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Psicossociologia Do Trabalho

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Por:   •  16/11/2014  •  1.461 Palavras (6 Páginas)  •  283 Visualizações

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Para a explicação do acidente de trabalho ocorrido na unidade hoteleira é necessário uma abordagem sociotécnica que tenha em conta o indivíduo e a organização.

As variáveis psicossociológicas são o fator chave para a manutenção das condições de trabalho e para um planeamento mais eficaz das intervenções ao nível da segurança.

Analisando o acidente de trabalho denotamos que várias foram as variáveis que contribuíram para esta ocorrência.

No que respeita às variáveis individuais, concluímos que as atitudes/comportamentos, a perceção, os próprios valores de cada colaborador e a falta de motivação para o cumprimento das regras de segurança e saúde no trabalho contribuíram fortemente para a ocorrência do referido acidente, atendendo que “… a D. Brígida, aproveitou a sua pausa para o café e foi fumar um cigarro. Pensou fazê-lo no exterior, mas verificou que estava a chuviscar e achou que não faria mal fumar junto da porta da cozinha, não obstante ter visto a sinalização que proibia fumar naquele local.”

Em relação às variáveis grupais que interferiram no trabalho podemos enunciar a falta de comunicação e de regras em matéria de SST, uma vez que O Sr. Aníbal “no mês passado apercebeu-se de um cheiro a gás junto a uma das cozinhas do hotel que fica junto a uma das divisões de lazer do hotel que geralmente reúne vários clientes…” e “…reportou ao seu superior que entretanto foi de férias sem a ter comunicado aos seus superiores ou aos responsáveis pelo departamento de segurança.”

No que concerne às variáveis organizacionais, podemos referenciar a existência de uma hierarquia vertical e lideres pouco orientados para a SST, a falta de manutenção dos equipamentos e a falta de formação e informação para os trabalhadores em matéria de SST, tendo em conta que “…muitos dos trabalhadores (…) têm baixa qualificação escolar e profissional…”, e frequentaram “…ações de sensibilização para o cumprimento das regras de segurança…” e que “a direção da unidade hoteleira também não impôs o cumprimento destas regras, nem se envolveu no projecto de formação e sensibilização, nem procurou auscultar junto dos colaboradores se compreendiam e aceitavam as regras e procedimentos propostos.”

Analisando as causas que estiveram na origem do acidente, à luz da abordagem moderna dos acidentes, concluímos que deveram-se a um culminar de inconformidades por parte de todos. Especificamente, podemos apontar a formação ineficaz, atendendo que os trabalhadores tiveram formação e sensibilização em SST, que não foi assimilada, a comunicação ineficaz entre hierarquias, a ausência de manutenção das instalações e dos equipamentos e o fraco envolvimento da gestão de topo em matérias de SST.

No respeitante aos riscos profissionais, pode considerar-se que estavam presentes nesta situação riscos do tipo materiais, pois os equipamentos não tinham manutenção. Podemos, ainda, apontar os riscos inerentes à organização e os riscos humanos, dado o desinteresse das chefias em comunicar falhas técnicas e resolvê-las, o fato de não garantirem a eficácia da formação aos trabalhadores, bem como manterem uma postura passiva perante acidentes do género.

No que concerne à organização, esta adotou uma reação de correção circunscrita aos problemas de SST, uma abordagem que se fundamenta na correção dos fatos, em contrapartida da sua prevenção. Como podemos verificar no texto, a unidade hoteleira realizou ações de formação para os seus colaboradores para sensibilização e cumprimento das regras de segurança, no entanto, não esteve muito envolvida neste projeto, resultando num fraco envolvimento e adesão dos trabalhadores às políticas de segurança. O problema foi de facto reconhecido, mas apenas corrigido através de medidas formais, havendo um fraco investimento da organização para que houvesse realmente uma mudança. Isto é ainda mais evidente quando, ocorrido o acidente, os trabalhadores assinalaram que não estão a ser implementadas novas medidas de segurança.

Desta forma, concluímos que a organização tem uma fraca cultura de segurança, que houve uma formação ineficaz e as medidas de segurança estavam desajustadas. O fluxo e fluidez de comunicação em segurança não está claro e foi ineficaz, uma vez que o aviso não chegou ao responsável.

Além das repercussões organizacionais, o acidente causou um impacto negativo nos trabalhadores gerando, nomeadamente, sentimentos de ansiedade e constrangimento dentro da organização. Criou-se um ambiente de instabilidade e receio no trabalho, acompanhado de cansaço em geral, absentismo e por conseguinte, à quebra de produtividade. De facto, estes sentimentos de ansiedade estão coligados ao stresse, que é a rutura de um estado emocional positivo para um estado emocional negativo, que compromete a qualidade de vida no trabalho (bem estar físico, psicológico e social do trabalhador). A própria ausência de mudanças face a novas medidas de segurança pode também ter sido uma fonte de stresse.

Como principais consequências temos, ao nível físico, o cansaço físico geral e o esgotamento; ao nível psicológico a insatisfação no trabalho, a ansiedade, a fadiga e a instabilidade emocional; e ao nível comportamental, o mau relacionamento com os clientes (atendimento e prestação de serviços).

Atendendo ao sentimento de ansiedade e clima de instabilidade que se instalou entre os colaboradores, espera-se que estes resistam a todo o processo de mudança.

Para ultrapassar estas vicissitudes é importante recuperar a confiança dos trabalhadores, incutindo-lhes a segurança para alterar os seus comportamentos. Também é importante comunicar e promover a participação dos envolvidos em todo o processo, por forma a garantir a motivação e o conforto com as novas mudanças implementadas.

Sendo assim, é fundamental implementar e manter um sistema de segurança na unidade hoteleira, porém não se revela tarefa fácil. Muitos serão os obstáculos a ter em conta durante este processo. O primeiro a realçar é a já referida resistência à mudança dos colaboradores e até mesmo das chefias, os custos económicos da implementação de práticas de segurança, a desmotivação dos colaboradores, a fraca qualificação escolar e profissional e o absentismo.

Desta forma, é essencial começar

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