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A INFLUÊNCIA DO NEOLIBERALISMO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Por:   •  28/4/2015  •  Dissertação  •  21.950 Palavras (88 Páginas)  •  349 Visualizações

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2 A INFLUÊNCIA DO NEOLIBERALISMO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL

2.1 A essência e as transformações no mundo do trabalho

Compreender a natureza universal é compreender a existência humana. A natureza abrange todos os seres orgânicos e inorgânicos, onde diante da sua história carrega em si transformações que acarretam mudanças profundas em todos os seres que nela se situam. O homem que se encontra como parte deste contexto natural, por meio de um processo longo de experiências e descobertas, passou a intervir na natureza com a intenção de satisfazer as suas necessidades, mediante aos instrumentos construídos por ele, obtendo como resultado a preservação e manutenção de si próprio e seu grupo. Diante do contexto mencionado, a intervenção humana sobre a natureza, por meio da sua energia humana, quando refletida e planejada antes do agir, caracteriza-se como a essência do trabalho.

Na história da humanidade é possível observar que desde os primórdios o homem está entrelaçado com a essencialidade do trabalho. O trabalho se tornou fundamental para a transformação do homem mediante a sua intervenção na natureza. A partir do trabalho, o humano adquiriu a possibilidade de se reconhecer como tal, se diferenciando dos outros animais, obtendo peculiaridades que são existentes somente nos grupos humanos.

Conforme assinala Marx (1983, p.149-150,153 apud; BRAZ e NETTO, 2011, p.41):

 [...] o trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. [...] Não se trata aqui das primeiras formas instintivas, animais, de trabalho. [...] Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence exclusivamente ao homem.

  As experiências complexas do trabalho quando aprofundadas desaproximam o homem da sua natureza primária fazendo com que esta natureza se torne submissa às necessidades criadas pelo próprio homem, necessidades das quais são socializadas e universalizadas, fazendo a configuração do homem natural para o ser social. O ser social tem a capacidade de se projetar teleologicamente diante da sua história.

Braz e Netto (2011, p. 52 grifo do autor) afirmam que:

o ser social assim estruturado e caracterizado, não tem nenhuma similaridade com o ser natural (inorgânico e/ ou orgânico); ele só pode ser identificado como o ser do homem, que só existe como homem em sociedade.

A essencialidade do trabalho passa a ser modificada quando o ser social adquiriu o hábito da domesticação animal e a agricultura, fortalecendo o caráter de dominação, o ser social passa a não mais aderir á equidade entre o seu grupo, surgindo os que se apoderam dos meios de produção e os que possuem como único meio de sobrevivência a “venda” da força humana.

         Na história da humanidade percebem-se diversas relações com determinadas particularidades em seu contexto, político, econômico e social, mas que passam pela mesma perspectiva dos dominantes e dominados, seja nas visões escravista, feudalista ou burguesa. Nos períodos escravista e feudal era possível verificar o modo de produção mercantil simples, onde produtores tratavam diretamente de seus interesses com outros produtores. Por volta do sec. XIII surgem pequenos grupos de comerciantes que realizavam o processo intermediário entre os produtores com a finalidade de obtenção de lucro por meio da elevação dos valores das mercadorias. Este mecanismo adotado pelos comerciantes para o aumento de riquezas configurou posteriormente ao modo mercantil capitalista. O modo mercantil capitalista diferentemente do mercantil simples teve seu ganho focado na exploração da força de trabalho.

Segundo, Braz e Netto (2011, p. 93 grifo do autor):

a circulação mercantil capitalista, evidentemente, é distinta da circulação mercantil simples. O capitalista, ao contrário do produtor mercantil simples, não quer mercadorias para trocar por outras mercadorias e, portanto, não emprega o seu dinheiro como simples intermediário entre uma mercadoria e outra. [...] o lucro capitalista não é criado na esfera da circulação; provindo da esfera da produção, o lucro capitalista exige a continuidade da produção e o seu controle pelo capitalista [...].

No final do séc. XVIII, com a instalação da Revolução Industrial o cenário do trabalho se transfigura, e o trabalho manufatureiro perde espaço neste cenário. O trabalhador manufatureiro possuía o conhecimento de todo o seguimento para a finalização da mercadoria, para o sistema capitalista que se instalava gradualmente, mediante a dominação dos meios de produção dos trabalhadores manuais diretos. Esse conhecimento se tornou uma ameaça para a obtenção de lucro, sendo assim, a maneira encontrada para a retenção destes trabalhadores pelo capital foi submetê-los a fragmentação no processo de produção.

Os trabalhadores manuais diretos passaram a desapropriação do conhecimento de todo o processo de produção, para se tornarem trabalhadores industriais, ou seja, passaram por um sistemático processo de especialização, onde a percepção de todo o processo da criação da mercadoria já não lhe pertenciam mais. Por este segmento brutal estabelecido pelo capital, trabalhadores manuais diretos que atuavam nas indústrias em números massivos, possibilitaram ao capital seu fortalecimento diante de uma larga escala de trabalhadores que não se reconheciam em seu processo de trabalho, adquirindo um caráter alienante na sua relação com o processo produtivo. O trabalhador alienado não se reconhece mais como tal, perde o controle da essencialidade do trabalho, acarretando na perda da emancipação e na interação consciente com a natureza e a sociedade.

 Diante de uma realidade traçada por explorações face acumulações o grupo desfavorecido, constituído por trabalhadores, assume a base econômica da sociedade, caracterizado como a estrutura, é mediante a estrutura que a economia se mantem e se refaz constantemente, o grupo de sujeitos que se posicionam no topo da escala de privilegiados, os burgueses, são a superestrutura da sociedade, a superestrutura cabe o papel da mobilização massifica para idealizar o modo de ser, agir, pensar de toda a sociedade. Os que não possuem os meios de produção se veem tendo como único meio de sobrevivência a venda da sua força de trabalho que se materializou em forma de dinheiro, dinheiro este que limitado em forma de salário.

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