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Psicologia Social

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Por:   •  24/4/2014  •  1.679 Palavras (7 Páginas)  •  240 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A desigualdade, a humilhação e a invisibilidade pública permanecem como temas recorrentes nesta sociedade, isso porque há um interesse em torno da manutenção desse sistema. Esta desigualdade não pode ser naturalizada. É preciso apontar as dimensões históricas que favorecem a formação destes fenômenos e também a sua permanência. Souza (2006).

Desde o desenvolvimento infantil até as técnicas de intervenção, características do psicólogo, devem ser analisadas criticamente à luz dessa concepção do ser humano – é a clareza de que não se pode conhecer qualquer comportamento humano isolando-o ou fragmentando-o como existissem por si mesmo. Não é preciso vivenciar a humilhação para saber que ela existe. Considerando que o ser humano vai construindo sua própria história a partir da sua relação com o outro com o ambiente é que a psicologia social dá ênfase ao estudo ao individuo.

DESIGUALDADE E INVISIBILIDADE SOCIAL NA CULTURA SISALEIRA

A seca na região do semiarido do Brasil constitui um problema secular para as populações que nela habitam, na medida em que a escassez de recursos hídricos dificultou a atividade econômica, principalmente a produção agropecuária. Neste contexto surge o sisal como uma das soluções para a agricultura da região, por ser uma planta que se adapta bem a este tipo de clima, uma atividade que foi ganhando espaço ao longo dos anos.

A descorticação das folhas tem sido feita com “motor paraibano ’’, cujo maior problema é provocar acidentes que resultam em graves mutilações de dedos, mãos e mesmo parte do braço, isso porque o trabalho nessa máquina, que gira em alta velocidade obriga que o operador aproxime as mãos das engrenagens para introduzir as folhas do sisal e para puxar as fibras já beneficiadas. Esta é considerada a atividade mais perigosa do processo de produção.

È no desfibramento onde ocorre o maior número de acidentes, com perdas de dedos, mão e até braços, ficando o trabalhador inutilizado para o resto da vida. A desmobilização política dos trabalhadores do sisal da região de Campo Formoso no estado da Bahia, é total, sendo que os dono de motor vivem refém do donos de depósitos ( microempresário que compram as fibras- matéria prima- e exportam) e conseqüentemente fazem refém os que prestam serviço para estes, a parte mais prejudicada desta cadeia produtiva.

A segunda parte prejudicada são os donos de motor de sisal, pois o recurso financeiro ( lucro) que ganham é insuficiente, se fossem dona da terra, esta situação seria diferente, como relata um agente envolvido neste processo.

”Minha família sempre viveu do sisal, tem tempo que ta bom, tem tempo que a coisa fica preta, só dar mesmo para cobri as despesas. Hoje para viver do sisal não ta fácil, agente enfrenta muitos problemas, quando tem preço não tem sisal ( por conta da seca), quando tem sisal, não tem preço ( preços é o valor do quilo da fibra ), normalmente não sobra para o dono do motor, para cobrir as despesas é preciso trabalhar a família toda, ai sim depois que faz o “pagamento do povo” e tira o que gasta com o motor, sobra uns trocado, é por isso que agente fica devendo ao dono da batedeira, não tem jeito, se não for assim agente passa fome. (J.O.P, produtor, trabalhador e dono do motor).

A humilhação social é um problema real que causa grande impacto nas classes menos favorecidas, disparando uma desigualdade social, causando exclusão de uma classe inteira, onde o próprio humilhado acaba assumindo interiormente como num impulso, esta angustiante condição. Não é preciso vivenciar a humilhação para saber que ela existe. Souza (2000, 2003, 2006), para melhor compreensão a psicologia social caracteriza-se pela necessidade de analisar o homem como um todo, não apenas pelo lado o individuo ou da sociedade. A essa situação que acontece de fora para dentro e de dentro para fora é que conta com estudos tanto de Marx como de Freud, para compreender suas determinações econômicas e inconscientes.

Os sisaleiros do nordeste são trabalhadores que iniciam suas tarefas no campo de sisal desde muito cedo, é um trabalho árduo que tornam os membros de um grupo de sujeitos socialmente excluídos. São profissionais que oferecem apenas a força física como ferramenta de trabalho.

As atividades finais do processo de trabalho são realizadas pelo resideiro, o trabalhador que retira os restos de fibra que fica embaixo da maquina, geralmente um adulto do sexo masculino, que faz a limpeza retirando a mucilagem ( restos de fibras ), que se acumula em baixo do motor e a pesagem, por fim, o estendedor – trabalhador encarregado de estender o sisal em arames para secar – geralmente essa função é executada por mulheres ( conhecidas por campeiras ), elas são encarregadas de retirar a fibra da balança e estende-la em varais de madeira ou de arame para secar.

Estes trabalhadores que tem o contato diretamente com a fibra verde, durante o processo de estender adquirem determinado tipo de coceira.

Ao esforço físico soma-se o risco de acidente decorrentes da utilização de instrumentos cortantes, e serem picados por insetos, os mesmos são submetidos ao ritmo das maquinas ao executarem tarefas especialmente perigosas ao exemplo de “cevar“ ( processo de desfibramento do sisal ), sendo que qualquer descuido pode acarretar em um acidente grave ao trabalhador; comumente existem cortes e casualmente mutilações dos membros. Os sisaleiros fazem parte de uma categoria de profissionais que desenvolvem um trabalho considerado desqualificado, socialmente rebaixado, trabalho este que requer força bruta. O índice de remuneração desta população e baixíssima.

São muitas as dificuldades cotidianas desta função tão desqualificada socialmente, esses trabalhadores precisam muitas vezes ficarem alojados em galpões ou depósitos durante o decorrer da semana, por muitas vezes o trabalho realizado ser distante das suas residências.

O trabalhador do sisal, apesar de não ter autonomia financeira, não e obrigado a cumprir horário, nem recebe ordens de como deve executar suas tarefas, apenas recebe pela quantidade produzida, seja sozinho ou com a ajuda da família. No entanto, pelo fato das atividades serem feitas geralmente em equipe o trabalho de um passa a ser fundamental para o outro o que gera uma fiscalização múltipla entre os próprios trabalhadores e não do empregador. (CRUZ,1984 ).

Para Casta (2004) à invisibilidade pública disputa como um pequeno psicossocial, definida como o desaparecimento de um homem entre outro homem. A invisibilidade seria o resultado do processo de humilhação social,

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