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PSICOLOGIA SOCIAL

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Por:   •  30/9/2013  •  4.677 Palavras (19 Páginas)  •  387 Visualizações

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ETAPA 01

1. O que é cultura?

O Homem se caracteriza a partir de diferentes e diversas dimensões, mas não se limita a eles Uma dessas dimensões, talvez uma das mais amplas e complexas para o entendimento seja a cultura. Vamos, portanto discutir essa a dimensão ou característica que expressa o sentido da produção humana.

O Homem não se limita ao mundo natural; ele o transcende e o transforma. Transcende porque tem expectativas que não se limitam ao mundo como ele se apresenta e nem à sua materialidade. Transforma porque o recria constantemente, imprimindo sua marca: a marca da cultura. Em razão disso é que dizemos que o Homem se humaniza produzindo seu mundo, gerando sua marca cultural ou as diferentes manifestações culturais. Ou seja, diferentemente de outros seres, o humano se autoproduz reproduzindo o meio que o circunda; recria o mundo natural e o já criado, criando novo significado e novas formas de aproveitamento das realidades já existentes.

Esse processo de refazer e res significar são um dos traços culturais. A cultura é um dos traços definidores do Homem, ao ponto de se poder dizer, como num trocadilho, que “por natureza o homem é um ser cultural” (RABUSKE, 1999, p. 56). Isso mostrar que embora haja diferença entre o que é natural e o cultural que o cultural por ser tão próximo lhe é quase essencial. Com a ressalva de que é natural, ao ser humano, produzir cultura. Por isso:

“Convém não atribuir à natureza o que diz respeito à cultura; ou seja, não considerar como universal o que é relativo. Essa compreensão da irredutível diversidade das culturas – que é o eixo central da antropologia cultural – aparece ao mesmo tempo: 1) ao nível dos traços singulares dos comportamentos 2) ao nível da totalidade da nossa personalidade cultural”. (LAPLANTINE, 2000, p. 123)

O homem é um ser cultural, mas a cultura não é tudo no ser humano. A cultura, essa capacidade recriadora, permite ao Homem reproduzir o mundo dinamizando a existência dos existentes. O fato de estar sempre criando ou recriando sua obra ou suas manifestações faz da cultura uma das marcas mais tipicamente humanas, pois é principalmente pela sua capacidade de recriar o mundo e as manifestações culturais que o homem se diferencia dos demais existentes: por ser cultural deixa de ser apenas homo para ser sapiens. Assim o “homo sapiens” se manifesta com outras habilidades e passa a ser “homo culturalis”. E a capacidade de criar e recriar, fazer e refazer lhe permite ser chamado de “homo faber” (MONDIN, 1982), pois entre outras a capacidade de produzir cultura possibilita a recriação. O Homem que se entende como sabedor de si ou consciente (por isso sapiens), produz o mundo (por isso é faber) circundante e aquilo de que tem necessidade para melhor se situar nesse mundo. A consciência de sua capacidade produtiva e criadora, juntamente com sua criação é o que determina sua dimensão cultural (por isso culturalis).

Além disso, e do ponto de vista de sua distinção em relação aos demais existentes, afirma-se que “apenas a noção de cultura, ao contrário da de sociedade, é estritamente humana” (LAPLANTINE, 2000, p. 120). Ou mais: apesar de nossas semelhanças com os demais animais, também existem diferenças relevantes e a cultura está entre elas.

“Entre nós e os animais da Terra há muitas semelhanças biológicas, genéticas e mesmo psicológicas. Por isso, mesmo sem possuirmos por enquanto uma linguagem comum, em boa medida nós nos entendemos. Mas há também diferenças relevantes, e uma delas é essencial. Podemos chamá-la de cultura. E no caminho percorrido em larga escala por eles e nós, mas que de um ponto cm diante se divide e nos leva por trilhas diferentes em direção – quem sabe? – de um mesmo horizonte, a experiência da cultura é toda a diferença”. (BRANDÃO, 2008, 27)

Vários outros seres podem ser produtivos ou sociais, mas só o humano é cultural, por ser capaz de, consciente e intencionalmente, reproduzir o seu mundo que só existe para o Homem como manifestação cultural. O mundo, não existe em si mesmo, mas por assim ser entendido pelo Homem. A natureza e as demais realidades existentes e que não dependem da vontade ou ação humana recebem sentido, tornam-se mundo, porque recebem significação do Homem manifestando-se como mundo humano e, portanto cultural.

É necessário destacar, entretanto, que o conceito cultura não é exclusivo da antropologia. Na medida em que outras ciências se utilizam desse conceito cresce a consciência da necessidade de um “diálogo” (COUCEIRO, 2002) entre historiadores, antropólogos, sociólogos, e outros cientistas para “construir uma nova ideia de cultura”. Essa necessidade se fundamenta na crescente polêmica que envolve esse conceito. A existência da polêmica indica a existência de discordância, por isso a necessidade do diálogo visto ser esse um “conceito polêmico, ampliado e transformado ao longo de décadas por antropólogos, historiadores e intelectuais em geral, a noção de cultura continua sendo alvo de discussão e reelaborações, gerando dificuldades e imprecisões” (COUCEIRO, 2002, p. 15). Isso implica dizer que até a ideia de cultura é um elemento que o Homem vem reelaborando e transformando .

Em razão disso é que podemos dizer que entender o Homem como capaz de produzir cultura implica dizer que ele, entre outras coisas, se diferencia dos demais existentes por ser capaz de agir no mundo, não só como ser social, o que só é possível na relação com outros humanos, mas como ser criativo, o que pode ocorrer mesmo sem relações sociais – a solidão pode ser mais motivadora de atos criativos do que a balburdia do grupo. Por isso que a vida social é, antes cultural.

Em síntese, podemos dizer que a antropologia, uma ciência nova, procura apresentar uma palavra sobre o ser humano e, ao mesmo tempo, procura entender as manifestações humanas, suas criações. Da mesma forma que outras ciências, a antropologia quer entender o Homem, o que pode ser feito a partir de uma das mais claras manifestações do ser humano que é a cultura. Esse processo e produção humanos concretamente se manifestam em diferentes modalidades e com diversos rostos, mostrando as diversas faces do ser humano presentes nas criações humanas. O que implica dizer que o homem pode ser entendido não em si mesmo, mas a partir e naquilo que produz. Em resumo, só para reafirmar o que já foi dito, o homem se humaniza ao produzir o mundo; a produção do mundo, as formas de produzir e reproduzir, criar e recriar, são elementos culturais. Assim sendo o homem se humaniza não porque é diferente dos animais ou dos outros existentes, mas porque produz

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