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O LUTO E MELANCOLIA

Por:   •  10/5/2022  •  Resenha  •  946 Palavras (4 Páginas)  •  156 Visualizações

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LUTO E MELANCOLIA

FREUD ( 1917 [1915] )

No texto escrito por Freud em 1917, faz-se uma associação entre os estados de Luto e Melancolia - Melancolia, que  aqui pode ser tratada como depressão - observando-se suas as semelhanças e diferenças.

Luto é a reação à perda de uma pessoa amada ou de uma abstração que ocupa seu lugar. Sob as mesma influências, observa-se em algumas pessoas a melancolia ao invés do luto, e por isso, suspeita-se que nelas exista uma predisposição patológica. O que contrapõe ao luto, que não pode ser visto como um estado patológico, embora ocasione um afastamento da conduta normal da vida, tem-se como algo passageiro e que perturba-lo seria inapropriado e até mesmo prejudicial.

A melancolia se caracteriza por um abatimento - desânimo - doloroso , falta de interesse pelo mundo exterior, perda da capacidade de amar, inibição de toda atividade e diminuição da autoestima, que se expressa em recriminações e ofensas a própria pessoa e pode chegar a uma delirante expectativa de punição. Esse quadro torna-se mais compreensível se considerar-se que o luto exibe os mesmos traços, com exceção um: a autoestima não é afetada.

No luto, o objeto amado não mais existe, e então exige que toda libido seja retirada de suas conexões com esse objeto. Na melancolia, em muitos casos, há a reação à perda de um objeto amado; em outros casos, essa perda é de natureza ideal. O objeto não morreu verdadeiramente, foi perdido como objeto amoroso. Em outros casos ainda, mantém-se a hipótese da perda, porém não se sabe ao certo o que se perdeu. Isso induz a relacionar a melancolia, de algum modo, a uma perda de objeto subtraída à consciência; diferentemente do luto, em que nada é inconsciente a perda.

O melancólico ainda apresenta uma coisa que falta no luto: o empobrecimento do Eu. No luto o mundo torna-se vazio, na melancolia, é o próprio Eu. Degrada-se diante dos outros; tem pena de seus familiares por serem ligados a alguém tão indigno. Não julga que lhe sucedeu e estende sua autocrítica ao passado, afirma que jamais foi melhor. Esse quadro desse delírio de pequenez  é completado com insônia, recusa de alimentação e uma psicologicamente notável superação do instinto que faz todo vivente se apegar à vida. Fazendo analogia com o luto, conclui-se que ele sofre uma perda relativa ao objeto, uma perda do próprio Eu.

Diante dessa exacerbada autocrítica, pode ocorrer que tenha se aproximado bastante do autoconhecimento. Não há dúvidas de quem chega a essa avaliação de si mesmo e expressa diante dos outros está doente, quer diga a verdade, quer seja injusto consigo.

Ouvindo com paciência as várias auto acusações de um melancólico, nota-se que frequentemente as mais fortes entre elas não se adequam a sua própria pessoa, e sim, com pequenas modificações, a uma outra, que o doente ama, amou ou deveria amar.  

Em uma reconstrução do processo, ocorre da seguinte forma: havia uma escolha de objeto, uma ligação da libido a certa pessoa; por influência de uma real ofensa ou decepção vinda da pessoa amada, ocorreu um abalo nessa relação de objeto. O resultado não foi normal - a libido ser retirada desse objeto e deslocada para um novo -, e sim outro, que parece requerer várias condições para se produzir. O investimento objetal demonstrou ser pouco resistente, foi cancelado, mas a libido não foi deslocada para outro objeto, e sim recuada para o Eu. Mas lá ela não encontrou uma utilização qualquer: serviu para estabelecer uma identificação do Eu com o objeto abandonado. Assim, a sombra do objeto caiu sobre o Eu, e a partir de então este pôde ser julgado por uma instância especial como um objeto, o objeto abandonado. Desse modo a perda do objeto se transformou numa perda do Eu, e o conflito entre o Eu e a  pessoa amada, numa cisão entre a crítica do Eu e o Eu modificado pela identificação.

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