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TRABALHO PATOGENICO

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Por:   •  25/3/2015  •  1.735 Palavras (7 Páginas)  •  454 Visualizações

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PÓS GRADUAÇÃO

SAÚDE MENTAL E TERAPIAS COGNITIVAS

Suzana Érica Santos da Silva

O TRABALHO PATOGÊNICO

Prof. MATIAS VERSUTTI

Natal

Março 2015

O TRABALHO PATOGENICO

A historia do Trabalho no Brasil desde sempre vem assumindo um papel de libertação, onde todo este processo vem pra neutralizar a regulação social do trabalho com a consequente perda de direitos conquistados pelos movimentos sociais anteriores, naturalizando o trabalho precário, banalizando a injustiça social e a violência no trabalho, principalmente a violência psicológica. Resultando em uma era de precarização social e de trabalho socialmente desagregador, terreno fértil para o sofrimento e o adoecimento dos indivíduos, configurando o trabalho patogênico. A precarização passou a ser um atributo central do trabalho contemporâneo e das novas relações de trabalho, apresentando múltiplas faces e dimensões.

Conforme thébaud-Mound e Druck (2007) a precarização do emprego/desemprego – na crise da sociedade salarial fordista – são estratégicos nos processos de reestruturação produtiva, em que a flexibilazação/precarização é um elemento central das políticas neoliberais de dominação social.

É preciso reconhecer que a precarização é um processo multidimensional que altera a vida dentro e fora do trabalho. Nas empresas se expressa em formas de organização pautadas no just in time, na gestão pelo medo, nas práticas participativas forçadas, na imposição sutil de autoaceleração, na multifuncionalidade, dentre outros métodos voltados ao controle maximizado. São processos de dominação que mesclam insegurança, incerteza, sujeição, competição, proliferação da desconfiança e do individualismo, sequestro do tempo e da subjetividade. São afetadas as demais dimensões da vida social, laços familiares e intergeracionais. A desestabilização e a vulnerabilidade sociais conduzem à desvalorização simbólica, com a corrosão do sistema de valores, da autoimagem e das representações da inserção de cada um na estrutura social. Atraves forma surgem novas relações de trabalho marcadas pela crescente precarização.

Para fins analíticos, pode-se distinguir algumas dimensões deste processo:

1. Diz respeito aos vínculos de trabalho e às relações contratuais. Compreende o processo sociopolítico de perdas de direitos trabalhistas ou do seu usufruto no mundo do trabalho real – descanso remunerado, férias anuais remuneradas, referenciais de jornada de trabalho normal e de horas extras, dentre outros.

2. A segunda dimensão concerne à organização e às condições de trabalho que, em todos os setores de atividades,

têm se caracterizado pelas metas inalcançáveis e pelo ritmo intenso de trabalho favorecidos pelo patamar tecnológico da microeletrônica. A forte pressão de tempo somada à intensificação do controle ou da instrumentalização do medo à demissão conduzem à intensificação do trabalho.

3. estreitamente ligada às anteriores, consiste na precarização da saúde dos trabalhadores. Esta vem incidindo de modo marcante na saúde mental, que é indissociável da saúde como um todo. Trata-se da fragilização – orgânica, existencial e identitária – dos indivíduos pela organização do trabalho com intensificação da multiexposição. Essa fragilização é acrescida das limitações impostas, em muitas empresas, ao bom funcionamento dos SESMTs (Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) no Brasil em nome de uma equivocada contenção de custos.

4. A quarta dimensão da precarização, fundamental para a consistência do tecido social, compreende a fragilização do reconhecimento social, da valorização simbólica e do processo de construção das identidades individual e coletiva. Numa sociedade em que o trabalho ainda ocupa um espaço/tempo central na vida social e individual, sua precarização dificulta o processo de identificação e construção de si, tornando mais complexa a alienação/estranhamento do trabalho.

5. Afeta a natureza da representação e organização coletiva (sindical). O binômio terceirização/ precarização, ao minar a identidade individual e coletiva, conduz à fragilização dos agentes sociais.

Apesar de todas essas dimensões surge também a Terceirização onde na perspectiva da sociologia do trabalho, trata-se de uma forma iniludível de dominação e uma prática de gestão que anula a regulação do mercado de trabalho. A terceirização lança um manto de invisibilidade sobre o trabalho real – ocultando a relação capital/trabalho e descaracterizando o vínculo empregado/empregador que pauta o direito trabalhista – mediante a transferência de responsabilidades de gestão e de custos para um “terceiro”. Alguns exemplos são: o trabalho a domicílio; teletrabalho no domicilio; as redes de empresas fornecedoras de componentes e peças (típica da indústria automobilística); a subcontratação de serviços de apoio e periféricos; a subcontratação de empresas ou trabalhadores autônomos em áreas produtivas e nucleares (manutenção); a quarteirização, empresas contratadas para gerir contratos com as terceiras, caracterizando a cascata de subcontratação.

Desta forma A psicopatologia da precarização se configura novo território no âmbito dos estudos da Saúde Mental

Relacionada ao Trabalho (SMRT). Inicialmente, tentemos resumir em que consiste a violência no trabalho e suas prováveis causas. A violência foi definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “sendo o uso intencional da força física ou do poder”, o que, na interpretação de Dahlberg e Krug (2006, p. 279), “deveria ser entendido como inclusão da negligência e de todos os tipos de abuso físico, sexual e psicológico, tanto como suicídio e outros”. Esta interpretação possui implicações amplas e inclui – entre outras exposições a fatores de risco de natureza física, biológica e química – a negligência patronal que resulta em exposição dos trabalhadores a substâncias neurotóxicas, causa de transtornos mentais dos quais não será possível tratar aqui, assim como não iremos abordar os danos psíquicos decorrentes de traumatismos cranianos provocados em acidentes

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