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Prática pedagógica

Relatório de pesquisa: Prática pedagógica. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  16/11/2014  •  Relatório de pesquisa  •  9.540 Palavras (39 Páginas)  •  271 Visualizações

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A reflexão sobre uma proposta de mudança paradigmática na formação dos docentes que atuam nos Centros de Educação Profissional do SENAC do Paraná foi objeto de pesquisa realizada no grupo PEFOP – Paradigmas educacionais e formação de professores. Apresentam-se neste artigo os resultados da pesquisa, cujo intuito foi evidenciar a influência paradigmática na prática pedagógica em processo de formação de professores. Optou-se por uma pesquisa participante, que envolveu como sujeitos 22 professores que cursavam ou estavam cursando um programa de pós-graduação em Educação da PUCPR e 11 professores que atuavam no ensino técnico profissional do SENAC. Palavras-chave: Prática pedagógica; Mediação docente; Educação profissional; Paradigma da complexidade.

O grupo investiga a influência dos paradigmas na formação dos professores e seus reflexos na opção metodológica da prática pedagógica do docente. Educa ção para um novo século Muito se tem escrito nos últimos anos sobre a perspectiva da Educação para o século XXI, e essas produções abordam críticas, análises e reflexões sobre um novo fazer pedagógico nas escolas, especialmente as que atuam com educação profissional. Essas reflexões acompanham a proposta de uma visão holística,

conforme observa Capra: “as novas concepções da física têm gerado uma profunda mudança em nossas visões de mundo; da visão de mundo mecanicista de Descartes e de Newton para uma visão holística, ecológica [...]”1. Esta visão se contrapõe ao paradigma tradicional, pois ainda Capra afirma: “hoje, a mudança de paradigma na ciência, em seu nível mais profundo, implica uma mudança da física para a ciência da vida”2. Muitas discussões ocorrem, tendo em vista as abordagens que visem não só a reforma educacional, mas principalmente renovem as atitudes e definições que devem contemplar ações efetivas na formação do docente, dentre elas as que preparam o indivíduo para a vida e para o mundo do trabalho, para viver em sociedade e para participar do desenvolvimento do país. Estas mudanças incluem o discernimento para utilização crítica de novas metodologias e tecnologias que exigem currículos elaborados a partir do modelo por competência com visão ampla e na reestruturação da infraestrutura da escola contemporânea. A necessidade de aprendizagem significativa e ensino contextualizado é uma demanda apresentada como desafio para construir um novo sistema de ensino profissional, requerendo uma proposta pedagógica fundamentada numa concepção crítica das relações existentes entre educação, sociedade e mercado de trabalho. Nesse contexto, inspira a atuação dos professores em uma prática educativa transformadora e participativa, centrada na transformação da informação em conhecimento, refletindo na aprendizagem crítica e ativa de conteúdos vivos, significativos e atualizados. Essa proposta requer um educador que supere o paradigma da fragmentação, buscando caminhos diferentes, com uma visão sistêmica, atuando de forma significativa, onde seu papel de pesquisador e mediador seja evidente e colabore para o desenvolvimento de um ser integral e pleno. Entretanto, sabe-se que a escola e o educador precisam estar, além de preparados, receptivos para concretizar com efetividade o processo de mudança na ação docente. A docência conservadora e seus reflexos na educa ção para o trabalho A docência conservadora advém de uma visão reducionista incumbida de propagar os modelos educacionais e projetada

no meio da escola tradicional, nasceu no século XVIII e tomou como base a ciência da época, ou seja, o paradigma newtonianocartesiano. Esse paradigma contaminou a educação por quase quatrocentos anos e ainda está muito presente nas organizações, inclusive na educação. Defendeu, ao longo dos tempos, os modelos conservadores de aprendizagem e de relação com o saber que geraram o foco apenas no fazer e na reprodução fidedigna do conhecimento. Nesse sentido, Moraes acrescenta: “o pensamento cartesiano, exposto no Discurso do Método, afirmava que era preciso decompor uma questão em outras mais fáceis até chegar a um grau de simplicidade suficiente para que a resposta ficasse evidente” 3. Essa visão cartesiana marcou fortemente a educação tradicional, conforme afirma Behrens: “o século XX caracterizou-se por uma sociedade de produção de massa. Alicerçada nos pressupostos do

pensamento newtoniano-cartesiano, a ciência contaminou a Educação com um pensamento racional, fragmentado e reducionista” 4. Com uma visão newtoniano-cartesiana, numa abordagem conservadora, segundo Mizukami, “o ensino, em todas as suas formas, nessa abordagem, era

centrado no professor. Esse tipo de ensino volta-se para o que está externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades exteriores” 5. Além disso, as abordagens pedagógicas conservadoras eram embasadas na reprodução e na repetição de ações dentro de uma visão mecanicista do universo, na qual toda a ênfase do processo de ensino-aprendizagem recaía nos valores materiais da vida, no desenvolvimento de habilidades e produtos. Portanto, a visão conservadora privilegiava apenas o adestramento intelectual doaluno trabalhador, sem levar em conta que o homem é, antes de tudo, um Ser em processo evolutivo e que necessita desenvolver

múltiplas inteligências, não apenas cognitivas e motoras, mais acima de tudo afetivas. A metodologia na abordagem conservadora prioriza a transmissão de informações muitas vezes sem nenhum significado para o aluno, torna importante apenas o ensinar e não o aprender. A qualidade da aprendizagem do aluno trabalhador é mensurada pela reprodução dos conteúdos, onde a avaliação requer respostas prontas e precisas que devem ser desenvolvidas por meio de memorização e repetição, retirando do aluno o

direito de questionar, argumentar e refletir. Neste sentido, cabe a contribuição de Kuenzer, quando alerta: [...] o seu objetivo central é a constituição de um trabalhador que combine a posse de um conjunto de habilidades técnicas necessárias – e não mais do que isto – a um conjunto de condutas convenientes, de modo a assumir, o mais espontaneamente possível, sua função de trabalhador

alienado ao mesmo tempo que assegure as condições necessárias à sua própria produção.6 Essa visão advinda do paradigma newtoniano-cartesiano acompanha a revolução industrial e a abordagem técnica na

educação nas décadas de 60 e 70 e gera a ênfase do processo de produção capitalista. A qualificação dos profissionais nestes anos era apenas para atender a exigências da expansão do processo de industrialização, que demandavam a formação de

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