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Psicólogos Em Forma[ta]ção: Cartografias De Um Esboço De Auto-análise

Artigo: Psicólogos Em Forma[ta]ção: Cartografias De Um Esboço De Auto-análise. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  25/5/2014  •  10.216 Palavras (41 Páginas)  •  329 Visualizações

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PSICÓLOGOS EM FORMA[TA]ÇÃO:

CARTOGRAFIAS DE UM ESBOÇO DE AUTO-ANÁLISE

Nedelka Solís Palma

Valter A. Rodrigues

RESUMO

Partimos da experiência de um grupo de estudantes que compartilham durante cinco anos o cotidiano de uma formação acadêmica em psicologia realizada em uma faculdade privada, para tecer composições esquizoanalíticas, transversalizadas por duas ferramentas conceituais da Análise Institucional – os analisadores e a implicação. Neste esboço de auto-análise, a pesquisa e sua escrita são um único processo, se construindo na imanência de uma vida. O objetivo dessa escrita-pesquisa é instigar o exercício crítico que toma como ponto de partida o vivido e o não-vivido na experiência da formação acadêmica como uma genealogia do presente. A cartografia, método (ou melhor, tática) de pesquisa da esquizoanálise, nos permite ir além da simples descrição e revelar o jogo das forças instituídas implicado no saber/fazer da psicologia. O diálogo com pensadores da Filosofia da Diferença como intercessores, Gilles Deleuze, Felix Guattari e Michel Foucault – todos permeados pela ética de Espinosa – coloca na dimensão ético-política o interesse específico da pesquisa. O conceito foucaultiano de governamentalidade nos permite apontar o neoliberalismo e sua política expansionista que visa impor a lógica do mercado a todas as esferas da vida, capturando inclusive a própria alma dos humanos, como o perigo maior que ronda o presente. No que se refere à formação da/o psicóloga/o, apontamos o currículo como a peça-chave de uma formação tecnicista esvaziada de uma atitude ética e de potência crítica. Formação ou formatação? Concluímos que a formação nunca é apenas a produção de um profissional, mas a produção de uma subjetividade na qual ficam incorporados modos de pensar, agir, sentir e perceber o mundo. Apostamos como estratégia de res(x)istência uma formação como prática de si para a invenção de outros mundos onde a Psicologia seja antes uma arte que guia a invenção de uma ciência que toma a vida como afirmação de uma potência criativa de si e do mundo.

Palavras-chave: Forma[ta]ção; Neoliberalismo; Currículo; Filosofia da Diferença; Produção de subjetividade.

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RÉSUMÉ

Nous partons de l'expérience d'un groupe d'étudiants qui partagent pendant cinq années le quotidien d'une formation académique en psychologie, réalisée dans une faculté privée pour créer des compositions schizo-analytiques avec deux outils conceptuels de l'Analyse Institutionnelle - les analyseurs et l'implication. Dans cette esquisse d'auto-analyse, la recherche et l'écriture sont un seul processus en cours de construction dans l'immanence d'une vie. Le but de cette écriture-recherche est inciter l'exercice critique qui prend comme point de départ le vécu et le non-vécu de l'expérience de la formation universitaire comme une généalogie du présent. La cartographie, méthode de recherche de la schizo-analyse, nous permet d'aller au-delà de la simple description et de révéler le jeu des forces instituées impliqué dans le savoir/faire de la psychologie. Le dialogue avec les penseurs de la philosophie de la différence comme intercesseurs, Gilles Deleuze, Félix Guattari et Michel Foucault - tous imprégnés par l'éthique de Spinoza - met dans la dimension éthico-politique l'intérêt spécifique de cette recherche. Le concept foucauldien de gouvernementalité nous permet d'indiquer le néolibéralisme et sa politique expansionniste laquelle vise à imposer la logique du marché dans toutes les sphères de la vie, y compris capter l'âme même des humains, comme le plus grand danger qui hante le présent. En ce qui concerne la formation du psychologue, nous soulignons le curriculum comme l'élément clé d'une formation technique dépourvue d'éthique et de la puissance critique. Formation ou formatage? Nous concluons que la formation n'est jamais seulement la production d'un professionnel, mais la production d'une subjectivité dans laquelle sont incorporées manières de penser, d'agir, de sentir et percevoir le monde. En tant que stratégie pour une re-existence, nous investisson dans la formation comme une pratique de soi, para l'invention d'autres mondes où la psychologie soit un art qui guide l'invention d'une science qui prend la vie comme affirmation d'un pouvoir.

Mots-clés: Forma[tage]tion; Néolibéralisme; Currículum, Philosophie de la Différence; Production de subjectivité.

Uma formação: Devires

Não tenho estilo de vida:

atingi o impessoal, o que é tão difícil.

Clarice Lispector

Uma sala de aula numa faculdade privada qualquer de uma pequena cidade qualquer deste Brasil que queremos de “alegres trópicos”. Um punhado de estudantes reunidos ao acaso para compartilhar durante cinco anos o cotidiano de uma formação acadêmica. Querem ser psicólogas e psicólogos. Neste caso, o acaso tem limites: esta sala de aula é a única opção que a cidade oferece nesse momento. Esta é uma narrativa dessa experiência, não como um relato de fatos, mas como um "esboço de auto-análise" . Singularização de uma experiência que não é única nem singular. Até parece que se repete com algumas variações. Neste relato, nenhuma neutralidade. Esta escrita é um ato político inscrito em uma ética e em uma estética da existência. Fala de um tempo que não é cronológico – aion – passado-futuro confabulando a acontecimentalização do presente como uma construção estética. Desconstrução necessária para a invenção de outros mundos onde a Psicologia seja antes uma arte que guia a invenção de uma ciência que toma a vida como afirmação de uma potência.

O objetivo deste artigo é instigar a partir deste esboço de auto-análise – narração das singularidades de um coletivo – o exercício crítico que toma como ponto de partida o vivido e o não-vivido na experiência desta

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