A VISITA DOMICILIAR

Introdução

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a visita domiciliar como forma de instrumento usada pelo Serviço Social, historicizando esse instrumento em uma pespectiva geral, evidenciando os objetivos da visita domiciliar conforme a evolução do pensamento crítico. Compreendendo as mudanças desse instrumento na atuação do assistente social conforme os avanços obtidos em formas de luta contra o conservadorismo e na busca de um projeto que guiasse a profissão, sendo ela, um dos vários instrumentos utilizados pelo assistente social no campo técnico-operativo.

Sendo a visita domiciliar um instrumento importante para atuação do assistente social para conhecer e compreender mais de perto as demandas e a realidade social dos usuários. Dando evidência também para as formas em que esse instrumento é utilizado pela profissão, buscando entender os benefícios e as dificuldades encontradas na efetivação do instrumento visita domiciliar.

1. O que é a visita domiciliar e para que serve?

 A visita domiciliar na historicidade, surgiu como um instrumento de regulamentação do Estado com atuações voltadas para disciplinação social das famílias, essas, eram alvos de vigilâncias constantes de agentes filantrópicos e religiosos, que agiam a mando do Estado com intuito regular suas ações e organizações.

“As visitas domiciliares foram marcadas nas suas origens por um caráter fiscalizatório e coercitivo, tendo sido permeadas de preconceitos e juízos de valores, nas quais a população atendida era percebida como subalterna. Nos primórdios da profissão, tais visitas eram realizadas para verificar se ‘o cliente’ ou ‘o assistido’ estava falando a verdade, se realmente residia num determinado endereço, ou se não estava omitindo informações sobre as suas reais condições de vida. Além desse aspecto, as visitas também eram realizadas com o objetivo metodológico de difundir o padrão e o modo de ser instituídos pela sociabilidade burguesa, a partir da divulgação de seus valores e concepções de mundo”. Ramos, 2013 (p. 73).

Primeiramente devemos entender que esse instrumento não é de exclusividade do Serviço Social, é também utilizado por outras profissões como um recurso metodológico para ter contato com o usuario além do ambiente formal institucional.

Para Samaro, 2014 p.19

“é uma técnica social, de natureza qualitativa, por meio da qual o profissional se debruça sobre a realidade social com a intenção de conhecê-la, descrevê-la, compreendê-la ou explicá-la. O seu diferencial em relação a outras técnicas é que tem por lócus o meio social, especialmente o lugar social mais privativo e que diz respeito ao território social do sujeito: a sua casa ou local de domicílio”.

Esse instrumento é usado na prática do profissional de Serviço Social desde sua gênese até a atualidade, tendo uma complexa resignificação com os processos históricos da profissão que se desvinculou do conservadorismo e passou a se guiar por um projeto ético-político.

Atualmente, a visita domiciliar faz parte do eixo técnico-operativo da profissão que usa esses instrumentos para intervenções em situações sociais a serem abordadas, fortalecendo o conhecimento do cotidiano do usuário dentro dos espaços que eles normalmente frequentam possibilitando uma coleta de dados muito mais eficaz.

 A visita domiciliar entre os outros instrumentos utilizados pela profissão, possibilita conhecer de forma aprofundada a realidade social que os usuários vivenciam e, a partir desses conhecimentos, criar estratégias na direção da garantia de direitos da população. Mais do que uma forma de conhecer a realidade, a visita domiciliar carrega consigo possibilidades interventivas para muitos usuários que não possuem condições de acessarem os serviços das políticas públicas, ampliando o acesso a serviços para sujeitos que vivenciam um contexto marcado por desigualdades sociais.

2) A visita domiciliar e o Serviço Social.

A visita domiciliar dentro do Serviço Social atua com a finalidade de atingir um alcance de conhecimento ampliado sobre a condição da realidade vivida pelo usuário, tendo foco a análise de seu espaço residencial e a vivência do sujeito. A ação caracteriza uma possibilidade de aproximação entre o profissional e usuário.

A visita domiciliar possui um vínculo singular com o Serviço Social, pois tal instrumento de ação profissional exige uma bagagem teórica que possibilite uma reflexão aprofundada sobre a realidade sócio-economica do usuário. Tal característica está vinculada com aos fundamentos norteadores do Serviço Social atual, que consegue apreender de maneira abregente a totalidade sobre as desigualdades sociais levando em consideração a estrutura da sociedade capitalista e as refrações da “questão social” a partir de sua especialidade teórica-metodológica.

É necessário salientar que o uso desse instrumento sofre interferência do direcionamento do projeto ético-político de caráter democrático da profissão, esta que está inserida na divisão sociotécnica do trabalho. Sendo assim, o uso do instrumental é baseado pela finalidade ético-política e objetivo institucional.

Prates (2003), destaca que as técnicas e os instrumentais são utilizados de acordo com as estratégias e com o contexto a ser focalizado para atingir determinada finalidade.

A realização da visita domiciliar é em três pontos essenciais. São eles: Planejamento, execução e registro.

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