Fichamento classe operária vai ao paraíso

Análise: “A Classe Operária Vai Ao Paraíso (Elio Petri, 1971)” em função das teorias Marxistas

Contexto e Resumo

O filme A Classe Operária Vai ao Paraíso se passa na Itália pós Segunda Guerra Mundial. O cenário revela todas as consequências da guerra, tal como a crise econômica e o avanço do capitalismo industrial, de modo que dá enfoque para a importância da máquina como modo de superação de crise e destaque para as condições trabalhistas dos operários que naquela época trabalhavam. A partir da vida da personagem principal, o operário Lulu Massa, o filme permite reflexões sobre o cenário que retrata acerca do ideário Marxista.

Análise

Alienação: Lulu é um operário modelo. Segue de forma alienada as regras da fábrica onde trabalha: produz mais em menos tempo e ajuda os patrões a controlar seus colegas, sem qualquer bonificação para isso. Fica claro nessa situação inicial do filme que Lulu é um alienado em si mesmo e pode ser considerado uma máquina segundo Marx pois não possui domínio algum sobre seu trabalho, sobre sua vida pessoal e nem mesmo sobre sua energia física. Para Lulu seu trabalho e é apenas um meio de sobrevivência. Torna-se evidente sua alienação, ao seguir todos os “mandamentos” sem questionar de seus patrões, e quando apresenta problemas de relacionamento pessoal e sexual com a parceira com quem vive. A partir de sua “desalienaçao”, no decorrer do filme, Lulu passa a fazer coisas que não conseguia antes uma vez que estava mecanizado tanto no campo pessoal, como a volta de sua atividade sexual e a melhora no relacionamento com a mulher que vive quanto no campo de trabalho, ao passo que passa a lutar por coisas banais anteriormente para ele.

Mais Valia: No início do filme, Lulu é explorado, de modo que o salário recebido não condiz com o esforço do trabalho executado. Lulu é portanto, de acordo com a teoria marxista, vítima dessa mais valia. A extensa jornada de trabalho e a cobrança excessiva no início do filme são fatores de exploração que não valorizam o trabalhador e permitem um lucro cada vez maior para o patrão.

Luta de Classes: No decorrer do filme, após sofrer um acidente de trabalho e perder um dedo, Lulu revolta-se. A partir de tal momento passa a ouvir os movimentos estudantis e os pragmatismos dos extremistas, inclusive, de um ex-operário que residia em um manicômio. Lulu passa a politizar-se, de modo que consegue sair gradualmente de seu estado de alienação, tomando consciência da importância da luta de classes e do engajamento político dos trabalhadores. Em tal ponto, o filme dá destaque para a importância da solidez do movimento operário que, de acordo com o ideário marxista, é o fator essencial para a modificação, e até esgotamento do modo de produção capitalista instalado.