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O Que é Psicologia Transpessoal

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Por:   •  23/9/2013  •  3.562 Palavras (15 Páginas)  •  322 Visualizações

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que é Psicologia Transpessoal - Vera Saldanha

Por Vera Saldanha e Vivaldo P. Saldanha (colaborador)

A Psicologia Transpessoal representa um resgate do processo histórico da psicologia ocidental, desde de os seus primórdios, quando se separou da Filosofia adquirindo o status de ciência.

Traz em seu arcabouço a perspectiva de liberar os potenciais inimagináveis de mente humana, conclamados por William James no inicio do século passado (James Apud Fadiman, 1986).

Mas foi necessário um tempo de amadurecimento da própria Psicologia, através do behaviorismo, psicanálise, humanismo com contribuição de muitos precursores para que a Psicologia Transpessoal pudesse se manifestar trazendo uma dimensão espiritual como parte inerente ao ser humano.

Assim, neste capítulo muito mais do que apresentar “o que é Psicologia Transpessoal”, permitimos ao leitor levantar suas próprias inquietações e suscitar reflexões à respeito do papel da Psicologia Transpessoal em nosso mundo contemporâneo, mais ainda o que representa esta abordagem em sua prática profissional, em sua vida pessoal e sobretudo qual será o significado, o alcance e o impacto da Transpessoal a partir do inicio de terceiro milênio.

Se nos remetermos à retrospectiva do século XX, veremos que ele foi configurado como uma era extremada.

Imensos avanços nas ciências naturais e a mais impressionante evolução em transportes e comunicações se fizeram presentes, quase anulando tempo e distância, inequalando a quantidade de informações que se podia obter todos os dias, a qualquer hora, em uma boa parte do mundo. E o século terminou com historiadores questionando o estado de inquietação que substituiu as devidas comemorações do progresso. (Hobsbawn, 2001)

Porque tantos cérebros pensantes o vêem em retrospecto sem satisfação e com pouca confiança no futuro?

Conseqüência da coexistência havida com catástrofes, crises, sofrimentos e incertezas?

Jamais no curso da história tantas pessoas foram mortas ou abandonadas à própria sorte por pura decisão humana.

Com o aval das reflexões de Hobsbawn fica evidenciado o quão pouco conhecemos sobre nossa própria espécie e principalmente quão desprovidos desse mesmo conhecimento foram homens e mulheres, autores de decisões públicas de grandes e dolorosas conseqüências.

Para minimizar o risco de o mundo ser palco de explosão e implosão devemos ter em mente que o futuro não pode ser uma mera continuação ampliada desse passado.

No final dos anos quarenta, Maslow (Abraham Harold Maslow: 1908 – 1970) que teve um papel central no surgimento da Psicologia Transpessoal, já trazia essas inquietações. Assinalava que noventa e cinco por cento dos artigos veiculados em periódicos ou citados em conferências sobre como seria o mundo no ano 2000 se ocupavam dos avanços apenas no plano material: industrialização, modernização e capacidade bélica, sem preocupação com o incremento da capacidade de destruição em massa.

Pessoas más ou estúpidas tendo nas mãos mais recursos e tecnologias mais avançadas causariam danos muito maiores e mais terríveis. Essa postura, acreditava Maslow, era não apenas “ingênua”, mas inconseqüente. (Maslow: 1990)

A ciência pode e deve agregar valores. Uma ciência sem valores não é apenas amoral, mas imoral, nos alertava Maslow.

Vivendo num universo pós duas Guerras Mundiais, surpreendia-se com o quão pouco a psicologia havia até então contribuído com as questões culturais e sociais responsáveis por intensas dores e sofrimento humano.

Afinal, quem era esse ser capaz de fatos notáveis, de criar e inovar, de se sensibilizar diante de uma criança e ao mesmo tempo responsável pelo extermínio em massa nos campos de concentração?

Nesse sentido, afirmava que tínhamos dois grandes problemas mundiais:

1. Precisávamos de uma sociedade boa que promovesse seres humanos saudáveis

2. Precisávamos de seres humanos saudáveis para gerar uma boa sociedade

Mas o que seria um ser humano saudável e que pudesse promover uma sociedade de fato saudável? Os estudos e teorias da psicologia até aquele momento haviam se debruçado exclusivamente sobre a doença.

Durante muitos anos Maslow estudou, pesquisou e investigou o que considerava como seres humanos saudáveis, ou seja, indivíduos que mesmo sem serem perfeitos, enfrentavam seus desafios com esperança, força e solidariedade (Maslow: 1968).

A constatação mais contundente de suas pesquisas é a de que todos os indivíduos considerados seres humanos saudáveis haviam tido vivências significativas de cunho espiritual e que isso independia da pessoa estar ou não ligada a alguma religião instituída. Maslow denominou essa vivência de “experiência culminante” ou “transcendente”.

Criou também o termo “instintóide” para pontuar essa dimensão superior, algo que fazendo parte da natureza subjetiva humana favorece a emergência de valores positivos (Maslow: 1968).

A negação dessa dimensão espiritual no indivíduo impede a manifestação dos valores positivos necessários e gera pessoas de mentes restritas em suas possibilidades. Essa dimensão superior não está na consciência de vigília, mas sim no inconsciente. Resgatar a dimensão superior do inconsciente e promover sua expressão é, segundo Maslow, uma das tarefas essenciais da Psicologia nas distintas áreas de atuação (Maslow 1968).

Acreditava que todas as barreiras da comunicação, mesmo em grande escala, tinham sido geradas por falta de comunicação dentro do próprio indivíduo. Quando não propiciamos uma interlocução para os aspectos mais sombrios e mais elevados do inconsciente, criam-se inúmeras barreiras para o desenvolvimento saudável que se propagam de forma intensa e se manifestam no coletivo, provocando confrontos e conflitos em uma escala bem mais acentuada (Maslow: 1990).

Esse processo na estrutura social é identificado por Maslow como “normopatia”. A patologia do individuo negar a própria essência passa a ser a norma vigente. Perde-se o sentido do “sagrado” na vida cotidiana tanto pessoal quanto social. O “sagrado” refere-se àquilo que está no mundo, mas não é do mundo. É sagrada, portanto, a dimensão superior que está na pessoa, mas não

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