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O FEBRÔNIO ÍNDIO DO BRASIL: O FILHO DA LUZ

Por:   •  28/4/2022  •  Relatório de pesquisa  •  3.168 Palavras (13 Páginas)  •  299 Visualizações

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UNIVERSIDADE SANTO AMARO

BACHARELADO EM DIREITO

 

FEBRÔNIO ÍNDIO DO BRASIL: O FILHO DA LUZ

 

 

 

 

SÃO PAULO

2021

  1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho fala sobre o assassino em série Febrônio Ferreira de Mattos, nascido na cidade de Jequitinhonha, estado de Minas Gerais, em 14 de janeiro de 1895. Febrônio, ficou conhecido nacionalmente como Febrônio Índio do Brasil, assim como o auto apelido que ele se deu: Filho da Luz, dizia ele ter sido escolhido para uma missão divina, que lhe foi confiada por uma “dama loura”, segundo ele, em seu livro “As Revelações do Príncipe de Fogo”:  

“Uma dama loura, com longos cabelos de ouro, que me declarou que Deus não estava morto e que era minha missão anunciá-lo ao mundo inteiro. Que, para isso, eu devia escrever um livro e marcar os jovens eleitos com as letras D.C.V.X.V.I., tatuagem que é o símbolo do Deus - Vivo, ainda que com o emprego da violência”.

Febrônio foi um personagem que passou a fazer parte do imaginário brasileiro das mais variadas formas, sendo que até o nome “Febrônio” foi proibido nos cartórios, pelo medo que, se alguma outra criança recebesse o seu nome, as suas características assassinas poderiam ser transferidas para esta nova criança.

Muitos são os aspectos que se pode observar para estudar a vida e os crimes do Filho da Luz no campo jurídico, mas neste trabalho serão abordados principalmente os aspectos psicológicos que o definiam como um psicopata, assim como o contexto histórico que buscava definir o papel da Psicologia dentro do campo jurídico, e que levou Febrônio a ser o primeiro preso em um manicômio judicial do Brasil e também o primeiro a ser indicado a ficar ad vitam preso por não se considerar que seu tempo recluso ou sob tratamento psicológico faria com que ele fosse capaz de ser reinserido em sociedade.

Este trabalho está dividido em três capítulos, sendo: a resenha do livro que Febrônio escreveu, que segundo ele foi uma influência divina, e que, segundo Oliveira (2019) deve ser visto como uma parte dos crimes de Febrônio, pois foi este livro que o levou a realizar parte dos seus atos criminosos, e que fazia parte da vida de delírios que ele levava.

O capítulo seguinte apresenta a vida e a carreira criminal do Filho da Luz e o último capítulo mostra os aspectos psicológicos do assassino que o levaram a ficar não no manicômio comum como foi condenado a ficar diversas vezes e que recebeu alta após um tempo, e também não a ficar em uma prisão comum, como ficou e saiu também por diversas vezes, mas foi recomendado pelo renomado Psicólogo Heitor Carrilho a ficar em Manicômio Judicial e passou a ser o primeiro brasileiro a fazer parte deste tipo de tratamento, ou de prisão.

Este trabalho faz parte da disciplina Psicologia Forense do Curso de Direito da Universidade Santo Amaro, primeiro semestre.

  1. AS REVELAÇÕES DO PRÍNCIPE DO FOGO

Em 1926, cumprindo mais uma de suas prisões em Ilha Grande (Rio de Janeiro), Febrônio começou a ler a bíblia. Em um sonho, teve a visão de uma imagem feminina com cabelos longos e loiros que lhe dizia ser o escolhido "filho da luz" tendo a missão na Terra de mostrar a todos que Deus voltaria e tatuando acima do peito, na região do tórax, "EIS O FILHO DA LUZ" e por volta de todo o abdômen em tamanho proporcional as siglas "D., C., V., X., V., I." das palavras "Deus, Caridade, Virtude, Santidade, Vida e Ímã da Vida", registrando esses mesmos símbolos em outros dez garotos, mesmo com o uso da força, como um talismã que protegeria Febrônio e quem mais tivesse as tatuagens.

Em 1926, ainda encarcerado, Febrônio escreveu um livro intitulado "As Revelações do Príncipe do Fogo" com relatos do que de fato acreditava ser sua crença de ‘Fé’ e seu estado mental de acordo com as suas visões. Este livro contém 68 páginas relatando as esferas de oração voltadas ao evangelho, além do relato de seus crimes e de readaptações de elementos místicos inspirados em passagens e figuras que ele tirava da leitura da bíblia, um exemplo é uma frase desconexa que ele escreveu: "Eis-me ó nuvens fiéis do Santuário do Tabernáculo do Testemunho".

Durante sua jornada, o psicopata apresentou indiretamente o que de fato ele deveria buscar com sua missão fazendo algo que mudaria sua perspectiva da realidade, construída a partir de sua imaginação e sua certeza de seguir lendo a Bíblia para manter conectado com as visões e seu anjo feminimo místico. Toda a situação relatada ao longo da história de Febrônio, se tornou um dos casos mais estudados na área da ciência humana, os psiquiatras passaram a estudar seu comportamento ao longo de sua prisão para entender o que se passava na mente de um maníaco frio e calculista.            

Considerado um documento satânico, esta edição acabou sendo queimada pelas autoridades ditatoriais da época. Porém, um exemplar ficou guardado na biblioteca do escritor Mário de Andrade e, ainda, o historiador e crítico literário Sérgio Buarque de Holanda chegou a ter a obra, que pode comprar diretamente das mãos do próprio criminoso nas ruas do Rio de Janeiro quando Febrônio vivia em liberdade vendendo sua criação literária.

Um aspecto interessante é que a Semana de Arte Moderna de 22, que foi importantíssima do ponto de vista da afirmação da cultura nacional frente aos moldes europeizantes, buscava narrativas com marcas de ruptura com os modelos vigentes, neste sentido o trabalho de Febrônio era extremamente original. As anotações de Mário de Andrade, um leitor muito exigente, visíveis no pdf, não ocultam sua admiração pelas construções frasais.

 

  1. CARREIRA CRIMINAL

Os primeiros registros da vida criminal de Febrônio começaram a aparecer entre os anos de 1916 a 1929. Sempre muito bem vestido, bem alinhado e com um bom vocabulário, Febrônio transmitia confiança para as pessoas que ele desejava aplicar seus golpes. Sua ficha criminal era vasta, e nesses anos já havia sido preso por diversos crimes como fraude, roubo, chantagem, suborno, furto e vadiagem.  

Em 1921, ao sair da Colônia Correcional Dois Rios, na Ilha Grande, litoral sul do Rio de Janeiro, Febrônio montou uma cooperativa médica chamada “A Auxiliadora Médica”, o anúncio chegou até o dentista Bruno Ferreira Gabina, que se associou à cooperativa. Febrônio se apresentou como Joaquim Índio do Brasil e alugou um consultório para o dentista e passou a ser seu auxiliar.

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