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Ética Profissional Assuntos Emergentes na Psicologia

Por:   •  14/11/2016  •  Seminário  •  1.839 Palavras (8 Páginas)  •  374 Visualizações

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UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

FACULDADE DE PSICOLOGIA

Ética Profissional

Assuntos Emergentes na Psicologia

Artigo: Impasses no atendimento e assistência do migrante e refugiados na saúde e saúde mental

 Felicia Knobloch – PUC – Campinas-SP

Andréia Rocha Camargo

Thalita Andrade

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, OUTUBRO DE 2016

Resumo: Questões sobre atendimento à saúde são, atualmente, a porta de entrada dos direitos humanos e dos dispositivos de reconhecimento dos migrantes e refugiados. Entretanto, dependendo de como se entende a assistência a esse grupo pode ser gerado um “desreconhecimento” do sujeito. Impasses surgem ao se naturalizar a experiência migratória como fator de risco que leva à patologia psíquica. Quando o discurso sobre imigração é vinculado a formas específicas de sofrimento psíquico, corre-se o risco de medicalização da experiência migratória e controle farmacológico de problemas que podem ser sociais, políticos ou econômicos. Um desafio é a formação de trabalhadores no atendimento à saúde física e mental dos migrantes para dar suporte ao encontro: é necessário compreender a representação da saúde e da doença no contexto de origem e as especificidades atuais de vida dessas pessoas sem estereotipar a condição de migrante ou refugiado nem silenciar a singularidade do sujeito.” Felicia Knobloch

Introdução

No artigo o autor faz uma analogia entre o “louco e estranho familiar” dos anos 1970 e 1980 (anos do debate sobre a loucura e a psicose), que eram os doentes mentais, discriminados, excluídos e segregados pela sociedade e o “louco, estranho e estrangeiro” atual, o imigrante/refugiado, que é tratado da mesma forma e ainda procura seu espaço na sociedade, uma inclusão e sua condição digna de cidadão.

Esta é uma questão de alteridade, que coloca a prática clínica e social a pensar em um desenvolvimento de um trabalho de acolhimento do estranho / estrangeiro.

O objetivo seria reconhecer o sofrimento psíquico gerado pelas várias experiências e situações vividas pelo migrante/refugiado, tanto do seu lugar de origem, quanto no processo de migração e da inserção ou exclusão no novo lugar. Não deveria haver a patologização (atribuição de doença) da diferença como única forma de reconhecimento deste outro estrangeiro.

As categorias psicológicas e psiquiátricas que outrora constituíram o discurso da loucura como forma de controle do desconhecido reaparecem hoje na questão dos imigrantes, uniformizando modos de subjetivação singulares.

Os Impasses

A questão que o autor se faz quanto a questão dos Impasses no atendimento e assistência do migrante e refugiados na saúde e saúde mental, é se podemos identificar questões específicas em torno da saúde sobre a saúde mental dos migrantes e refugiados.

A resposta é positiva se compartilharmos das posições da etnopsicanálise e da psiquiatria transcultural como referências às práticas de cuidado.

A etnopsicanálise é o estudo das características específicas de determinados povos e grupos sociais. Junção entre a psicanálise (inconsciente e ancestral) e a antropologia enquanto estudo do comportamento social do ser humano e cultural em sociedade.

E a psiquiatria transcultural é um ramo da psiquiatria que lida com manifestações nas diferentes culturas e utiliza disciplinas como a Antropologia médica e Psicologia Transcultural para o entendimento destas manifestações.

Marie Rose Moro, psiquiatra francesa demonstrou numa conferência, como a prática em psiquiatria transcultural foi desenvolvida por ela e seus colegas decorrente dos impasses provocados pelo trabalho com migrantes na França. Através de seu relato, pode-se notar como a prática clínica se aprimorou a partir da interação dos profissionais com os pacientes. A experiência de Marie e seus colegas foi baseada na Etnopsiquiatria de Devereux, e é hoje referência fundamental para o trabalho clínico como os migrantes.

Uma posição ético-política do trabalho clínico-institucional leva em consideração a multiplicidade de contextos, culturas e línguas com que convivem no dia a dia do trabalho, desenvolve estratégias clínicas com capacidade de organizar novos arranjos a cada situação do encontro clínico e considera a singularidade do sujeito em seu contexto atual com relação a suas referências e especificidades culturais de origem.

Entretanto o que se encontra é uma posição contrária a etnopsicanálise e a psiquiatria transcultural. Uma posição que produz um discurso que é paradoxal ao tentar inserir a experiência da migração em categorias e transtornos psiquiátricos. Este discurso tenta dar visibilidade e legitimidade jurídica ao imigrante e refugiado e assim inseri-los num sistema onde eles não possuem lugar subjetivo. E é justamente por eles terem sido inseridos pelo sistema médico-psiquiatra que se corre o perigo da naturalização de um discurso patologizante da experiência da migração.

Para se compreender este processo é importante que entendamos a apropriação da figura do trauma e do traumatismo psíquico. E como o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) foi usado como modelo médico a partir da apropriação política da noção de traumatismo psíquico.

O TEPT - transtorno do estresse pós-traumático é um transtorno psicológico que ocorre em resposta a uma situação ou evento estressante, de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica.

O traumatismo é entendido como um fato e não um processo, é a prova do intolerável e o traumatizado é a vítima. Assim o evento traumático se torna o agente etiológico, ou seja, causador e suficiente. Desta perspectiva, o estresse pós-traumático é considerado uma reação normal a uma situação anormal. Reação normal e não uma doença mental, o que constitui um modelo contrário: uma normalidade de uma condição patológica, verificável pela presença de sintomas responsáveis pelo sofrimento psíquico.

Os sintomas do estresse pós-traumático podem ser organizados em três categorias. São elas, (1) sintoma de revivescência, que faz com que os pacientes vivam os eventos traumáticos de forma repetitiva através de flashbacks, pesadelos, lembranças recorrentes; (2) sintoma de evitamento, quando a pessoa traumatizada evita situações, pessoas e lugares que lhe lembrem o trauma e (3) sintoma de hipervigilância, quando o traumatizado se encontra sempre ansioso como se estivesse em perigo, pronto para lutar e fugir.

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