou-se como “os anos dourados do capitalismo”, marcados pela criação de novos mercados e repetidos ganhos de produtividade industrial. Neste período, privilegiava-se o atendimento do mercado de massas com produtos padronizados produzidos em grandes quantidades, e garantindo ganhos em escala e redução de custos, configurando assim, o modelo econômico chamado “fordista”. Neste período, sobretudo na Europa Ocidental e América do Norte, verificou-se ampliação na produção industrial de bens de consumo duráveis e aumento acelerado do setor de serviços, além de um crescimento do espaço urbano. A necessidade que o homem contemporâneo tem, devido à sociedade caótica em que ele se encontra, obriga-o a procurar maneiras de se alimentar de forma rápida, como por exemplo os “fast foods” que se caracterizam como um modelo de produção industrial de comida desenvolvido inicialmente nos Estados Unidos, segundo os princípios fordistas, comercializados por empresas transnacionais em grandes redes de franquias. Por conter diversos ingredientes que prejudicam a saúde, como por exemplo, a gordura trans. Esse tipo de alimentação causa danos irreversíveis à saúde, desenvolvendo doenças, como câncer, pressão alta, diabetes, obesidade mórbida entre outras.

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