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PRATICA DE ENFERMAGEM

Tese: PRATICA DE ENFERMAGEM. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  8/9/2014  •  Tese  •  510 Palavras (3 Páginas)  •  199 Visualizações

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Este agosto assinala o centenário de falecimento de uma mulher cuja

trajetória foi absolutamente fascinante. Estamos falando de Florence

Nightingale (1820 1910), a criadora da moderna enfermagem (por causa

dela este é também o Ano Internacional da Enfermagem, uma categoria que

merece entusiásticos aplausos), e cuja vida, como se costuma dizer,

daria um romance. Era de família próspera; os Nightingale viajavam

constantemente pela Europa, o que aliás explica o seu nome: nasceu em

Florença, a segunda das duas filhas do casal. Os pais eram pessoas

religiosas, gente tradicional: Florence estava destinada a receber uma

boa educação, a casar com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a

cuidar da casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se

conformaria a esse modelo. Era diferente; gostava de matemática, e era o

que queria estudar (os pais não deixaram). Aos 16 anos, algo aconteceu:

Deus falou-me escreveu depois e convocou-me para servi-lo. Um episódio

que poderia caracterizá-la como uma mística, mas, diz o historiador

Lytton Strachey, a moça estava longe de ser uma beata desligada da

realidade.

Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e

especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela época, os hospitais

curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco

de infecção) que os ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados

eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles, praticando

com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a

Europa, visitando hospitais. Coisa que os pais não viam com bons olhos:

enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria inferior, de vida

desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para

colocar em prática o que aprendera. Naquela época, Inglaterra e França

enfrentavam Rússia e Turquia na guerra da Crimeia. Sidney Herbert,

membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um

grupo de enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que

Florence entregou-se de corpo e alma: cuidava incansavelmente dos

pacientes, percorrendo enfermarias à noite; era a “dama da lâmpada”,

segundo a expressão do Times de Londres. Florence providenciava comida,

remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras.

Mais que isso, fez estudos estatísticos (sua vocação matemática enfim

triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava das

péssimas condições de saneamento. Seus méritos foram reconhecidos, e ela

recebeu uma importante condecoração da rainha Vitória.

Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais,

uma mulher feliz. Para começar, não havia, em sua vida, lugar para

ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão

Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe

aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca mais deixou o quarto. É

possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma

infecção crônica contraída durante a guerra; mas havia aí um óbvio

componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo – Florence

era Florence – mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente.

Colaborou com a comissão governamental sobre saúde dos militares, fundou

uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um livro sobre

esse treinamento.

Estranha, a Florence Nightingale? Talvez. Mas estranheza pode estar

associada a qualidades admiráveis. Grande e estranho é o mundo, é o

título de um livro do romancista Ciro Alegría; grandes, ainda que

estranhas, são muitas pessoas. E se elas têm grandeza, ao mundo pouco

deve importar que sejam estranhas.

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