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Fichamento: Estamentos e Classes

Por:   •  28/2/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.244 Palavras (9 Páginas)  •  194 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

DISCIPLINA: Classes e Movimentos Sociais

PROFESSOR: Roberto Marinho Alves da Silva

ALUNO: Adriano Elvis Furtado do Nascimento

FICHAMENTO DE TEXTO

Título do texto: Estamentos e classes

Bibliografia: TOENNIES, Ferdinand. Estamentos e classes. In: IANNI, Octavio.

Teorias de estratificação social: leituras de sociologia. 3. ed. São Paulo: Nacional, 1978. p. 262 - 283.

Resumo Geral: O texto trata da teoria da estratificação social que ocorre desde os primórdios da civilização, da divisão da sociedade europeia em estamentos e da sociedade hindu em castas e suas familiaridades, apesar de justificações diferentes. O texto também retrata a estratificação social através da luta de classes, fato que vemos nitidamente nos dias de hoje no mundo globalizado e capitalista. O autor também nos traz à luz vários conceitos como: proletariado, estamento, casta, partido, consciência de classe, status, etc.

Palavras Chaves: Estamento, Casta, Classe, Coletividade, Partido.

Citações:

Coletividades Sociais

“Proponho o termo coletividades sociais para designar grupos de indivíduos ou famílias que estão ligados uns aos outros, devido a tradições compartilhadas ou a seus interesses e perspectiva comuns.” (p. 262)

“Considero o partido político o tipo ideal de coletividade societária.” (p. 262)

“A coletividade societária é também uma coletividade racional, sendo por essa razão mais facilmente compreendido. O partido corresponde ao critério pelo qual as outras coletividades deveriam ser julgadas, já que não são societárias no sentido de um partido político e constituem, portanto, coletividades comunitárias” (p.262)

“O partido político é o protótipo da coletividade societária, porque a vontade dos indivíduos está diretamente relacionada com a vontade do partido.” (p.263)

“As coletividades sociais podem ser subdivididas, como todos os outros agrupamentos sociais, em: a) econômicas; b) políticas; c) intelectuais-morais.”

Estamentos e classes diferenciados

“Os termos “estamento” e “classe” são sinônimos muitas vezes empregados indistintamente. Mas queremos distinguir cientificamente esses dois termos no sentido de que estamentos são concebidos como coletividades comunitárias, e classes, como coletividades societárias.” (p. 264)

Estamentos dominantes

“Referimo-nos em primeiro lugar àqueles estamentos dominantes cujas atividades são de caráter semelhante ao militar ou religioso e lideram e comandam como resultado dessas funções.” (p. 264)

“O estado camponês diferencia-se, por sua vez, do estamento dos artesãos e dos comerciantes, que, juntos, formam a burguesia das cidades.” (p. 264)

Consciência de “status” é um elemento característico dos estamentos dominantes, manifesto em muitas formas sociais diferentes.” (p. 264)

“O orgulho aristocrático é especialmente significativo quando se transforma em arrogância de status, que tem efeito nas camadas mais baixas dos governados.” (p. 264-265)

“O orgulho clerical provém da pretensão do favor divino e da graça, ou de sua reivindicação.” (p. 265)

Honra de “status”

“Os estamentos dominantes reivindicam hora especial: querem ser reverenciados pelos outros. (Um estamento clerical quer ser reverenciado especialmente por aqueles que ele representa e que veneram seus deuses.) Desejam, contudo, também possuir e gozar sua honra como uma propriedade inalienável, altamente valorizada, um caráter indelebilis.” (p. 266)

“Mas a conduta “adequada” ao estamento não é o único símbolo de honra. Outro símbolo é modo de vida “adequado” e que encontra particular expressão na vida da família, especialmente em relação ao casamento.” (p. 266)

Estamentos hereditários e ocupacionais

“Os dois estamentos dominantes desempenharam pael de líder por muitos séculos na história europeia. É evidente que devemos distinguir entre estamentos hereditários e ocupacionais, embora os de nascimento sejam frequentemente análogos aos de ocupação.” (p. 266)

“Durante a Idade Média, a vocação de uma pessoa baseava-se numa escolha, embora em geral ela tivesse lugar dentro de um estamento ocupacional. Mesmo assim uma escolha frequentemente se tornava impossível por razões extrínsecas. A tal ponto o orgulho de status prevaleceu em ofícios ou guildas, que o estamento excluía dentre os seus membros as crianças nascidas fora do matrimônio, assim como excluía ofícios inteiros (mestres e filhos), tal como os tecelões do linho. Atualmente, tornou-se indispensável ao indivíduo escolher uma profissão e nela se especializar, de maneira que somente a vocação dos governantes dependa de nascimento onde a monarquia se manteve, isto é, ela cabe ao primogênito.” (p. 267)

“Até as últimas décadas também era raro que mulheres escolhessem uma carreira; pensava-se que sua vocação natural fosse a de esposa e mãe, especialmente nas camadas sociais mais elevadas. Sua tarefa era tomar conta de casa, criar e educar os filhos, mas também cuidar dos doentes, dos velhos e agir como boa samaritana, ou como irmã-professora num convento.” (p. 267)

