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A Perspectiva Renovadora

Por:   •  17/7/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.469 Palavras (10 Páginas)  •  375 Visualizações

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A Perspectiva Renovadora

        Inicialmente é importante destacar que a proposta da intenção de ruptura é justamente como o nome já diz, romper com as práticas tradicionais do Serviço Social. Práticas essas que são essencialmente favorecedoras da classe dominante visando especificamente as suas vontades. Com isso a perspectiva modernizadora surge para discutir a relação existente entre o Serviço Social e a sociedade capitalista e no decorrer do tempo com as pesquisas que foram desenvolvidas com embasamento teórico e metodológico provindo do marxismo clássico, este vem representar para o Serviço Social um grande avanço.

        O contexto em que o a intenção de ruptura surge é no momento em que os assistentes sociais voltam- se para os interesses da classe trabalhadora, procurando contribuir através do seu conhecimento com propostas que viessem a atender as necessidades dessa classe. E resolvem idealizar algumas ideias para começarem a dar inicio ao processo de ruptura, que infelizmente veio a ser interrompida com a ditadura militar, mas ressurgiu durantes os anos 1972 a 1975 quando se desenvolve o “Método BH” realizado durante o período ditatorial, que foi a realização de um trabalho de crítica teórico- prática ao tradicionalismo.

        Portanto para contribuição dessa ruptura dois Documentos foram muito importantes, são eles, o Documento de Araxá e o de Teresópolis, que respectivamente, foram resultados dos debates realizados pelos profissionais e estudantes de Serviço Social nos seminários que foram realizados e estes que proporcionaram um estudo do Serviço Social nos seus aspectos teóricos e práticos para avaliar o progresso feito no sentido de caminhar para cientificidade.

A Intenção de Ruptura.

A intenção de ruptura surgindo no âmbito universitário e mais especificamente na Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais, por volta dos anos 70, encontra-se em linhas marginalizadas. É apenas com a virada do decênio que sua repercussão ultrapassa as barreiras da universidade e se passa a debater sobre toda essa perspectiva renovadora. Os discursos são tão fortes que nos anos 80, passam a falsa impressão de desempenhar um papel hegemônico.

O autor esclarece que é com a crise da autocracia burguesa e com a reinserção do proletariado no contexto sócio-político que o discurso da ruptura começa a fazer parte dos círculos de conversas acadêmicas.

A Intenção de Ruptura e Universidade.

Um dos vetores que mais colaborou para a renovação do serviço social brasileiro foi o processo de graduação e pós-graduação do profissional nas universidades, ou seja, o ato de fazer parte daquele mundo rico em informações científicas.

Dentre os principais objetivos da ruptura estavam a sua própria reconstrução com novas bases, com isso, se desligar do tradicionalismo, este que impedia a busca por metodologias teóricas da prática profissional. Esta intenção de ruptura não começou de uma hora para outra, o autor deixa claro que sua herança busca traços dos anos 50.

O período militar aparece como empecilho para a atuação do profissional regido por estas novas bases, uma vez que o Estado exercia controle sobre tudo, tanto nas empresas privadas quanto nas estatais a chance do uso dessas teorias era extremamente pequena e não valorizada, além de ser caro.

Com isso, a universidade é vista como outro campo de atuação do assistente social, como docente, sendo até mesmo mais seguro para a perpetuação e prática da ruptura, destaca-se que este espaço não era totalmente livre, apenas menos adverso quando comparado aos outros locais de atuação.

        A refuncionalização da universidade oferecia um campo profissional novo e menos inseguro para o projeto de ruptura, é a partir disto que a carreira docente se efetiva para os assistentes sociais. Apesar de o espaço universitário apresentar certas dificuldades, ainda assim se apresenta como menos adverso que outros espaços para apostas de rompimento. Permitiria o desenvolvimento de atividades importantes para o projeto de ruptura, como a conjugação de pesquisa e extensão e o rompimento de elaboração e experimentação.

        Ao projeto de ruptura desempenhava-se um árduo trabalho teórico-metodológico, tanto no que diz respeito à crítica aos substratos do tradicionalismo, quanto da apropriação de um arcabouço diferente, visto que apresentava uma carência no campo da elaboração e da investigação. No entanto, procurava encontrar formas e modos de experimentação para as propostas interventivas decorrentes do novo embasamento teórico-metodológico.

        Dessa forma, o projeto de ruptura fortaleceu-se primeira e especialmente como produto universitário sob o ciclo autocrático burguês. Foi no espaço universitário que se desenvolveu a interação intelectual entre assistentes sociais que podiam se dedicar à pesquisa, desvinculando-se do controle institucional-organizacional e de especialistas de outras áreas; também se tornou possível as experiências-piloto, desempenhadas com as atividades de extensão, com campos de estágio supervisionados por profissionais embasados pelos novos referenciais. Foi possível quebrar o isolamento intelectual do assistente social e viabilizar experiências de prática autogeridas.

        Visualizando de forma mais centrada, pode-se notar a típica ilusão de resistência para com a autocracia burguesa que vigora a todo vapor nessa conjuntura.  Em grande escalada deparamo-nos com o cenário de exploração e burocratismo no âmbito acadêmico.  Diante da falta de estratégia (política, intelectual e profissional), ocorreu a falta de entusiasmo nas intenções renovadoras,  acabando por deixar tal intenção para o futuro, com a esperança de ser mais acolhida pela classe do serviço social como um todo.  A partir do momento em que “os constrangimentos mais sensíveis da ordem autocrática foram ultrapassados, boa parte dos profissionais que se abrigaram nesta opção [...] engajaram-se em esforços que resgatavam as impulsões renovadoras.” (NETTO, 2006).

        Os profissionais que escolheram lutar por uma renovação na profissão geraram uma caminhada difícil. Se o campo acadêmico era o lugar ideal para cravar a luta e direcionar as forças para o arranque da ruptura, os acontecimentos em contra partida com sua funcionalidade pela autocracia puseram obstáculos no caminho.  As experiências obtidas nesse cenário depararam-se com sérios problemas  - vale  ressaltar que os impasses que bateram de frente com os atores dessa linha renovadora não foram tampouco casuais, uma vez que uma grande parte da profissão concordavam com a posição do sistema e ou eram oriundos do velho segmento profissional, sendo estes atrasado e tradicionalista. Segundo Netto (2006), “a opção estratégica pelo espaço acadêmico só se revelou palpavelmente produtiva quando se tornou possível [...] contar também com as conjunturas determinadas e particulares que, aproveitadas coma inteligência e coragem, operavam no contra- sentido das orientações predominantes na universidade e na sociedade”. É preciso dizer que tais conjunturas não eram numericamente suficientes.

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