Princípios e conceitos de abordagens orientadas à personalidade e sua aplicação em áreas clínicas

Princípios e conceituações das abordagens Centrada na Pessoa e suas aplicações nos campos clínicos

Considerando a proximidade no significado de ambas, Boa Vontade (BV) e Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), buscamos esclarecimentos no texto lido os quais no levaram ao discernimento de cada qual com suas características próprias.

A ACP enquanto uma abordagem terapêutica em seus primórdios baseava-se em três atitudes: compreensão empática; consideração positiva incondicional e congruência ou autenticidade do terapeuta. Porém havia sempre um questionamento quanto a sua posição em referência à BV. Seria ela (ACP) em suas características uma mera descrição da boa vontade?

Para maior esclarecimento era necessário uma pesquisa, a qual ajudaria não somente na iniciação científica de estudantes de Psicologia, mas também uma reflexão sobre a ACP e seus princípios. Foram entrevistadas 6 (seis) pessoas de diferentes idades cronológicas sobre o significado de boa vontade.

As respostas foram as mais variadas possíveis, porém concluiu-se que todas traziam benefícios próprios a quem as praticava. As pessoas buscam, pela boa vontade, atingir objetivos que lhe façam bem e que se sintam em paz com as obrigações sociais, morais e religiosas a qual estão vinculadas enquanto seres ativos em construção e movimento. A busca da necessidade do outro faz com que a pessoa tenha um sentimento positivo em relação a si mesmo e em relação ao outro.

Nesse processo destacam-se alguns elementos: disponibilidade; percepção de uma necessidade; espontaneidade; ajuda; visando benefício efetivo; sentimento positivo em relação ao outro e sentimento positivo em relação a si mesmo.

Podemos especificar, desta maneira, a diferença entre a Abordagem Centrada na Pessoa e a Boa Vontade que é:

"A ênfase da BV é a bondade da vontade, aquela parte de nós mesmos que nos leva a agir de forma consciente e deliberada. A ênfase da ACP é a disposição interna de abertura para o outro, sendo esse outro, na verdade, o mundo de relações com um todo.” (Rev. Estudos de Psicologia, P.15, 2012)"

A essência da ACP, que segundo Roger é um “jeito de ser” está descrita nas seguintes características:

• uma perspectiva de vida, de modo geral, positiva;

• uma crença numa tendência formativa direcional;

• uma intenção de ser eficaz nos próprios objetivos;

• um respeito pelo indivíduo e por sua autonomia e dignidade;

• uma flexibilidade de pensamento e ação;

• uma tolerância quanto às incertezas ou ambiguidades e senso de humor, a humanidade e a curiosidade.

Comparações entre BV e ACP:

BOA VONTADE ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

Disponibilidade Flexibilidade de pensamento e ação.

Percepção da necessidade Respeito pela autonomia e dignidade do outro.

Espontaneidade Perspectiva positiva de vida humana.

Ajuda Disponibilidade voltada para o outro, intenção de ser eficaz.

Visando benefício efetivo Uma prática para o outro.

Sentimento positivo em relação ao outro Confirmá-lo como ser humano.

Sentir-se bem consigo mesmo Conformar-se como ser humano.

Por fim o modo de ser na ACP não se define como a bondade da vontade, mas:

"...a forma da relação do sujeito com o mundo, enquanto disposição interna. O que se propõe aqui é estar descentrado de si como indivíduo fechado, e estar centrado no outro como pólo autônomo do diálogo. A ênfase está na abertura da pessoa para o outro. E essa abertura apoiar-se na confiança.” (Rev. Estudos de Psicologia, p. 14, 2002) "

Síntese do texto Psicologia Humanista: a história de um dilema epistemológico

Um texto denso, onde o autor teve a intenção de demonstrar um dilema encontrado na Psicologia Humanista desde a sua criação, o ser ou não uma psicologia