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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Por:   •  12/11/2018  •  Dissertação  •  3.478 Palavras (14 Páginas)  •  245 Visualizações

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  1. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

 Para Paulo Freire (2013) não é possível fazer uma reflexão sobre educação sem refletir sobre o próprio homem. Para o autor, ambos estão intimamente ligados. O homem tem a capacidade de raciocinar, de questionar a si mesmo e as coisas a seu redor, ou seja, tem a possibilidade de estudar a realidade que está inserido. O autor supracitado, compreende o homem como sujeito incompleto, pois ele tem a necessidade de buscar a educação como processo constante que permeia toda sua existência. Desse modo, esse processo também se caracteriza por evoluções na maneira de pensar e não por reprodução sempre de um mesmo pensamento.

Existe uma reflexão do homem face a realidade. O homem tende a captar a realidade, fazendo-a objeto de seus conhecimentos. [...] isto é privilégio de todos os homens e não de privilégio de  alguns. (por isso a consciência reflexiva deve ser estimulada: conseguir que o educando reflita sobre sua realidade). Quando o homem compreende sua realidade pode levantar hipóteses, sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. ( FREIRE,2013, p.18)

         .

 No entanto, vale ressaltar ainda que a educação além de um processo pessoal, deve ser buscada com outros seres humanos, as experiências coletivas podem ser experiências enriquecedoras. Segundo o autor supracitado, o  homem é um ser de relações.

o homem está no mundo e com o mundo [...] isso torna capaz de relacionar-se, de sair de si, de projetar-se dos outros, de transcender. Pode distinguir órbitas existências distintas de si mesmo. Essas relações não se dão apenas com os outros, mas se dão no mundo, com o mundo e pelo mundo [...] ( FREIRE, 2013, p. 17).  

Segundo Kruppa (1985) os homens são elementos fundamentais da sociedade e sua maneira de pensar e perceber o mundo são elementos fundamentais para formação de cultura. A mesma transmite valores que acabam incidindo nas relações sociais de determinada sociedade.

Portanto, toda sociedade precisa de educação para subsistir e progredir continuamente, sendo a educação um elemento importante para os homens tanto na descoberta de  informações mas também  na criação e transmissão da cultura.

Observamos que a educação se apresenta como processo vital em nossa sociedade. Portanto, faz-se necessário entender como vem sendo desenvolvida a educação em nossa sociedade através da história.

  1. Breve histórico do desenvolvimento da educação no Brasil

Antes mesmo da colonização do Brasil em 1500 e da chegada dos Padres Jesuítas no país nesse mesmo período, é importante destacar que a educação se processava de maneira informal pelos nativos, “a noção de educação dos indígenas não era como a nossa, ou de outros países da época que envolvia a leitura e a escrita de línguas, e sim a da sobrevivência e do bom conviver” (ARCANJO, 2010 p.29).

No entanto, segundo Romanelli (1978) a partir da colonização foi sendo implementado uma nova forma de “educação” no Brasil colônia pelos padres Jesuítas. Esses ensinamentos estavam pautados em um regime de religiosidade e trabalho, que eram na verdade instrumentos de dominação sobre a população. Desse modo, o Brasil colonial foi se caracterizando principalmente por ser uma sociedade latifundiária, escravocrata e aristocrática. Logo, as relações sociais fortificavam o modo de produção da época e afetavam as relações educacionais.  A esse respeito, o autor supracitado coloca que:

a instrução em si, não representava grande coisa na construção da sociedade nascente. As atividades de produção não exigiam preparo, quer do ponto de vista da sua administração, quer do ponto de vista da mão de obra. O ensino assim foi conservado a margem, sem utilidade prática visível para uma economia fundada na agricultura rudimentar e no trabalho escravo ( ROMANELLI, 1978, p. 34).

Apesar da irrelevância da educação formal nesse contexto, esse bem era distribuído pelos jesuítas conforme a classe social de cada individuo. Nesse período, existia uma dura divisão social entre senhores de terras e escravos. Segundo o autor supracitado, vale ressaltar que aos negros, índios e mestiços estava destinado uma educação pautada na obediência, pois era necessária mão-de-obra escrava. Para os senhores de engenhos eram ensinados noções básicas de administração dos negócios da família, ou seja, esses eram educados para dirigir.

Entendemos que essa divisão era feita com intuito de separar os ricos dos pobres, dirigentes de dirigidos. Não seria interessante para o clero nem para os grandes latifundiários que houvesse trabalhadores letrados, pelo contrário eram necessários escravos dominados que pudessem contribuir para acumulação de riquezas para manutenção daquela estrutura de poder. Dessa forma o povo foi excluído desse processo, sendo a educação um direito restrito a elite, essa linha de pensamento sobreviveu durante todo período colonial, imperial, atingindo parte da república.

Vale ressaltar que em 1808, com a chegada da família real Portuguesa “Para atender as  necessidades de sua estadia no Brasil, D. João VI abriu Aca demias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real [...]”. (THOMAZ, 2009, p.2). No entanto, não havia vontade política de ampliar as oportunidades educacionais para o povo, esses ainda permaneciam na servidão e escravatura.

Com a queda da aristocracia rural verifica-se um novo modelo de governo movido pelos ideais burgueses, que defendiam a implementação do capitalismo industrial, o mesmo era necessário para alavancar a economia do Brasil que encontrava- se assolado pela crise econômica de 1929[1].

Segundo Romanelli (1978), o processo de industrialização busca efetivação na era Vargas (1930-1945).  O mesmo se caracterizava por um novo sistema de produção que necessitava nesse momento de mão de obra qualificada para desenvolver atividades para a manutenção do novo sistema de produção. No entanto, esse modelo encontra dificuldades em sua implementação, pois acaba se chocando com a precária realidade educacional da população, que em encontrava-se em sua grande maioria analfabeta. Desse modo “o sistema arcaico de ensino torna-se um obstáculo ao sistema econômico. Esse passa, pois, a pressionar o sistema educacional no sentido de renovar-se” (ROMANELLI, 1978, p. 25).

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