“A herança estamental pode ser claramente reconhecida mesmo dentro da classe trabalhadora, no sentido de que em geral os filhos dos trabalhadores semi-especializados e especializados se tornam, por sua vez, trabalhadores semi-especializados e especializados.” (p. 268)

“O que é o proletariado? O que são os capitalistas, os empresários, os grandes comerciantes, diretores de banco, etc.? Frequentemente o proletariado tem sido considerado o “quarto estado”, como se os três estados – o militar, o acadêmico e o agrário – ainda existissem, no sentido em que podem ser considerados historicamente. O termo “quarto estado”, contudo, não tem base histórica ou sociológica, embora transmita mais significado do que um outro termo, ou “quinto estado”. Este último grupo é mais adequadamente chamado Lumpenproletariat: consiste na “escória da terra”, que se forma a partir de todas as camadas da sociedade, algo como os párias da Índia, que reúnem todos os elementos desclassificados da sociedade.” (p. 269)

Castas na Índia

“Uma casta combina os elementos característicos tanto do estamento ocupacional como do hereditário. Além disso, a casta muitas vezes coincide com o “clã” – tipo ainda mais antigo da coletividade social que assume funções de associação. A doutrina tradicional, só ameaçada há um século, propicia a existência de quatro camadas, hoje chamadas castas, no sentido clássico. Essas quatro castas consistem em três que governam e a quarta que serve. São: brâmanes ou sacerdotes, xântrias ou guerreiros, vaixás ou mercadores e camponeses, e sudras, também conhecidos como párias.” (p. 269)

“A camada mais baixa é considerada impura; os brâmanes rejeitam qualquer associação ou intercasamento com ela; não aceitam nem água de seus membros, recusando mesmo ter com eles qualquer contato físico ou equivalente. A correspondência entre esse sistema de castas e a divisão em três estamentos na Europa, contudo, é tão assustadora que se pode facilmente suspeitar da existência de algo primitivamente ariano atrás disso tudo.”(p. 270)

“É evidente que, além dos grupos cujas atividades se situam foradas formas aceites de vida social, as castas, assim como o estamento ocupacional da Europa, baseavam-se originalmente na divisão do trabalho.” (p. 270)

Estamentos e cidades na civilização antiga

“Nos escritos de Homero ainda encontramos menção a elementos da classe dos cavaleiros, cujos líderes, chamados “pastores do povo”, reuniam uma espécie de corte ao seu redor nas fortalezas de seus castelos. Encontramos também menção a um estamento de sacerdotes e profetas, figuras como Calcas e Tirésias, envolvidos por um halo sagrado. Mas em épocas históricas uma estratificada em estamento ocorreu somente nas cidades dóricas.” (p. 271)

“Em Roma, somente os Collegia (corporações) de sacerdotes tinham uma ordem hierárquica estável.” (p. 271)

“No decorrer de quase toda sua história, a Europa teve estamentos dominantes seculares e clericais, que constituíram os mais poderosos fatores da vida política e exerceram, por isso, poderosa influência nos assuntos econômicos e no desenvolvimento moral e intelectual. Sob esse aspecto, os dois estamentos estão próximos à monarquia, que foi sempre tanto sustentada como limitada pelos estamentos.” (p. 271-272)

Estamentos ocupacionais

“Quando remontamos à origem da imagem do estamento, enquanto fato social, devemos, em primeiro lugar, considerar as ocupações.” (p. 272)

“As pessoas, geralmente, se sentem e se consideram com vocação para determinada atividade, à maneira de um artesão.” (p. 272)

“É mais provável, contudo, que grupos ocupacionais aparentados se juntem e desenvolvam uma consciência de suas habilidades, desejos e aspirações coletivos. Hoje inúmeros Congressos constituem prova disso.” (p. 272-273)

Classe e consciência de classe

“Os estamentos têm sido substituídos cada vez mais pela consciência de pertencer a uma “classe”. Uma classe decide desenvolver poder efetivo através da força da massa, isto é, através de grande número daqueles que pertencem a esse corpo coletivo; o que depende, em menor extensão, das habilidades dos indivíduos. (p. 273)

“Se considerarmos o fator que mais fortemente promove a coesão de classes, ou seja, a distribuição de riqueza e rendimentos, concluiremos que há uma simples divisão em dois grupos. Por um lado existem indivíduos e famílias que são ricos e percebem altos rendimentos, embora possam recebê-los sem ter riqueza considerável. Por outro lado, há aqueles sem riqueza e com pequeno rendimento. É esta a tradicional divisão em ricos e pobres.” (p. 274)

Individualismo

“O desenvolvimento não pode ser entendido sem que se recorra ao conceito de “individualismo”.” (p. 274)

“Mas o individualismo constitui, em primeiro lugar, um fato da própria vida social, isto é, “não há individualismo na história ou na cultura, a não ser quando emerge da comunidade e permanece condicionado por ela, ou quando produz e mantém uma sociedade”. Ou ainda: todo ser humano, homem ou mulher, adulto ou criança, é, por natureza, um indivíduo.” (p. 274)

