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A Ci Ddpogh Shdusa

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Por:   •  2/4/2014  •  2.098 Palavras (9 Páginas)  •  670 Visualizações

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No seu processo histórico e evolutivo, o ser humano sempre questionou a sua própria existência (Roberts, 2001). Saber, por exemplo, qual é a sua natureza, sua origem, razão de ser, do que é feito, o que determina suas ações, qual é o seu papel no mundo, etc, são questionamentos que sempre estiveram presentes na história do pensamento de diversas culturas (Russell, 2001) e muitas são as explicações já apresentadas. Filósofos e, em especial, os estudiosos do comportamento (alguns prefeririam dizer da mente) apresentaram um interesse especial em saber o porquê fazemos o que fazemos. Conseqüentemente, diversos sistemas conceituais, sob variadas influências, foram desenvolvidos para explicar o fenômeno da ação humana. Muitos

destes sistemas vieram a compor o que no século XX ficou conhecido como as teorias da personalidade (Fadiman e Frager, 1986). Estes modelos teóricos preocuparam-se em descrever os elementos que constituem a personalidade e a maneira pela qual são adquiridos, mantidos ou modificados.

A palavra personalidade vem do latim personalis, o mesmo que pessoal, e é definida em dicionário como o “conjunto dos elementos psíquicos e comportamentais que constituem a singularidade de um sujeito”. O uso deste termo está inserido na linguagem cotidiana. Frases como “é da minha personalidade agir assim”, “não tem personalidade” ou “João tem uma personalidade forte” são freqüentemente proferidas. Muitas vezes o seu uso se refere a algo que está dentro da pessoa, que é inerente a ela e que determina o que irá fazer em uma situação específica. Essa noção, por sua vez, associa-se a adjetivos, referentes a entidades internas, que justificam alguns comportamentos, como nos seguintes exemplos: “Lucas nada fez porque é tímido” ou “Maria apresentou aquela atitude por ser egoísta e só pensar nela”.

Esta caracterização da personalidade ou do eu, presente no uso diário, comumente leva a uma série de questionamentos e dúvidas, fazendo com que as pessoas, às vezes angustiadas, procurem saber se existe um eu verdadeiro e, em caso afirmativo, como descobri-lo. Procuram saber também quando estão sendo "elas

mesmas", se é possível mudar o modo de agir sem mudar a personalidade e saber o que faz alguém ser do jeito que é. Há consenso sobre a complexidade do ser humano e de suas características variadas, no entanto, isto não esclarece muitas incertezas que o homem tem sobre si mesmo. Em decorrência, observa-se uma busca constante por autoconhecimento e um número cada vez maior de pessoas interessadas em serviços profissionais, em especial o psicológico, que possam auxiliá-las nesta tarefa.

Interpretações desta natureza foram criticadas pelo filósofo Gilbert Ryle (1949), que aponta para um erro lógico nas mesmas. Segundo Ryle, tímido e egoísta são apenas um rótulo para uma categoria de comportamentos apresentados em um dado contexto e não a causa destes. Esta análise também se aplica ao uso do termo personalidade como causador das ações humanas, já que o mesmo, igualmente, rotula classes de comportamento. Outros conceitos como índole, caráter ou natureza do indivíduo, características que compõem o ‘eu’, também serviriam como exemplo deste erro lógico.

Em Ciência e Comportamento Humano, Skinner (1953) considera o uso de termos como personalidade ou eu, inadequado para uma análise do comportamento e afirma que

O eu é mais comumente usado como uma causa hipotética de ação... sua função é atribuída a um agente originador dentro do organismo. Se não podemos mostrar o que é responsável pelo comportamento do homem dizemos que ele mesmo é responsável pelo comportamento... O organismo se comporta, enquanto o eu inicia ou dirige o comportamento. Além disso, mais do que um eu é necessário para explicar o

comportamento de um organismo... A personalidade, como o eu, é considerada responsável pelas características do comportamento. (p.271).

Segundo Skinner (1953), o melhor meio de nos desembaraçarmos de qualquer explicação fictícia é examinarmos os fatos sob os quais elas se baseiam. Neste sentido, o autor apresenta a seguinte análise,

parece que o eu é simplesmente um artifício para representar um sistema de respostas funcionalmente unificado... Um eu pode se referir a um modo de ação comum... Em uma mesma pele encontramos o homem de ação e o sonhador, o solitário e o de espírito social... Por outro lado uma personalidade pode se restringir a um tipo particular de ocasião – quando um sistema de respostas se organiza ao redor de um dado estímulo

discriminativo. Tipos de comportamento que são eficazes ao conseguir reforço em uma ocasião A, são mantidos juntos e distintos daqueles eficazes na ocasião B. Então a personalidade de alguém no seio dafamília pode ser bem diferente da personalidade na presença de amigos íntimos. (p. 273).

O autor (Skinner, 1953) aponta ainda que, sob diferentes circunstâncias, diferentes “personalidades” podem se manifestar, chamando atenção, mais uma vez, para a importância de buscarem-se as verdadeiras causas do comportamento atribuído à pessoa de “personalidade” agressiva ou tímida, recusando-se explicações fictícias em termos de personalidade como agente causador.

Sob circunstâncias apropriadas a alma tímida pode dar lugar ao homem agressivo. O herói pode lutar para esconder o covarde que habita a mesma pele... O crente piedoso dos domingos pode tornar-se um homem de negócios agressivo e inescrupuloso nas segundas-feiras. (p. 273).

De fato, muitos são os exemplos que ilustram os diversos padrões que a personalidade de alguém pode apresentar. Padrões variados de ação podem ocorrer antes e depois de uma refeição, na presença do chefe ou do subordinado, diante de alguém mais forte ou mais fraco, sob perspectivas de reforçadores ou não, sob efeito ou não de drogas, na intimidade afetiva ou numa reunião importante do trabalho, junto dos amigos ou de pessoas desconhecidas, estando na condição de professor ou na condição de aluno, conversando com alguém que saiba mais ou alguém que saiba menos, etc. O que ocorre é que as pessoas possuem sistemas de respostas apropriados a diferentes conjuntos de circunstâncias, em função das suas histórias particulares de aprendizagem. Uma situação conflitante surge quando o indivíduo se depara com dois desses conjuntos

ao mesmo tempo como, por exemplo, quando se encontra na presença do chefe e do subordinado ao mesmo tempo, quando recebe a visita da namorada no trabalho, ou na presença simultânea de alunos e professores.

As variáveis ambientais e históricas que controlam

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