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Onde serão os pacientes?

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Por:   •  10/3/2014  •  Tese  •  915 Palavras (4 Páginas)  •  121 Visualizações

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Para onde irão os pacientes?

No final de 2012, o Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo (Sindhosp) fez um alerta público sobre fechamento de mais de 600 leitos psiquiátricos em território paulista, consequência da extinção de dois hospitais especializados na região de Sorocaba. A medida segue uma linha de raciocínio, uma ideologia, na qual os hospitais não são mais necessários à rede de atenção à saúde mental do País. Semanas após o alerta, outro baque veio à tona: as prefeituras de Sorocaba, Salto de Pirapora e Piedade assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Públicos Federal e o Estadual, comprometendo-se a transferir 2.700 pacientes, hoje internados, para comunidades terapêuticas e Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) num período máximo de três anos.

Enquanto isso, na capital, o governador Geraldo Alckmin anunciou, nos primeiros dias de 2013, que o poder público investirá na internação compulsória de viciados em crack. Segundo o governo, esses pacientes serão encaminhados ao Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), serviço inaugurado na região da Nova Luz justamente para tentar atender às necessidades daqueles que habitam as cracolândias da região central da cidade.

O problema das drogas, no entanto, não acaba nos limites da Grande São Paulo. Em especial o do crack, que ganha novos adeptos a cada ano e já constitui uma questão de saúde pública. Pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), amplamente divulgada em 2010, revelou que 98% de 3.950 cidades brasileiras já enfrentam problemas com o crack. O trabalho da CNM não se encerrou na pesquisa e ganhou continuidade com o lançamento de um Observatório do Crack, que revelou recentemente outro dado preocupante: 9% dos municípios paulistas registraram, em seus serviços de saúde, mais atendimentos relacionados ao crack do que ao álcool. Em 47% das cidades, o crack também já é o primeiro motivo de atendimento entre as drogas ilícitas.

Estima-se que no Brasil 2 milhões de pessoas sejam usuárias de crack. Esse número pode estar negligenciado, dizem especialistas. Além dessa grave epidemia, vivemos uma crescente demanda por atendimentos em saúde mental, que deve agravar-se até 2020, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A depressão, por exemplo, chegará a ocupar a segunda posição entre as doenças mais recorrentes no mundo. Hoje ela afeta 340 milhões de pessoas e é responsável por 900 mil suicídios/ano. Não à toa, uma das principais campanhas deflagradas pelo órgão em 2012 foi "Investir em Saúde Mental". Segundo a OMS, faltam recursos financeiros e profissionais capacitados, principalmente em países de baixa e média renda.

Caso do Brasil, que investe apenas 2% de seus recursos federais reservados à saúde para a assistência em saúde mental. Nosso país também ignora terminantemente as recomendações da OMS de se manter um leito psiquiátrico para cada mil habitantes. Em São Paulo, o maior polo de saúde do País, temos pouco mais de 13 mil leitos de internação para o tratamento de doentes mentais. Isso equivale a uma relação de 0,23 leito por mil habitantes. A média nacional é ainda pior: são 35 mil leitos, ou 0,18 para cada grupo de mil habitantes.

Os números preocupam porque revelam um cenário sucateado, cuja rede de atenção simplesmente inexiste. É a chamada desassistência, que deixa na mão aqueles que precisam de internação e também os que necessitam de acompanhamento psicológico e social para seguir o seu caminho. Afinal, os Centros de Atenção Psicossocial, propagados como serviço

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