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PRISIONEIRO DOS PONTEIROS

Por:   •  21/5/2015  •  Resenha  •  643 Palavras (3 Páginas)  •  1.862 Visualizações

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 “Aprisionado pelos ponteiros de um relógio: o caso de um transtorno mental desencadeado no trabalho.”

Maria Elizabeth Antunes

Ada Ávila

João Manuel Saveia

O resgate e a reflexão do caso citado acima nos apontam a multiplicidade de fatores que põem em risco a saúde física e mental dos trabalhadores e, dentre esses, a pressão mostrou-se um dos mecanismos que se encontra presente quando o assunto é acidente do trabalho.

O texto Aprisionado Pelos os Ponteiros de um relógio relata o caso de Carlos, um paciente do Ambulatório de Doenças Profissionais (ADP) 48 anos, atendido pela a primeira vez em 1998 com o Diagnostico de Transtorno de Adaptação. Seu ultimo emprego foi de vigilante em um prédio, onde trabalhava no estacionamento, controlando a entrada e saída de veículos, no período noturno. O personagem é proveniente de uma família de baixa renda, com valores de caráter rígidos. Educado pelos os seus pais a sempre honrarem pelo o nome da família, a se respeitarem e cuidarem um do outro. Moradores da zona rural começaram a trabalhar muito cedo e com isso obtiveram responsabilidade com horários e com as suas obrigações a serem respeitados. Carlos levou todos os ensinamentos de seus pais à vida adulta, mantendo isso como seu referencial.

Saiu da zona rural mudou se para a cidade onde dentre vários empregos, este trabalhou durante cinco anos em um estacionamento, localizado em um edifício, em regime fixo noturno, com uma jornada de 12 horas, em dias alternados. Ele controlava a entrada e a saída de veículos, mas era também sujeito a um tipo de controle especialmente rígido e autocrático: a cada 25 minutos, deveria acionar um relógio, caso contrário, o mesmo emitiria um sinal e o traço deste sinal poderia ser recuperado pelo supervisor, configurando sua ausência naquele momento. Este instrumento de controle parece o ter afetado, profundamente, deixando seqüelas importantes que permanecem e parecem se agravar. No relato, Carlos afirma que, durante suas crises noturnas, ele só consegue se acalmar após “acionar” um relógio desenhado na parede do seu quarto, simulando o gesto que fazia, repetidamente, durante todas as noites dos cinco anos em que trabalhou naquele condomínio.

Tal regime no qual foi submetido é observado no panoptismo (vigilância intensiva) que, sob este contexto permeado pela pressão psicológica sofrida no seu labore trouxe para Carlos um comportamento condicionante culminando em adoecimento mental.

Nota-se que, de acordo a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) o salário na qual era ofertado, estava impróprio, pois à hora noturna é computada como 52m e 30s sendo o restante adicionado como hora extra, haja vista que a hora noturna apresenta um valor financeiro maior. Também observar-se o período intra jornada destinado à alimentação e descanso de no mínimo uma hora e no máximo duas horas (artigo 71 CLT), no caso Carlos este benefício não era respeitado, pois ocorreram momentos em que este fez suas necessidades fisiológicas na roupa por não ter esse direito respeitado.

Referente também ao adicional noturno um direito legal, de acordo relato do trabalhador em estudo, estava este sendo lesado pela empresa.

O próprio trabalho noturno já apresenta em si um prejuízo ao trabalhador, mesmo com dias alternados (12x36), por não apresentar um período necessário de repouso para compensação do desgaste sofrido, tal processo pode desencadear neste trabalhador um quadro de fadiga extrema tanto física quanto psicológica.

Diante de tais perspectivas nota-se que os vínculos entre o trabalho e o adoecimento psíquico vêm ganhando visibilidade crescente. Corroboram para essa visibilidade o número elevado de casos de depressão e suicídio entre a população rural associado ao uso indiscriminado de agrotóxicos (Ministério da Saúde, 2001; Silva, Novato-Silva, Faria & Pinheiro, 2005) e o número crescente de transtornos mentais entre trabalhadores que vivenciaram processos de reestruturação produtiva nos seus locais de trabalho (Chanlat, 1996; Fonseca, 2002; Lima, 1995; Ministério da Saúde, 2001).

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