“O individualismo cresce junto com o poder e a riqueza. Mas cresce também junto com a responsabilidade que o indivíduo tem para consigo mesmo e para com os outros, especialmente para com aqueles indivíduos e grupos que o fazem responsável.” (p. 275)

Ocupação e negócios

“Devemos primeiramente considerar o comerciante. Seu negócio é uma questão de simples cálculo. Ele arrisca seus recursos na forma de uma soma de dinheiro. Sua intenção e expectativa mais ou menos bem fundada é conseguir de volta, após certo tempo, a despesa inicial mais algum lucro. (p. 275)

“[...] cada pessoa que possui riqueza pode ser considerada semelhante a um comerciante, especialmente se essa riqueza é investida em uma empresa (em ações, por exemplo).” (p. 276)

“Isso é observado particularmente na capacidade de um estranho se tornar um grande empresário capitalista, e o empresário nada mais é que a realização do comerciante.” (p. 276)

“A língua e a literatura inglesas não reconhecem a organização das pessoas em “estados”, se estes são estados dominantes ou burgueses, estados de nascimento ou ocupação. Somente três classes são reconhecidas: a alta, a média e a baixa.” (p. 277)

Estamentos ocupacionais atuais

“As ocupações, em suas múltiplas manifestações, têm caráter de coletividades sociais. São organizações de ocupações estamentos, como por exemplo a dos advogados e médicos. Tais organizações pressupõem a existência de ocupações claramente definidas. Há agências que representam os interesses ocupacionais como as câmaras de comércio, as associações comercias e sindicatos.” (p. 278)

“Os estamentos ocupacionais não constam das estatísticas ocupacionais. Mas constam as seguintes distinções: 1) empregados remunerados; empregados domésticos; membros de família (ociosos); 2) dos empregados remunerados (cuja categoria só é relevante para o estudo das ocupações, é importante distinguir entre: a) empregados por conta própria; b) assalariados; e c) empregados por tarefa.” (p. 278)

“Depreende-se facilmente dessa discussão que na sociedade atual os estamentos ocupacionais têm existência questionável. Geralmente sobrevivem naquelas pessoas que dependem mais do capital do que de outros bens ou indivíduos. Dessas pessoas, uma parte tem atividade ocupacional que foi aprendida, mas somente podem desempenhá-la como empregados, isto é, na medida em que lhes é oferecido trabalho.” (p. 279)

“[...] existe agora no interior daquele agrupamento ainda chamado “ocupação” uma divisão característica entre pessoas ativas e inativas, empregadas e desempregadas, as que pertencem à classe capitalista e da classe trabalhadora.” (p. 280)

Partidos

“A característica de classe é a consciência de classe, assim como a do estamento é a consciência de status entre os membros de um estamento. Classe e estamento têm então uma característica em comum com o partido, que foi colocado como protótipo racional da realidade social. A consciência de partido é um elemento integral do “partido”. Contudo, a consciência de classe, embora acompanhe o ato de escolher um partido, não é ainda uma questão de escolha. Juntar-se a um partido habitualmente ocorre devido à convicção – ou assim parece.” (p. 280)

“As seguintes censuras são feitas por todas as facções: 1) o outro partido sempre busca sua própria vantagem, ou a de seus líderes, ou a de grande parte de seus seguidores; 2) o próprio partido somente é representante de “interesses de classe”, isto é, de interesses materiais, ou tem sempre em mente os interesses de uma instituição – como o Estado – indispensável para as pessoas e para a humanidade. Em resumo, “nós” somos nobres e pensamos dessa maneira, enquanto o oponente é vulgar e mesmo odioso.” (p. 281)

Luta de classes

“É inegável que a filiação partidária em assuntos políticos é condicionada em geral pela posição econômica dos indivíduos e por seu status, ou consciência de classe.” (p. 281)

“Mas o contraste entre os ricos e os pobres não é a única coisa que está condicionada pela condição econômica de seus companheiros. Há outros contrastes, tais como os entre credor e devedor, entre pessoas das áreas urbanas e das áreas rurais, entre os que advogam proteção tarifária e os que defendem o livre-comércio, entre produtores e consumidores, entre monopolistas e os empenhados na livre competição.” (p. 282)

“Mas esses contrastes e lutas são obscurecidos pela luta de classes, se ela encontrou lugar para se desenvolver, como tem ocorrido, cada vez mais, durante os últimos cem anos.” (p. 282)

“Uma estrutura social unificada representada pelo Estado teria que tomar o lugar desses proprietários, se a grande maioria dos que buscam emprego rentável possuísse poder político.” (p. 283)

Comentário Geral: Apesar do texto ser apenas parte de todo um livro sobre o tema Teoria da Estratificação Social, classifico a obra como relevante devido ao seu nível de esclarecimento sobre o assunto em questão e recomendo a leitura do texto, pois é enriquecedor. O texto ajuda-nos na compreensão de como chegamos a essa sociedade em que vivemos, facilitando a compreensão de aspectos econômicos, políticos e sociais desenvolvidos ao longo de anos em várias sociedades.

Localização da Obra: BCZM – Biblioteca Central Zila Mamede – Campus UFRN

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