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O fenômeno da violência na sociedade moderna

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Por:   •  11/11/2014  •  Tese  •  4.378 Palavras (18 Páginas)  •  339 Visualizações

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O fenômeno da violência na sociedade atual, especialmente nas grandes cidades, vem adquirindo cada vez maior visibilidade social, particularmente a partir dos anos 80, e sendo objeto de preocupação tanto por parte do poder público e dos cientistas sociais, como da sociedade brasileira em geral.

Certamente a violência não é um fenômeno social recente. No entanto, é possível afirmar que suas manifestações se multiplicam, assim como os atores nelas envolvidos. O novo parece ser a multiplicidade de formas que assume na atualidade, algumas especialmente graves, sua crescente incidência chegando a configurar o que se pode chamar de uma "cultura da violência", assim como o envolvimento de pessoas cada vez mais jovens na sua teia.

Diariamente, os diferentes meios de comunicação colocam diante de nossos olhos, mentes e corações, numerosas cenas onde a violência constitui um componente central, de tal modo que terminamos por naturalizar e banalizar sua realidade e a considerá-la como um mero dado inerente e constitutivo de um mundo competitivo e hostil, onde a lógica das relações sociais, as tensões e os conflitos estão marcados fortemente por sua presença.

É neste contexto que as questões relativas às relações entre escola e violência vêm emergindo com especial dramaticidade entre nós. Algumas manchetes recentes de jornais do pais evidenciam esta realidade:

"Aluno acusa professor de agressão na escola"

"Adolescente dispara contra professor: insatisfeito por ter sido transferido para outro colégio, jovem de 14 anos acerta duas balas na barriga do diretor da escola"

"Escola depredada atrai o tráfico"

"Uma forma de exibicionismo: a explosão de bombas nas escolas"

"Diretora respira fundo e encara o inimigo: o fantasma da droga assombra"

"Unidos na bagunça: alunos indisciplinados e mal-educados atormentam os professores das escolas de classe média"

Ainda pouco trabalhada do ponto de vista da pesquisa educacional, a problemática da violência escolar vem provocando crescente perplexidade e sendo objeto de grande preocupação entre educadores e pais, não somente entre nós mas em um grande número de países.

Este trabalho parte de três afirmações fundamentais:

- primeira: não se pode dissociar a questão da violência na escola da problemática da violência presente na sociedade em geral; miséria, exclusão, corrupção, desemprego, concentração de renda e poder, autoritarismo, desigualdade, entre outras chagas de nossa sociedade, estão articuladas à questão da violência através de uma teia ampla de relações; violência social e violência escolar estão relacionadas mas esta relação não pode ser vista de modo mecanicista e simplista;

- segunda: sendo assim, a problemática da violência só pode ser compreendida partindo-se de sua complexidade e multicausalidade, não podendo ser reduzida às questões relativas à desigualdade e exclusão social, criminalidade, crise do Estado e das políticas públicas, especialmente na área social , falta de ética, etc.; o fenômeno da violência apresenta uma dimensão estrutural mas também uma dimensão cultural, ambas intimamente articuladas, exigindo-se mutuamente;

- terceira: as relações entre violência e escola não podem ser concebidas exclusivamente como um processo de "fora para dentro", a violência presente na sociedade penetra no âmbito escolar afetando-o, mas também como um processo gerado no próprio interior da dinâmica escolar: a escola também produz violência.

A partir destes pressupostos básicos e tendo presentes três pesquisas recentemente realizadas sobre esta temática, a Tese de Doutorado, defendida na Puc-Rio em 1995, por Eloisa Guimarães e recentemente publicada pela Editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998), intitulada "Escola, Galeras e Narcotráfico", a Dissertação de Mestrado, também defendida na Puc-Rio no presente ano por Maristela Gomes de Souza Guedes, sobre "Violência, Escola e Diálogo" e, principalmente, o trabalho que acabamos de publicar sobre "Escola e Violência" (1999), abordaremos neste trabalho três aspectos que não pretendem abranger a complexidade do tema e sim, unicamente, oferecer alguns elementos para reflexão e debate de todos nós educadores: o que se entende por violência? , o que pensam professores e jovens sobre sua problemática e que caminhos estão sendo construídos para se trabalhar esta problemática nas escolas.

O que se entende por violência?

Pergunta aparentemente simples, encerra grande complexidade e dificuldade. Não é fácil definir ou conceituar o que se entende por violência. Em geral, se oscila entre dois extremos: a redução dos comportamentos violentos àqueles referidos à criminalidade ou à agressão física de maior ou menor gravidade, e a ampliação da abrangência do conceito de tal modo que toda manifestação de agressividade, conflito ou indisciplina é considerada como violência.

Diferentes abordagens desta temática foram realizadas ao longo dos últimos anos por filósofos, psicanalistas, cientistas sociais e políticos, teólogos, entre outros cientistas e analistas da nossa sociedade. Em geral, a opinião pública e os meios de comunicação social associam violência à criminalidade e agressão física. Somente se preocupam com o tema quando fatos desta natureza causam especial impacto na vida social. Nesta perspectiva, Bottomore, no Dicionário do Pensamento Marxista (1988) afirma:

Por violência entende-se a intervenção física de um indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo (ou também contra si mesmo). Para que haja violência é preciso que a intervenção física seja voluntária.(...) A intervenção física, na qual a violência consiste, tem por finalidade destruir, ofender e coagir(...). A violência pode ser direta ou indireta. É direta quando atinge de maneira imediata o corpo de quem sofre. É indireta quando opera através de uma alteração do ambiente físico no qual a vítima se encontra(...) ou através da destruição, da danificação ou da subtração dos recursos materiais. Em ambos os casos, o resultado é o mesmo; uma modificação prejudicial do estado físico do indivíduo ou do grupo que é o alvo da ação violenta (p.1291).

Neste trabalho nos basearemos numa perspectiva mais ampla

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